( Thirasak )
Onde é que estás, Nong Kiet? Já se passaram cinco horas. Também não estás no nosso apartamento. Não entraste na van que te mandei à hora combinada. Não atendeste a minha chamada e, ainda por cima, desligaste o telemóvel. Confirmei que saíste da fábrica meia hora antes do previsto. Por que é que não esperaste? Terás ido para Chiang Mai? Droga! Não posso ligar para a Pa'kaew sem dar tempo para chegares até lá. Se o fizer, ela com certeza vai surtar.
Senti a frustração a aumentar e comecei a dar murros na parede, tentando, de alguma forma, descarregar a minha ansiedade. Só parei quando o meu telemóvel começou a tocar. Era da fábrica. Atendi imediatamente, na esperança de receber boas notícias.
— khrap? — a minha voz estava carregada de tensão.
Do outro lado, uma voz grave e aflita respondeu:
— Jovem Niran, tenho algo muito grave e delicado para lhe contar.
Não foi preciso identificar-se; só havia uma pessoa na fábrica que me tratava por Niran.
— Khun Anang, por favor, diga-me o que se passa — pedi, com receio do pior. — É sobre o Nong Kiet?
— Sim, senhor — confirmou Khun Anang, com dificuldade.
Sentei-me na beira da cama, sentindo o peso da preocupação a aumentar.
— Jovem, tenha calma. Vou-lhe contar tudo o que se passou — disse Khun Anang, tentando ganhar algum tempo.
Depois de um profundo suspiro, ele continuou:
— Diga. Conte-me tudo — pedi, fechando os olhos com força para tentar acalmar o turbilhão que sentia dentro de mim.
— Fui despedido, como já deve saber. No dia do acidente, com a preocupação pelo estado do jovem, fui para casa sem o bentō que a minha falecida esposa me tinha oferecido. Há três horas, vim à fábrica para reavê-lo. Pedi ao vigilante para me deixar ir buscá-lo. Ele permitiu-me a entrada com a condição de me despachar.
Ouvi atentamente, tentando manter a calma.
— Segui para o quartinho onde almoçava, aqui no escritório. Não precisei de acender as luzes principais, as luzes de emergência eram suficientes. Eu conheço todos os caminhos e obstáculos como a palma da minha mão — continuou Khun Anang, com alguma apreensão.
— Conte, não tenha medo — tentei tranquilizá-lo, forçando um tom de calma que não sentia.
— Quando ia pegar no bentō, as luzes principais começaram a acender. Só podia ser o jovem ou Khun Paramita — disse Khun Anang, a voz tremendo.
O meu coração acelerou ao ouvir o nome de Khun Paramita. A tensão era palpável.
— Continue — pedi, com a voz mais firme.
— Apercebi-me que não era o jovem, pois comecei a ouvir o ruído de saltos altos a aproximarem-se. Não dei sinal de que estava ali. Tinha medo que, se me descobrissem, fossem descontar a raiva no vigilante. Escondi-me no quartinho, mas consegui ver pela fenda da porta. Khun Paramita sentou-se à frente do computador. Tirou o telemóvel da bolsa e fez uma chamada. Quando atenderam, ela ordenou que passassem o telemóvel para alguém e que ligassem a câmara. Colocou o telemóvel apoiado no monitor e eu vi o jovem... eu vi o Nong Kiet muito assustado, com um homem de cada lado e parecia-me que havia outro atrás — relatou Khun Anang, claramente angustiado.
— KHUN PARAMITA! — exclamei, com raiva.
— Jovem, ela disse que o tinha avisado para se afastar de si e, como não o fez, iria desfazer-se dele como fez com a sua mãe, Khun Wanida. Depois desligou a chamada — contou Khun Anang, com desespero na voz.
Uma onda de cólera invadiu-me. A ideia de que Khun Paramita pudesse fazer algum mal a Nong Kiet fez-me perder a razão.
— KHUN PARAMIIITTTAAA!!! — gritei, num acesso de fúria.
Desliguei a chamada sem pensar duas vezes. Estava determinado a acabar com ela se ela fizesse alguma atrocidade com Nong Kiet.
Saí às pressas, levando apenas a chave do carro e o telemóvel. Arranquei com o carro a alta velocidade em direção à casa grande, ignorando sinais vermelhos e limites de velocidade. O pensamento de que pudesse chegar tarde demais aterrorizava-me.
De repente, o telemóvel começou a tocar. Era uma chamada de um número desconhecido. Naquele momento, a minha mente estava a mil. Seria alguém a informar que encontraram o corpo de Nong Kiet? A ansiedade tomou conta de mim.
Parei o carro abruptamente, com o coração a bater descontrolado. Atendi a chamada sem conseguir pronunciar uma palavra. Do outro lado, uma voz:
— Khun Thirasak?
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Thirasak & Kiet - O Reverso Do Ódio
RomantizmQuando Thirasak, um poderoso executivo da indústria automóvel na Tailândia, reencontra Kiet, o jovem que ele amou e odiou desde a infância, antigos sentimentos vêm à superfície. Anos antes, Thirasak, então conhecido como Niran, viu a sua vida desmor...