Capitão

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Andei até a bancada do professor de cabeça baixa, os pensamentos longe. Fiz a demonstração perfeitamente, deixando o professor de Culinária muito contrariado.

Estava desamarrando o avental quando o sinal tocou. Novamente, Keisuke Baji foi o primeiro a levantar. Andou depressa por entre as bancadas e ao passar por mim nossos olhares se cruzaram rapidamente, e então ele saiu pela porta.

Suspirei baixo, jogando as espátulas na gaveta de qualquer jeito.

- Eu não faria isso se fosse você, Ay. – Yasu falou, enquanto enxugava as colheres.

- Não faria o quê? – Perguntei encarando seus olhos grandes.

- Você sabe... Keisuke Baji... ele é problema. – Yasu respondeu, desviando o olhar.

- Que tipo de probl... pera! Eu não estou fazendo nada! – Disse aumentando o tom de voz e lamentavelmente chamando atenção dos poucos alunos que ainda restavam na sala.

- Ay... estou te dizendo isso porque realmente gostei de você. Baji só tem espaço no coração para uma coisa: A Toman. – Yasu falou séria.

- Toman?

- Te explico mais tarde. – Encerrou Yasu, pegando sua mochila. – Vamos para a próxima aula? – Disse a menina, mudando completamente o tom de voz.

Keisuke não apareceu na aula seguinte e nem na próxima, me fazendo pensar o que tinha acontecido. Me esforcei para prestar atenção na matéria, eu não queria me ferrar nas provas que se aproximavam. A todo momento minha mente era invadida por lembranças daquele beijo, das suas mãos me apertando, do seu corpo me pressionando contra a parede, do seu cheiro hipnotizante.

O sinal anunciou o final da última aula e eu levantei em busca de Yasu. Queria respostas.

A menina estava no saguão de entrada, digitando algo em seu celular apressadamente. Sua expressão era de total preocupação, ela transpirava.

- Yasu? – Coloquei a mão sobre o ombro dela.

- Ay, agora não dá. – Yasu respondeu sem tirar os olhos do celular.

- Posso ajudar com alguma coisa? – Perguntei em tom amigável.

- Não, é coisa grande Ay. Meu namorado está em perigo. – Respondeu Yasu com lágrimas nos olhos.

Puxei Yasu pela mão para fora da escola até o outro lado da calçada, um ar faria bem naquela hora. A menina me olhou em silêncio, sua expressão era de desespero.

- Yasu, tem algo que a gente possa fazer? – Recomecei.

- Não... só esperar na sede. A primeira divisão já está cuidando disso. – Ela respondeu.

- Ok. Então vamos esperar. – Cruzei os braços.

- Ay, você iria comigo pra sede? Você tem sido uma boa amiga... – Yasu me olhou triste.

Escrevi e reescrevi a mensagem para a minha mãe no caminho para a sede. Tinha que ser convincente. Agora que eu já sabia quase toda a verdade sobre o que era aquela casa e quem eram aquelas pessoas, ficava cada vez mais difícil mentir. Por fim disse que iria estudar na casa da Yasu. Minha mãe insistiu em me buscar e eu a convenci a me deixar voltar de táxi dizendo que ela deveria descansar. Prometi não chegar tarde.

Ao chegar na sede o clima era completamente diferente daquele quando estive pela primeira vez. Havia apenas algumas pessoas, a maioria garotos, todos vestindo um uniforme preto com inscrições douradas. Tokyo Manji... Toman, tudo fazia sentido, era o nome da gangue.

Sentei com Yasu em um dos sofás no canto enquanto a menina ainda digitava algo no celular. Podia sentir a tensão no ar, as pessoas conversavam baixo, algumas tinham uma verdadeira expressão de raiva estampada.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora