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    O relacionamento entre os dois permaneceu tenso após esse evento. Ambos possuíam amor incondicional um pelo outro, mas graças às restrições cada vez mais severas do sr. Andrade, o romance teve que ser expresso de forma epistolar. Não puderam mais falar por telefone. A única forma que usavam para conversar fora de casa era através de cartas, mas logo até elas passaram a ser interceptadas pelo severo sr. Andrade, que permaneceu absolutamente perplexo em frente aos caracteres desconhecidos das cartas — Oscar, por precaução, ensinou grego antigo a Eduardo. Não havia possibilidade de um homem iletrado como aquele entender sequer qual a língua descrita, para talvez conseguir traduzi-la. E não o fez. Mas obviamente bloqueou o contato por cartas. Sendo assim, só puderam conversar uma vez por dia, num curto período de tempo, durante o intervalo da escola.
    Os dois se amavam, e já haviam confessado isso diversas vezes em suas meigas cartas. Não seriam impedidos de conversar por nada, mesmo que lhes custasse tudo. Estavam praticamente destinados a estarem juntos, e precisavam se unir o quanto antes. Infelizmente, precisariam usufruir daquele curto e mísero período de tempo pelo resto do ano. E assim o fizeram.
    Se aconchegaram um no outro durante os próximos dias, semanas, meses. Todos os dias, compareciam naquele mesmo degrau, entregavam as mãos um para o outro e se acolhiam nos seus colos. Frequentemente, Eduardo cantava uma canção apaixonada para o amante — fosse ela qual fosse. E frequentemente, Oscar declamava um poema apaixonado — fosse ele qual fosse. Podiam ficar horas ali, mas o tempo infelizmente era desfavorável. E assim desabrochou uma conexão desconcertante e, talvez, perceptível à distância. Os dois eram muito cautelosos para que ninguém descobrisse o temível caso romântico que mantinham, mas qualquer um que observasse com calma revelaria. Felizmente, ninguém se importava com eles, com exceção dos familiares próximos.

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