Capítulo 43

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Quatro horas depois que saíram de Nevada, finalmente chegaram a Santa Mônica. O caminho foi tranquilo. O carro estava em silêncio, compensando o barulho que fazia na mente de Diego. Ele não conseguia parar de pensar em como seria quando visse Camille, e todos os cenários pareciam extremamente vergonhosos.

Enquanto sua mãe tirava as malas do porta malas, Diego continuou sentado, encarando a casa de Davi como se fosse um cenário de filme de terror.

— Sei que você conseguiu evitar ela no internato — disse Milena, abrindo a porta do carro para Diego poder sair. — Mas não vai conseguir fazer isso para sempre. Você iria ver ela aqui ou qualquer dia na escola, Diego.

Ele respirou fundo. Sabe que sua mãe está certa, mas é difícil aceitar. Desde que as aulas voltaram, ele só a viu na primeira semana, quando ela estava entrando no dormitório. Ela não o viu nesse dia, e foi melhor assim.

— Eu sei — ele soltou um suspiro, tirando seu cinto e finalmente saindo do carro, indo em direção a enorme casa de três andares em sua frente.

Praticamente todas as luzes estavam acesas. Diego encarou uma varanda no segundo andar, a única que não tinha nenhuma luz ligada. Ali era o seu quarto. O quarto que sempre fica quando vem para Santa Mônica.

A praia fica exatamente atrás da casa, e ele conseguia ver e sentir o cheiro do mar. Essa é a praia que ele costumava fugir no meio da noite, e voltava sempre antes de alguém perceber.

Sem dúvidas, esse era um dos seus lugares favoritos em todo o mundo.

— Finalmente! — Davi finalmente abriu a porta. Ele estava sorrindo, e parecia estar esperando por eles a um tempo.

Todos os cachorros dele foram correndo até a porta, saindo para receberem Diego e Milena.

Mitch, o Golden Retriever, foi o primeiro a subir em Diego. Ele sempre foi o seu favorito, e também era o que mais gostava dele.

— Oi, Mitch — ele afaga sua cabeça, fazendo carinho. — Quanto tempo!

Mitch estava balançando o rabo enquanto pulava e rodava em círculos.
Diego fez mais um pouco de carinho, recebendo uma lambida em troca.

Enquanto isso, os outros cachorros, Lulu e Leo, brincavam com Milena, pulando nela como se estivessem desesperados.

Depois de Milena finalmente conseguir deixar os cachorros para trás, eles entraram em casa. Mitch ainda estava atrás de Diego, o seguindo e pulando nele sempre que podia.

— Mitch, me deixa andar — ele ri um pouco, se abaixando para acariciar Mitch.

Diego estava tão concentrado no cachorro que esqueceu totalmente que haviam mais pessoas na sala de estar.
Ele sempre fica disperso quando está brincando com algum animal, e ter Mitch pulando e andando em sua volta o fez esquecer o nervosismo que estava sentindo há um minuto.

O nervosismo voltou assim que ele olhou para o sofá da sala, parando seus olhos na garota loira sentada no sofá.
Ele soltou as patinhas de Mitch e o ignorou por um tempo, mesmo que ele ainda estivesse pulando nele e implorando por sua atenção.

Em sua cabeça, tudo estava em silêncio. Ele não conseguiu escutar mais nada quando os olhos azuis de Camille focaram nos dele pela primeira vez em meses.

Diego estava em choque. Era como se todos os anos que passou aprendendo a falar tivessem sido em vão, porque ele não consegue ao menos balbuciar.

— É... — Diego se esforça para falar. Queria dizer um "oi", mas ainda não conseguia formular alguma coisa.

Ele sentiu um chute de Davi em sua canela, e agradeceu mentalmente por isso. Agora ele estava no mundo real novamente.

— Oi — ele murmura. Sua voz estava tão baixa, que não sabe se Camille escutou.

— Oi — ela responde tão baixo quanto ele.

Ele continua hipnotizado enquanto a olha. Em sua cabeça, estava assim por horas, mas, na verdade, não fazem nem dois minutos.

Camille estava diferente, e foi isso que fez o coração de Diego bater mil vezes mais rápido.

Seu cabelo estava um pouco mais curto. Ele tinha o mesmo tamanho que o de Sofia, que batia um pouquinho abaixo do ombro. Diego nunca imaginou que isso era possível, mas Camille conseguiu ficar mais linda do que já era.

— Você cortou o cabelo — ele deixa um sorriso escapar, mas o desfaz quando percebe.

Suas mãos estavam suando, e seu coração batia tão rápido, que se perguntou se não precisava de um médico.

Sua cabeça estava girando, e agora ele percebeu o poder que Camille tem sobre ele.

— Ah... é — dessa vez, um sorriso surge nos lábios dela. Ela tenta esconder, mas não consegue.

O sorriso de Diego voltou na mesma hora. Agora os dois estavam sorrindo, e era difícil parar.

Um arrepio tomou todo seu corpo, roubando as palavras mais uma vez. Ele se esforçou para pensar em algo e quebrar todo esse clima estranho, mas as únicas coisas que vinham em sua mente eram em francês. Talvez as aulas que teve com sua mãe fizeram algum efeito.

— Diego? — de repente, a voz de Sofia ecoa pela sala, o fazendo parar de olhar para Camille.

Ela estava descendo as escadas, segurando o celular na mão.

— Meu Deus, parece que não te vejo há um ano! — Sofia abriu um sorriso, o puxando para um abraço.

Mesmo ainda estando na mesma escola, Sofia também tinha mudado de sala, e ele não esbarrou com ela nenhuma vez no ano. Eles conversavam por mensagem quando conseguiam, mas não era sempre.

— Como você está? — ela perguntou, se desvencilhando do abraço, ainda sorrindo.

Diego também estava com um sorriso no rosto e estava feliz por ver Sofia, mas sua mente ainda estava em Camille, e isso estava o fazendo surtar.

— Je vais bien — ele responde sem querer. Não imaginou que o francês fosse sair de seus pensamentos.

Sua mãe soltou uma risada nervosa e o puxou pelo braço na mesma hora, avisando que iriam levar as malas para os quartos.

Mentalmente, ele agradeceu por isso. Provavelmente a situação iria ficar mais desconfortável e estranha do que já estava a qualquer minuto.

Assim que eles subiram as escadas, saindo da sala, Diego soltou todo o ar que estava prendendo. Ele estava se apoiando na parede, trazendo todos seus pensamentos para o lugar.

Ele recapitula seja lá o que tenha feito no andar de baixo, mas decide nunca mais pensar nisso assim que lembra do francês.

Sete Dias Em Que Eu Fingi Gostar de Você. (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora