Capítulo 26 - Jack Sinclair

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            Quando soube da existência da Emily eu fiquei muito assustado. Primeiro, eu não estava preparado para ser pai e segundo, eu não pensava em casamento, muito menos Sandra. Ela tinha me ligado falando que estava grávida e que queria abortar. Em hipótese nenhuma a deixei fazer isso.

            Preocupado, fui buscar ajuda pro meu pai e bom... Ele explodiu toda sua fúria em mim, disse que ele cuidaria de tudo se eu cuidasse da mídia. Ele não queria uma bastarda como sua neta e eu muito menos queria ser um pai.

            Quase não falava com Sandra sobre essa criança, estava muito focado nos problemas da minha empresa e não podia desperdiçar tempo. Um dia meu pai me liga dizendo que ela tinha morrido no parto. Fiquei angustiado naquele dia. Ele não me deixou vê-la, pois não queria que eu criasse vinculo com ela. Ele cuidou de tudo.

            Logo após a morte do meu pai descubro a localização dela, mas eu tinha Ane agora. Como eu ia explicar isso pra ela?

            Um belo dia ela me entrega aquela carta e meus dois mundos se chocam, o passado e o presente. Ela estava decidida a ficar com a criança. Mas e quando tudo isso acabar? Quem irá sofrer mais? Ainda tenho em mente aquele contrato, mas agora tenho minhas prioridades, minha esposa e minha filha.

            Quando vejo Emily pela primeira vez foi como ver uma versão minha feminina e mais jovem. Ela era muito igual. Fiquei tão assustado que Ane teve que falar com ela. Quando passa esse choque, fui conversar com ela. Tão frágil ali, pequenina e vulnerável.

            Penso no quanto fui idiota de ter a abandonado. Será que vou ser um bom pai? Com a educação que tive baseada em castigos rigorosos e punições... Eu não sei. Ane com certeza vai ser uma ótima mãe. Perfeita. Acho que seu instinto materno está gritando ali no seu peito e pedindo pra cuidar dessa frágil criatura.

            E é claro, quem não gostaria de ser cuidada pela Ane? Até eu gosto. Na verdade Emily se conectou com ela de uma forma totalmente inexplicável. É como se fossem mãe e filha de verdade. Eu juro que tento, me esforço para poder acompanhar esse tipo de sentimento. E estou tendo sim. É como passar a amar algo novo que não esteja ali no seu vinculo, mesmo sabendo, lá no fundo, que ela sempre existiu e nunca trouxe ela pra minha vida.

            Eu, mesmo convivendo a quase dois dias com ela, já posso dizer que morreria por ela. Faria qualquer coisa pra vê-la feliz, assim como fiz com Ane, que é uma pessoa... Não sei descrevê-la como não sendo um anjo que veio me salvar. Me tirar desses problemas para me levar a um lugar desconhecido, regado de amor e respeito por todos, onde o dinheiro não vale nada, onde a felicidade é que importa.

            Ver a preocupação que Ane tem para com a Emily é impressionante. Como a noite da chuva. Ela percebeu que ela não estava bem de longe. Só uma verdadeira mãe consegue isso. Esse pressentimento de que sua cria está em perigo. De sentir que algo não está certo.  

            Quando a vejo carregando Emily nos braços e que ela estava chorando, foi como se algo clicasse em mim e começasse a entrar em colapso. Meus instintos protetores para com ela estavam a mil.

            Agora percebo o que a Ane sente em relação a ela. É algo extremamente mágico, mas ao mesmo tempo me dá medo, essa sensação.

            Emily não falar foi outro baque também, Ane está tentando conquistá-la para fazer falar. É muita novidade também, saber que agora possui um pai e uma mãe, e ter crescido longe deles é um absurdo.

            Não lembro de minha mãe, ela morreu quando eu tinha três anos. Dois anos a menos que Emily. Ela morreu de desgosto para com meu pai, pelo jeito que ele a tratava, sempre com suas regras e... Espera, foi o que eu fiz com Ane... Estou me tornando meu pai?

            Essa pergunta me choca. E fico refletindo... Será que sou um bom marido? E pai?

 

<3

Longe da li

 

            - COMO ASSIM ELA ESTÁ COM ELES? ISSO ERA PRA ACABAR COM ESSE CASAMENTO DE CONVENIENCIA DELES. – grito a plenos pulmões com meu celular.

            - Também pensei que daria certo, até escrevi aquela carta pra vó dela.

            - Isso não está acontecendo... Era pra terminar assim que ela ficasse sabendo! Você não escutou nada da conversa deles?

            - Quase nada. Eles falavam baixinho então não deu pra ouvir...

            - Quase já é alguma coisa. O que escutou?

            - Er... Bom...

            - Só pode estar de brincadeira. – ando de um lado para o outro. – Desconfiam de você?

            - Acho que não...

            - ACHA?!

            - Não! Eles não desconfiam de mim.

            - Ótimo. Vamos bolar um plano. Duas cabeças pensando é melhor que uma...

            

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