Ataque

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Ficamos deitados por mais alguns instantes, olhando para o teto e curtindo aquela sensação boa. Tentando não me mexer muito para não incomodá-lo, alcancei meu celular na bolsa para verificar que horas era.

- Preciso ir agora... – Vi que já se aproximava a hora que havia combinado com minha mãe.

- Mesmo? – Ele tinha um tom triste.

- Mesmo. – Lamentei também.

Nos vestimos desanimados e saímos em direção à porta da frente. Antes de sairmos, Baji parou para colocar comida para Haruki.

- Ei Haruki, gostou da minha namorada? – Perguntou para o gato, como se ele fosse responder.

O gato soltou um miado longo, ignorando o pote de comida e andando em minha direção, esfregando-se entre as minhas pernas. Eu fiquei automaticamente em choque.

- É, parece que sim. – Falou Baji, com muita naturalidade.

- O gato... o gato te entende? – Perguntei, ainda confusa. Seria coincidência?

- Claro! Gatos são muito inteligentes. – Respondeu, dando de ombros.

Deixamos a casa de mãos dadas, já estava escurecendo. O céu assumia um tom violáceo e a temperatura caía a cada segundo, me fazendo apertar os braços de frio. Paramos em frente à sua moto e de repente um carro preto se aproximou, estacionando poucos metros à frente. Uma mulher alta de cabelos curtos pretos saiu, carregando algumas sacolas.

- Oi filho... e...? – A mulher me encarou com uma expressão difícil de decifrar.

- Oi mãe, essa é a Ayane, minha namorada. – Falou decididamente.

Congelei (ainda mais) com aquele diálogo. Estava diante da mãe de Keisuke, minha sogra, sem qualquer preparo, com os cabelos bagunçados e a cara de quem acabara de transar com seu filho na sua casa oportunamente na sua ausência.

- Boa noite, Sra... – Tive dúvidas se deveria chama-la de Sra. Baji, resolvi não arriscar.

- Saito. Masumi Saito. Boa noite, Ayane. – Suspirei aliviada ao ver que não tinha falado besteira. A mulher usava o sobrenome de solteira.

- Vão entrar? – Perguntou a mulher, com um sorriso gentil.

- Não mãe, Ayane precisa ir para casa. – Keisuke respondeu, manobrando a moto.

- Ok, venha tomar um chá qualquer hora dessas. – Se dirigiu a mim.

- Claro, obrigada pelo convite. – Respondi educadamente, um pouco nervosa.

A mulher então entrou em casa, acenando antes de fechar a porta. Não pude segurar as perguntas.

- Ela é sempre assim amigável? – Perguntei enquanto subia na moto.

- Acho que ela gostou de você, igual o Haruki. – Respondeu.

- Por que acha isso? – Levantei uma sobrancelha.

- A última menina que eu apresentei, ela sequer cumprimentou. E não era nem minha namorada. – Respondeu, dando partida na moto.

Seguimos em direção à minha casa. A cada vez que parávamos em um sinal ou cruzamento, Keisuke se virava para me dar um beijo rápido ou apenas para me olhar, passando a mão levemente pelo meu rosto.

Chegamos em casa 10 minutos antes do combinado. Ao ouvir o barulho da moto minha mãe apareceu na janela. Ela sorria.

- Ei, oi Baji! – Acenou para o garoto. Eu ainda não conseguia me acostumar com aquilo, mas definitivamente estava feliz.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora