Incompreensões

170 20 19
                                    

Quando enfim chegou a sua nova estadia, Aphelios trancou o quarto e deixou a mochila na cômoda

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quando enfim chegou a sua nova estadia, Aphelios trancou o quarto e deixou a mochila na cômoda. Caminhou até a cama, onde se sentou e soltou um suspiro pesado. Apoiou os cotovelos em suas pernas e curvou-se, sentindo o peso em sua cabeça. Não era só ela que doía.

Apertou as têmporas. Dor. A dor era tão desconcertante que parecia dilacerar seu peito, crescendo e ocupando todo o seu corpo. O cenho franzido parecia estar congelado, porque não conseguia desfazê-lo.

Como se sentia miserável.

Aphelios nunca se sentiu tão quebrado, exceto pelo momento da separação de planos com sua irmã, quando quase a perdeu. Teve sorte de encontrar Noctum como um elo de conexão espiritual. Mas agora o Lunari ressentia a sua dor. Não haveria nada que pudesse fazer para ouvir a voz de Sett quando quisesse.

As lágrimas começavam a se juntar novamente, mas se recusava a derramá-las, mesmo que segurá-las fizesse o ardor em seu peito queimar junto à sua consciência. E enquanto Alune o assistia, sentia o seu pesar. A dor pela ligação de alma que tinham crescia ao ver o seu ente mais querido sofrer daquela forma. Respirou fundo e empurrou seus problemas de lado para tentar consolá-lo:

"Phel..."

"Alune, por favor..." Aphelios a cortou. "Eu quero ficar sozinho."

Alune se espantou. Aphelios... não queria a sua presença?

"Co– como assim?" sua voz falhou, junto ao seu coração. Sozinho? A palavra ecoou em sua mente. Desde- desde quando Aphelios pedia para ficar sozinho? Ele... sequer... estava treinando.

"Eu preciso pôr a cabeça no lugar." ele explicou.

Alune sentiu algo dentro de si se revirar. A ansiedade deu lugar à frustração. E incapaz de se conter, suas palavras saíram mais ásperas do que imaginava:

"Mas afinal, por que aquele meio-animal é tão importante pra você?" a voz denunciava o ciúme. "Meio-vastaya." corrigiu.

Aphelios ficou em silêncio.

"Você nunca teve interesse em ninguém! Por que agora com um homem do outro lado do mundo? Desde quando você é gay?"

Aphelios apertou seu punho.

"Tem algum problema eu ser gay?" o irmão levantou os olhos, encontrando-se no reflexo de um espelho que decorava o quarto. Viu os próprios olhos nublados pelo seu nervosismo que começava a transparecer em seu rosto. "Tem algum problema eu ter interesse em alguém?"

Alune ficou espantada.

"Aphelios?! Mas é claro que tem! Você é o escolhido da Lua para proteger o nosso clã!"

"E você não? Alguma vez você deixou de aproveitar sua vida por causa disso?"

Aphelios se arrependeu no mesmo instante.

O seu escolhido da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora