Guerra

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Sentia meu coração ainda batendo forte enquanto o táxi se afastava do porto de Tóquio. Tentei compensar minha respiração enquanto procurava o celular na minha mochila.

- Yasu, você está na sede?

- Estou, por que? – Ela respondeu.

- Tô indo praí. – Digitei.

- Ay, não acho que seja um bom momento. A Toman está reunida agora, vão sair para encontrar a Valhalla em alguns minutos.

Meu coração apertou. Pedi ao motorista que fosse mais rápido. Eu precisava chegar a tempo e contar para eles que a Valhalla agora tinha reforços de Osaka. Precisava contar ao Baji sobre o Koji.

No caminho, minhas memórias me atingiram como uma onda e eu fui inundada de pavor. Koji havia sido uma experiência horrível e um dos principais motivos pelos quais minha mãe decidiu se mudar para Tóquio. Ele havia me perseguido em todos os lugares, até que um dia invadiu a minha casa, encontrando a minha mãe sozinha e ameaçando-a. Mesmo tendo sido um episódio muito traumático para nós duas, falamos pouco sobre isso.

Cheguei à frente da sede e desci do táxi correndo. Bati na porta com força e em alguns instantes a porta se abriu, revelando Yasu e Kazutora, que ainda não se recuperara totalmente dos seus ferimentos. Sem cumprimenta-los, entrei no salão e para o meu desespero não havia quase ninguém.

- Eles já foram, Ay. – Disse Yasu em tom preocupado.

- Yasu, eu... Baji, onde ele está? – Perguntei, me atropelando nas palavras.

A menina apenas ergueu as sobrancelhas, como se a resposta fosse óbvia. Baji estava onde deveria estar, liderando a primeira divisão da Toman.

- Aonde eles foram? Me dá o endereço. – Pedi à menina.

Kazutora balançou a cabeça negativamente.

- Negativo. Sem distrações nas guerras da Toman. – Disse o menino.

- Yasu... – Olhei para a menina quase implorando.

- Desculpa, Ay. Não quero te colocar em perigo, olha para você. – Respondeu olhando para o meu hematoma.

Senti que não adiantava argumentar. Tampouco seria útil contar tudo que eu sabia apenas àqueles dois ali. Decidi sair dali para tomar um ar e tentar pensar melhor.

Sentei na frente da casa. Olhei para o relógio e já eram 19:05, minha mãe estaria chegando em casa a qualquer instante. Andei até o ponto de ônibus, ainda sem qualquer plano ou ideia. Pensava nele a todo instante, imaginando se estaria em perigo naquele momento. Peguei um ônibus para casa, desesperançosa.

Cheguei em casa e vi a Suzuki estacionada na calçada. Suspirei alto prevendo a turbulência que se aproximava.

Entrei no apartamento e minha mãe estava no banho. Andei rápido para o meu quarto e olhei bem meu rosto no espelho. O hematoma ainda estava lá, roxo vivo.

Sentei no sofá e fiquei esperando minha mãe sair do banho, decidida a escarar o problema de frente. Abri um pacote de jujubas de cereja, não por fome, mas por nervoso.

Minha mãe saiu do banho cantarolando alguma música antiga. De longe me cumprimentou.

- Oi filha. Atrasou o ônibus hoje?

- Mais ou menos, mãe. – Respondi.

Ela terminou de enxugar os cabelos e veio andando em minha direção.

- Ay! O que é isso? – Exclamou ao olhar meu rosto.

- Mãe, senta aqui. – Disse, engolindo seco.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora