De manhã cedo, sentiu algumas gotas de chuva caindo nele. Sua janela estava aberta, encharcando sua cama e seu corpo.
O dia nublado e chuvoso tornou tudo mais difícil. Acordar às cinco da manhã e levantar da cama foi como ser torturado. Diferente dele, Davi apenas ignorou o primeiro horário de aula do dia e continuou deitado, chegando na sala apenas às sete e cinquenta da manhã, invadindo a aula de matemática.
As fórmulas que o professor escrevia no quadro eram tão grandes que Davi se arrependeu de ter saído do conforto de seu dormitório. A chuva ainda caía lá foro, deixando o clima pior. A sala inteira estava com um olhar de sono, com todos deitados na mesa ou se apoiando na parede.
Diego estava cansado de fórmulas, chuva e sono. Ele tentou prestar atenção, mas era impossível. Seu pensamento estava em Camille, que fez seu primeiro teste da semana hoje. Eles conseguiram estudar um pouco para história ainda em Santa Mônica, mas talvez não tivesse sido o necessário. Após meses, Diego mandou uma mensagem para ela pela primeira vez, desejando boa sorte na avaliação.
O chat dos dois estava parado, com a última mensagem datada em junho, horas antes deles terminarem. Depois disso, existia apenas uma mensagem desejando uma boa prova, enviada hoje às seis e meia da manhã. Camille respondeu na mesma hora, agradecendo.
Diego a viu quando estava indo para sua sala. Ela estava nervosa, abraçando o caderno com força. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, mas ela insistia em soltar e prender no meio do caminho. Ele pensou em ir falar com ela, mas trocaram apenas um olhar rápido. Os dois estavam atrasados para suas aulas. Diego podia perder alguns assuntos de matemática, mas Camille não podia perder absolutamente nada do seu tempo em avaliação.
Diego saiu da sala de aula assim que todas as aulas do dia terminam. Para sua sorte, a última aula acabou cinco minutos mais cedo. Ao invés de ir para o seu dormitório finalmente dormir mais um pouco, ele foi para sala perto da sua, parando ao lado da porta, esperando que Camille saísse.
A aula dela durou até o tempo limite, e ele ficou ali, parado por cinco minutos inteiros. Quando ela finalmente abriu a porta e saiu daquele lugar, tentou fingir não ter se assustado com ele. Camille estava diferente de seu estado mais cedo. Ela estava com o cabelo solto, com uma expressão mais calma no rosto. Sua caneta estava atrás de sua orelha, e sua mochila um pouco aberta.
— Quer me matar de susto? — ela leva a mão ao próprio peito, recuperando o fôlego.
Diego abriu um sorrisinho, começando a andar com ela para fora do prédio, dando de cara com um dia ainda nublado, mas sem chuva.
— Foi mal — disse ele, observando a grama molhada que estavam pisando. — Como foi o teste?
Camille olhou para ele, abrindo um sorrisinho, apertando um pouco seus olhos azuis, que tentavam recuperar o brilho.
— Acho que fui bem — disse ela, dando de ombros. — Mas ainda tô preocupada.
Diego abriu mais um sorriso involuntário. Era bom saber que as coisas estavam começando a dar certo para ela.
— Se você acha que foi bem, relaxa — ele diz, seguindo o caminho até a sala de arquivos. — É melhor ficar nas provas da semana que vem, e esquecer história, que você só vai fazer avaliação de novo daqui a duas semanas.
Ela acaba concordando, abrindo um sorriso de canto de rosto. Camille ficou em silêncio por um tempo, apenas andando com ele até a sala que tanto iam durante o segundo ano.
O lugar estava do mesmo jeito. Continuava quente, abafado e extremamente branco, com vários arquivos antigos espalhados por ele. Diego e Camille se sentaram em duas cadeiras, ficando lado a lado na mesa.
Eles começaram com matemática, lendo anotações no caderno e no livro. Por sorte, a semana se provas da escola era igual para todo mundo, então teriam as mesmas matérias nos mesmos dias.
Durante toda tarde, eles resolveram exercícios. Era chato, cansativo, e nem mesmo Diego estava aguentando mais a escola, mas ele conseguia entender o assunto e fazer tudo rápido, ao contrário de Camille, que demorava um pouco mais.
— Isso aqui é tão chato — ela murmura, escrevendo algo com o lápis. Diego estava respondendo sua última questão, e ficou em silêncio até finalmente terminar.
— Tá em qual questão? — perguntou ele, largando seu lápis na mesa.
Camille levanta o olhar do caderno e o olha um pouco surpresa, deixando um sorriso de choque aparecer em seus lábios.
— Como você já acabou?
Diego ri um pouco. Camille estava realmente chocada com ele já ter terminado, mas, na verdade, passou quase uma hora fazendo os exercícios.
— Eu ainda tô na décima questão — Ela complementa.
Diego riu um pouco, puxando sua cadeira para mais perto dela. Ao invés de falar, ele apenas puxou seu caderno, dando uma olhada nas três últimas questões.
— Ah — ele suspira, anotando um passo a passo ao lado das questões, do jeito que ele sempre fez. — Você fez da maneira mais difícil. Tem uma mais fácil.
— Eu fiz como o professor ensinou — Camille da de ombros, fazendo Diego rir um pouco. Por algum motivo, sempre ensinam da forma mais complicada.
Diego começou a ensinar o passo a passo que escreveu em seu caderno, tentando fazer com que ela entendesse a maneira mais fácil de fazer a questão. Camille estava olhando para ele e às vezes para o caderno, ouvindo cada palavra com atenção.
Assim que ele terminou, ela conseguiu resolver a questão em cinco minutos, abrindo um sorriso quando viu o que tinha feito.
Diego levantou o olhar do caderno na mesma hora que ela, também abrindo um sorriso, fixando seus olhos nos dela.
— Não é difícil — ele afirma, fazendo o sorriso de Camille aumentar.
O sorriso em seus rostos se desfez assim que perceberam a distância que estavam um do outro. Na verdade, quase não existia distância. Eles estavam perto demais, talvez o mais perto que já chegaram desde que terminaram. Diego continuou segurando o olhar e Camille também não desviou. Sinceramente, isso parecia um sonho.
Diego sentiu suas mãos suarem. Seu coração acelerou e seu estômago congelou. Ele sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo, percebendo o que um olhar que durou segundos estava fazendo com ele.
Ele queria poder quebrar toda essa distância. Queria poder fazer o que sua mente gritava para ser feito. Queria chegar mais perto ainda e unir os seus lábios. Queria ela. Ela queria ele.
Ao invés disso, ignorou todos os seus pensamentos e se afastou, fechando seu caderno e folheando seu livro de matemática, lendo uma página aleatória sobre um assunto que já tinha aprendido.Camille soltou um suspiro, voltando a escrever em seu caderno. Eles ficaram em silêncio, desviando o olhar o máximo que podiam. Diego escutava sua mente gritando com ele, não parando nenhum segundo. Ele queria ir embora. Queria se levantar e se esconder em seu quarto, fingindo que não estragou uma chance de beijar Camille. Na verdade, não a beijou por saber o que aconteceria depois disso. Sabe que ela iria começar a o evitar e iria se culpar por isso. Sabe que por mais que seja o que mais quer no momento, não vai mais dar certo enquanto ela não conseguir que dê.
Talvez, teria sido melhor se tivesse beijado Camille. O resto da semana inteira foi insuportavelmente torturante. Eles continuam estudando todos os dias, mas ficavam calados, parecendo que não se conheciam. Estava pior do que quando foram obrigados a ficarem juntos, no ano passado, quando realmente não se gostavam.
Agora são amigos, mas está parecendo que não passam de colegas de escola.Estudar sem trocar um "oi" acabou sendo um pouco difícil. Eles falavam apenas quando necessário, mas ainda trocavam olhares estranhos a cada segundo.
Às vezes, ele a pegava olhando para ele enquanto achava que estava concentrado nos exercícios, e ele olhava para ela quando ela estava distraída. Sempre que percebiam os olhares, eles quebravam. Era impossível sustentar algo que quase resultou em um beijo na última vez. Um beijo que talvez não devesse ter sido evitado. Talvez tivesse sido para acontecer. Talvez estivesse tudo diferente, e talvez voltassem a agir normalmente, mas eles nunca vão saber do que teria acontecido.
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Sete Dias Em Que Eu Fingi Gostar de Você. (Concluído)
RomanceDiego Salles é conhecido por todos desde que nasceu, com sua infância marcada por desfiles, fotos para revistas importantes e fãs gritando o seu nome em qualquer lugar que estivesse. Conviver com isso nunca foi um problema, mas as coisas mudaram dep...