- Dezesseis; Memories never dies -

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Adrien tamborilou os dedos longos e pálidos sobre o balcão de mármore branco da confeitaria. Com o corpo curvado para frente e o cotovelo apoiado no móvel, ele encarava o chão entediado.

Ele sabia que não era certo mentir descaradamente para Marinette, dizendo que treinaria quando ela sequer ouviria as notas do piano, apenas para mais uma vez fugir do que ela quisesse dizer.

Pelo menos, a confeitaria de seus padrinhos era um bom lugar para ficar, mesmo que aquele lugar o lembrasse constantemente da Dupain-Cheng mais nova. No entanto, Sabine e Tom sempre o recebiam calorosamente com sorrisos animados. E ele poderia ficar o quanto quisesse, contanto que os ajudasse se a loja ficasse cheia.

Adrien aceitava o acordo de bom grado.

Contudo, o comentário de sua madrinha a minutos atrás o perturbava;

"Meu menino, você realmente não cresceu, não é?! Ainda continua fazendo a mesma coisa."

A mente enevoada de pensamentos desconexos que nunca tinham um começo, meio e fim, o deixavam confuso por respostas das quais ele não tinha, ao menos se lembrava.

O que ela queria dizer com aquilo? Por que seu relacionamento com Marinette havia mudado de maneira tão drástica quando eram crianças? Por que ele mal se lembrava? Se eles eram tão próximos, como tinham se tornado mais inimigos do que amigos por tantos anos?

Ele coçou a nuca angustiado.

Sabia que não poderia olhar nos olhos da Dupain-Cheng enquanto não entendesse, seja lá o que precisasse ser entendido. O bolo incômodo que formava em seu interior o deprimiu de certa forma. Afinal, algo lhe dizia que ele era culpado por aquilo.

O tilintar suave da porta de madeira branca lhe avisou que alguém adentrava o estabelecimento. O rapaz levantou a cabeça observando mais um cliente, sorrindo gentilmente para o senhor de traços chineses que pediu apenas por uma caixa pequena contendo sete macarons de sabores diferentes.

Adrien prontamente preparou o pedido, entregando a embalagem branca com detalhes rosas e dourados para ele.

O senhor o agradeceu, pagando pelos doces. Abriu a caixinha provando com um mordida o macaron de maracujá.

— Certamente o melhor da cidade, não acha?! - notou, obviamente, o sotaque chinês.

Adrien balançou a cabeça com o melhor sorriso que pode oferecer.

— Com toda certeza.

— Pra alguém que está trabalhando em uma confeitaria, sua vida não me parece muito doce, meu jovem.

O Agreste piscou algumas vezes, engolindo em seco, levemente incomodado. Ele não poderia transparecer seus sentimentos pessoais para os clientes da loja, por mais que não trabalhasse realmente ali.

— Às vezes a vida é um pouco azeda, rapaz. Eu entendo. Mas sabe, até coisas azedas podem ser um pouco doces. - ele indicou o macaron de maracujá.

O loiro desviou o olhar, quando Marinette tornou a invidar sua mente.

Ela era doce e azeda ao mesmo tempo, com o sorriso meigo e o jeito marrento.

— É...eu acho que sim... - sorriu fechado.

— Bom, espero que você recupere aquilo que faz a sua vida ser doce. - acenou com a cabeça ao se afastar. - Até mais, criança. - a porta tilintou mais uma vez ao abrir e fechar, quando o senhor saiu do estabelecimento.

Adrien levantou a mão para um aceno contido.

— Até...

Por algum motivo, ver aquele homem se distanciar e desaparecer despertou uma sensação estranha, da qual ele não sabia de onde viera. Todavia, tinha noção de que aquele senhor tinha razão, principalmente quando ele se lembrava de estar ao lado de Marinette, sentados ao piano como aquelas crianças que eles costumavam ser.

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