Capítulo 1 - É o nome do cachorro da minha vizinha.

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Luke / 9 anos de idade / Alerta: agressão verbal; linguagem imprópria.

- Você só serve para me dar desgosto garoto! - meu pai grita bravo enquanto chuta uma cadeira na cozinha. - Seu inútil! - ele grita novamente e eu me encolho no pequeno sofá bege da sala. - Onde está a vagabunda da sua mãe? - ele se aproxima de mim enquanto grita e um arrepio desce pela minha espinha. Estou com medo

- Eu não sei. - sussurro enquanto abraço a almofada.

- Fala certo. Fala que nem homem, você sabe sim. Onde está sua mãe, em? - ele me puxa pelo braço e minha reação é me afastar. Odeio o toque dele. Tenho nojo dele.

- Eu não sei. Eu estava na casa da minha vó. - meus olhos se enchem de lágrimas e meu pai cerra seus olhos escuros na minha direção enquanto suas mãos fortes apertam meus braços.

- Você não serve pra nada, seu merda. Vai trabalhar de verdade em vez de ficar cozinhando igual mulherzinha. - ele me empurra no sofá com força e às lágrimas começam a descer pelo meu rosto. - Vai chorar agora, em? - ele chuta a mesa de vidro que estava na minha frente e eu acabo me assustando. - Seu merdinha.

- O que está acontecendo? - minha mãe passa pela porta da cozinha. - Luke, o que aconteceu?.

- Chegou a protetora. - meu pai solta uma risada sarcástica.

- Filho, vai para o seu quarto. - minha mãe pede e mesmo não querendo, eu corro para o meu refúgio.

- Onde estava? - meu pai grita furioso.

- Eu estava trabalhando. - ouço minha mãe gritar alto.

- Mentirosa! Você é uma mentirosa. - ele grita e eu me escondo de baixo da coberta para tentar não ouvir. Eu odeio tudo isso. Eu odeio voltar para casa, só queria morar com os meus avós. Por favor! - E esse garoto que não faz nada! Tinha que ter me dado um filho desses, um idiota desses. Em vez de me ajudar na oficina, estava fazendo bolos com a vovó dele. - ouço algo quebrar na cozinha, como se fossem pratos. Não aguento mais isso!

- Luke abre aqui pra mim. - ouço a voz da minha irmã atrás da porta. - Luke seu bolo de chocolate estava incrível. Estava mal porque tirei uma nota ruim em artes e ele me fez sorrir de tão gostoso. Pode fazer outro amanhã? - abro um sorriso na hora. Eu gosto de cozinhar, me deixa feliz, e agora estou ainda mais sabendo que minha irmã ficou contente depois de provar meu bolo de chocolate.

Abro a porta para Alice e rapidamente sinto ela me envolver em seus braços.

- Ele não gosta de mim.

- Ele é um idiota, sabia? Você não precisa que ele goste de você, entendeu? Sabe quem ama você? Eu e a mamãe. Te amamos muito! Não liga para nada que ele disse. Você não é inútil, você é capaz Luke. Se gosta de cozinhar, continue cozinhando. Ele é frustrado com a vida dele e desconta em você. - abraço minha irmã mais forte, fazendo com que eu me sinta mais seguro.

- Eu quero que ele vá embora, não quero mais ver ele. - minhas lágrimas caem e sinto as duas mãos da minha irmã repousarem no meu rosto.

- Eu e mamãe já estamos planejando isso. Estou guardando dinheiro e daqui a pouco vai ser só eu, você e a mamãe, entendeu? Ele nunca mais vai fazer nada para gente e nunca mais vamos precisar ver ele. E você vai poder cozinhar a hora que quiser na nossa nova casa.

- Mas e o vovô e a vovó?

- Eles vão visitar a gente. Mas lembra, por enquanto ninguém pode saber de nada, ninguém. Não pode dar errado, então é um segredo.

- Segredo! - afirmo com a cabeça.

- Vamos dar uma volta. - ela segura a minha mão.

- É melhor não. Daqui a pouco ele vai voltar para a oficina e eu vou ter que ajudar ele...

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