Heroína

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- Quero, de verdade. – Respondi sem demora.

Ele aproximou o rosto do meu, deixando nossos narizes a milímetros. Nossas respirações estavam no mesmo ritmo.

- Vai saber em breve. – Respondeu rindo.

- Ah Keisuke! Não vale! – Fechei a cara.

Ele riu e me puxou para um abraço mais apertado, colando nossos corpos. Sentia seu coração bater acelerado contra o meu peito. Ele aconchegou sua cabeça no meu colo e aos poucos, senti sua respiração ficando mais lenta e pesada. Apoiei minha cabeça sobre a sua, antes sentindo o seu cheiro, aquele perfume inebriante que não o deixava, não importava a situação, e deixei o sono vir.

...

Acordei com a claridade da manhã. Meu corpo inteiro doía devido aos traumas do dia anterior e minha cabeça estava meio embaralhada. Vi Keisuke na minha frente, ainda adormecido aparentemente. Esfreguei os olhos para enxergar melhor e então pude ver que ele já estava acordado, e me encarava com um sorriso.

- Já acordado? – Perguntei sonolenta.

- Não foi tão fácil assim dormir do seu lado. Você é uma distração. – Ele respondeu ajeitando os cabelos rebeldes.

Sentei na cama um pouco envergonhada. Ainda era difícil para mim processar que ele, Keisuke Baji, estava de fato apaixonado por mim. Ele parecia tão maravilhoso o tempo todo e eu, bem... eu era só eu mesma.

- Café da manhã? – Perguntei.

- Tô dentro. – Ele respondeu sentando na cama com alguma dificuldade. Seu rosto estava bem melhor, mas ainda era possível ver as marcas da luta.

Andamos até a cozinha sem fazer muito barulho, na expectativa de não acordar a minha mãe. Quando chegamos ao cômodo, entretanto, lá estava ela, sentada lendo o seu romance enquanto tomava uma caneca de chá verde.

- Bom dia mãe.

- Bom dia, Sra. Matsui.

- Bom dia. – Ela respondeu sem tirar os olhos do livro.

Preparamos um pão com geléia rapidamente e nos servimos de um café que já estava pronto na garrafa térmica e nos sentamos, prontos para a batalha.

- Pode começar, Ayane. – Ela fechou o livro em um movimento rápido, suspirando em seguida.

- Ok... bom... A gangue de Keisuke foi atacada e alguns membros foram sequestrados. Keisuke foi resgatá-los e eu fui atrás dele. Eles estavam em maior número e fizeram isso com ele. Eu também não saí ilesa. No fim, conseguimos derrota-los e voltamos para casa.

- Ayane, essa história está muito mal contada. Muito mesmo. Quer tentar de novo? – Minha mãe disse séria.

- É isso. Nós...

- Ayane me salvou Sra. Matsui. Essa é a verdade. Se não fosse ela, Koji teria conseguido... – Baji começou.

- Koji?! Como assim Koji? – Minha mãe arregalou os olhos. – Não me digam que isso é coisa dele? Ele não tinha voltado para Osaka?

- Voltou. Mas está articulando suas crueldades de lá. – Respondi com ódio na voz.

- Se a Ay te defendeu, quem defendeu ela? – Perguntou minha mãe, talvez incrédula que eu pudesse ter defendido alguém.

- No final eu fui salva pela gangue, a Toman. Eles chegaram na hora certa. – Respondi honestamente.

Minha mãe tomou um longo gole de chá, alternando o olhar entre mim e Keisuke rapidamente. Seus olhos mostravam uma certa confusão.

Cabelos Negros - Keisuke Baji x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora