Nada mal

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A inusitada conversa seguiu por mais alguns minutos até que minha mãe soltou um sonoro bocejo. Era a deixa de Baji.

- Acho que vou indo. Obrigada pela conversa e pelo chá. – Disse cordialmente

Minha mãe sorriu sonolenta enquanto Baji se encaminhava para a porta.

- Não vai levar ele lá embaixo, Ayane? – Disse, já se aconchegando no sofá.

Olhei incrédula para minha mãe e em seguida para Baji. De onde isso tava vindo?

Descemos as escadas em silêncio, talvez eufóricos demais para falar qualquer coisa. Quando ganhamos a calçada, senti Baji relaxar os ombros, passando as mãos entre os longos cabelos.

- Que noite... – Começou, passando o braço por cima dos meus ombros e me puxando para perto.

- É... quanta coisa... – Falei.

- Como sabia que Koji estava aqui? – Essa pergunta estava martelando na minha cabeça.

- Vi que você visualizou minha mensagem, mas não respondeu. Dois membros da Toman chegaram na sede dizendo ter visto Koji de moto perto da sua casa. Juntei os pontos. – Sua voz ainda continha raiva.

- Devo ter deixado o celular aberto. Ok, mas isso não explica como a minha mãe deixou você subir. – Falei, curiosíssima.

- Eu não sei. Eu só cheguei de moto. Acho que ela ouviu o barulho porque olhou pela janela desesperada e em seguida sinalizou para eu subir em silêncio. – Contou.

- Minha mãe está caducando. Uma hora diz uma coisa e na outra...

Baji começou a levantar sua moto. Ele havia estacionado com tanta pressa que a moto havia caído. Ele me deu um último abraço, beijando meus lábios demoradamente.

- Você arrebentou o cara. – Falou, passando a mão nos meus cabelos.

- E você botou ele pra correr. – Dei um soquinho em seu peito.

Baji subiu na moto e deu partida. Assisti ele sumir na rua rapidamente enquanto o som inconfundível da sua moto ia embora.

Minha mãe já estava dormindo quando voltei ao apartamento. Apenas desliguei a televisão que estava no mudo e fui para o meu quarto.

O cenário era desastroso. O vidro da luminária havia quebrado, então haviam cacos por toda parte. Sangue cobria boa parte do chão. Tudo parecia fora do lugar. Limpar aquilo seria cansativo e doloroso, mas era algo que eu precisava fazer.

Catei os cacos primeiro e organizei o que estava fora de lugar, deixando o sangue por último. Limpei o sangue com uma vassoura enrolada em um pano, mantendo a maior distância possível. Não que eu tivesse problema com sangue, mas sim com aquele sangue.

Me enfiei embaixo do chuveiro, queria tirar de mim qualquer vestígio do toque perverso de Koji. Ainda encontrava dificuldades de processar tudo que tinha acontecido naquela noite.

Deitei na minha cama exausta. Ainda bem que amanhã era domingo. Olhei para o lado e vi meu celular, a tela ainda desbloqueada. Lembrei da mensagem não lida de Baji e peguei o aparelho.

Mensagem apagada.

Mensagem apagada? O que será que ele teria enviado que depois se arrependeu? – Fiquei curiosa e um pouco preocupada. Apesar disso, em poucos instantes estava dormindo.

Acordei na manhã seguinte por volta das 9:00 h com o cheiro bom de torradas. Andei até a cozinha e encontrei minha mãe preparando um café da manhã caprichado.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora