10/02/2023

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    Oscar foi jantar sem apetite, como sempre. Com a infame separação, só se manteve vivo por insistência do irmão — garoto diminuto e frágil, recém havia completado os treze aninhos. E era com ele que os desabafos taciturnos se estendiam por longas horas. E era ele quem lhe abraçava e consolava. Ele e sua mãe, a quem havia se assumido em janeiro.
    Neste dia em específico, ela estava desconfortável. Mal quis comer. O pai percebeu o mal-humor, logo perguntando. Ela não respondeu até que ele estivesse quase terminando a refeição. Nesse momento, respirou fundo e levantou-se.
    — Carlos, eu quero me divorciar — Todos ficaram surpresos e pararam de comer. Oscar segurou fortemente a mão do irmão, com medo de que o pai tivesse uma reação violenta.
    — E precisa falar isso na frente das crianças? — disse Carlos, claramente nervoso, mas tentando manter uma imagem séria e impenetrável.
    — Preciso, porque eles sabem muito bem porque eu quero me divorciar. Eu venho planejando te falar isso desde dezembro. Eu preparei todos os papéis. 
    — Certo, eu não me importo — E continuou a comer. — Só não quero perder a guarda dos meus filhos.
    Ela o mirou com seus olhos raivosos.

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