- Quinze; The Beginning of the End -

507 63 32
                                    

Marinette se espreguiçou na cama ao abrir os olhos. O balanço das cortinas de seda brancas da porta meio aberta da sacada, retiveram sua atenção. O Sol adentrava pela fresta com tranquilidade.

Ela tomou coragem pare se levantar, ajeitou o pijama lilás comprido. Andando até a sacada e se apoiando na grade, ela olhou para baixo e observou Adrien no jardim florido da mansão, sentado no banco de ferro estilizado em Art Decor. Os cabelos loiros balançavam e reluziam pela brisa fresca daquela manhã ensolarada. O corpo estava relaxado e o Agreste parecia aproveitar de uma tranquilidade fora do comum, em meio ao verde brilhante do gramado e do farfalhar das árvores robustas que floresciam flores vívidas e coloridas.

A Dupain-Cheng não conseguia ver o rosto do rapaz por ele estar de costas, mas ela poderia imaginá-lo com olhar perdido, pensativo e principalmente distante, como ele estava há duas semanas, desde que ela o assistiu tocar no Festival.

Adrien estava distante e indiferente. O rapaz não a provocava mais, não a olhava nos olhos. E por mais que parecesse educado, sempre falava o mínimo possível, parecendo tratá-la como alguém intocável que ele tinha medo de se aproximar.

Que no momento em que se aproximasse demais ela pudesse quebrar.

Ele parecia fingir que nada havia acontecido, mesmo que parecesse óbvio que ele travava uma batalha interna contra si mesmo.

Viu o aloirado se levantar, girar o corpo e olhar para cima distraído. O olhar dele a encontrou, as íris verdes claras pela luz pareciam cintilar com certa melancolia. Ele sorriu para ela com delicadeza, mas Marinette sabia que aquele sorriso escondia algo a mais que ela gostaria de descobrir o que era.

[...]

Marinette parou no meio da passarela privativa  do escritório de Gabriel Agreste com os saltos quinze, que o mais velho havia lhe arranjado, no momento em que Adrien pediu para que ela parasse.

Ele se levantou do banco extenso estofado da passarela e se aproximou da garota para analisá-la parando em sua frente. Sério, a encarou.

— Marinette, você não pode olhar pro chão enquanto anda na passarela. Eu sei que é difícil por causa dos saltos, mas você precisa olhar pra frente e erguer a cabeça. Precisa de confiança. Tudo bem? - ele sorriu fraco, desviando o olhar.

A franco-chinesa suspirou. Ela queria conversar, mas ele não lhe dava espaços ou aberturas para uma aproximação.

Mais uma vez ele parecia perdido e distante.

— Adrien, será que a gente podia...

— Acho que tá bom por hoje. Ficamos muito tempo aqui. - ele fingia olhar o relógio enquanto pulava para fora da passarela. - Você também precisa descansar pro ensaio de fotos amanhã. E eu tenho que treinar hoje.

Mentira.

Ele não iria treinar. Há duas semanas que ela não o ouvia tocar, como se ele evitasse ao máximo aquilo. Ela nunca tinha passado tanto tempo sem ouvir as notas ressoantes do piano de Adrien.

A Dupain-Cheng mordeu o lábio inferior mordiscando a região por segundos, vendo-o passar pela porta do cômodo, sumindo de suas vistas.

Ela suspirou com pesar, soltando o corpo no chão para se sentar na passarela. Juntou os joelhos e os abraçou. O olhar caiu entristecido.

Por que ele parecia tão diferente?

O que havia acontecido naquela apresentação?

Marinette se lembrava perfeitamente de vê-lo tocar como nunca antes. Adrien parecia intocável naquele piano, ao mesmo tempo que atingia seu coração com sua melodia.

No Way, Dumb!Onde histórias criam vida. Descubra agora