Sete Dias Em Que Eu Fingi Gostar de Você. (Concluído)

Capítulo 1

Domingo, 1 de Agosto.

O vento assobiava lá fora. A janela estava fechada, mas parecia que o som piorava cada vez mais.

Diego respirou fundo.

— Isso aqui nunca fez tanto barulho antes — disse ele, encarando como se fosse resolver alguma coisa.

Seu melhor amigo, Davi, estava sentado no chão, encostado na parede da janela. Ele olhava para o nada, apoiando suas mãos quentes em seus joelhos, apontando com os dedos para algum lugar.

Davi não era quieto e calado sempre. Por todos seus dezesseis anos de vida, foi do tipo que fala mais vezes que o normal, que todo mundo gosta de ouvir e de estar perto, que sabe tornar tudo engraçado. Mas na manhã de hoje tinha poucas palavras, e passou a maior parte do tempo encarando as paredes.

— Sempre foi assim — ele olhou para cima, fazendo os cabelos loiros caírem em seus olhos castanhos. — Era para eu ter cortado o cabelo antes da mudança.

O cabelo de Davi já estava tocando no finalzinho da sua orelha. Ele disse que iria cortar anteontem, disse na semana passada, na retrasada, e nunca cortou.

A palavra mudança fazia a cabeça de Diego doer. Ele piscou força e encarou seu amigo, dando de ombros e fingindo não estar um pouco desconfortável.

— Ainda não nos mudamos, tecnicamente.

Ele tentou soar o menos esquisito possível, mas Davi pareceu não ligar. Ele ainda não olhava para Diego, e continuava apontando para o nada.

— Vamos estar na Dinamarca daqui a algumas horas. Dá no mesmo.

Eles suspiram ao mesmo tempo, e agora Diego também encarava o vento.

Meses atrás, quando terminaram as matrículas no internato mais conhecido da Dinamarca, famoso por ter inúmeras celebridades como alunos, haviam ficado tão animados que o desânimo de hoje parecia não ser real. O tempo que gastaram contando os dias para a mudança parecia ter simplesmente evaporado.

— Mas vai ser legal — Diego disse, falhando em sua tentativa de fingir que não estava tentando convencer a si mesmo.

Davi não o olhou.

— É literalmente a melhor escola do mundo. Não tem como ser chato — completou.

— E não estamos indo porque fomos obrigados. Estamos indo porque queremos — absolutamente do nada, Davi começou a rir. Ele parecia ter tomado um choque de felicidade, se levantando do chão e começando a andar pelo quarto praticamente vazio. Na verdade, devia estar louco. — Isso é muito estranho, cara.

Realmente, era estranho.

Estavam saindo de Nova Iorque, onde moraram por anos, para irem morar na Dinamarca, longe dos seus pais e de todos que conhecem.

Antes, a ideia parecia soar de um jeito maravilhoso. Queriam estar longe de casa, deixar suas vidas cheias demais para adolescentes de dezesseis anos para trás, finalmente podendo respirar um pouco em paz.

Não é como se não gostassem de ser famosos desde que nasceram, mas cansavam às vezes. Seria legal deixar a vida de modelos serem apenas eles: Diego Salles e Davi Miller, filhos de Milena e Eduardo Salles e Elizabeth e Malcon Miller, que além de pais, também são atores mundialmente famosos desde que se conheceram e viraram amigos, em 1998.

— Isso é loucura, Davi — de repente, Diego afundou o seu rosto no travesseiro, igual como fazia quando era criança.

Agora Davi estava encostado na janela, com algo novo para encarar. Ele assistia seu último pôr do sol em Nova Iorque com um olhar distante, mas prestava atenção em absolutamente tudo. Quando virou para poder responder Diego, foi interrompido antes mesmo de dizer a primeira palavra que planejou. Santiago havia aberto a porta com força, acompanhado das malas que carregava como se fossem leves penas.