Dez

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Hinata

Levantei-me tranquilamente, depois de uma deliciosa noite de amor com meu Naruto. Mas, o que não me saía da cabeça era o sonho estranho que tive. O que será que o meu pai quis dizer? De onde eu deveria sair e por que? Essas eram perguntas que não saíam da cabeça, elas passariam o resto do dia martelando em minha mente como se fosse uma britadeira. Mas será que eu deveria me preocupar, ou, foi apenas um sonho? Bom, quem pode saber? Tudo o que sei é que tomei uma importante decisão. Encontrei o homem da minha vida e estou com ele agora. Quando pensei que minha vida não teria mais sentido, vi que em Naruto eu poderia pensar em recomeçar, embora a dor por ter perdido o meu pai fosse tão recente e sentia que precisaria ser muito forte caso quisesse realmente sair daquele fosso. Seria essa a mensagem que o meu amado paizinho queria me passar?
Fui até a cozinha e lá estava o meu amado já preparando o nosso café da manhã. Deus, como ele é lindo. Com aquele abdômen bem definido, aquelas pernas longas e bem torneadas... nossa, nem acredito que tenho isso na minha cama todos os dias. Embora a minha dor seja muita, fico molhada cada vez que o vejo. Acho que preciso conversar com a Dra. Shizune a esse respeito. Estou muito fissurada no sexo, é como se isso aplacasse a minha dor. Eu estou muito confusa quanto a tudo isso e temo que tal condição acabe me transformando em uma ninfomaníaca, coisa que eu não quero de jeito nenhum. Quero amar o meu Naruto de forma pura, ser dele por paixão, desejo e amor, não por uma necessidade mórbida por sexo.
— Oi, minha sereia. — ele me chamou, resgatando-me do limbo no qual estavam presos os meus pensamentos. — Aceita café? — perguntou.
— Ah, claro que sim. — fui logo me sentando no banco frente ao balcão da cozinha. — Está um pouco frio hoje. Quase não me levanto da cama. — falei, depois levei a xícara à boca.
— Verdade. Esse clima está meio doido ultimamente. Você dormiu bem? — perguntou, depositando uma panqueca de aparência apetitosa, em um prato que ele mesmo havia posto em minha frente, segundos antes.
— Sim, eu dormi. — respondi, e levei um pedaço de panqueca à boca.
Naruto deu-me um lindo sorriso e brilhante, depois serviu-me ovos e bacon.
— Tive um sonho estranho. No começo foi muito lindo, depois ele transformou-se num verdadeiro pesadelo. — comentei. O que chamou sua atenção.
— Como assim, num pesadelo? Se bem que você pareceu bastante apavorada ontem à noite. Me conta — ele suspirou, depois prosseguiu — como foi exatamente esse sonho.
— Vi o meu pai. Ele estava feliz, mas depois pareceu estar preocupado e me disse para eu "sair daqui".
— Sair daqui, onde? — indagou, parecendo preocupado. — O que seu pai quis dizer com isso? Se bem que imagino essas coisas não serem verdade.
— Eu também vi o Sol. Ele brilhava normal, mas depois começou a ficar vermelho, como um eclipse infernal, sei lá.
— O Sol ficou vermelho, seu pai falando por enigmas... olha, Hina, eu acho que isso deve ser por conta da sua leve depressão. — disse ele. Fiquei chocada.
— Acha mesmo que estou com depressão? Que tudo o que está acontecendo comigo seja resultado de um distúrbio mental, é isso?
— Não estou dizendo isso. Só digo que estou passando pelo mesmo problema e que saiba que não está sozinha. — ele respondeu, depois tomou um gole de café.
— Não compare eu ter perdido o meu pai, com você ter terminado com a sua namorada, Naruto. São duas coisas completamente diferentes. — fiquei brava com a comparação dele e fiz menção em me retirar, mas desisti por um momento quando ele me chamou.
— Hinata, agora você está sendo infantil. — comentou. — Lógico que a dor da perda de um ente querido seja mais dolorosa do que o término de um namoro, eu sei disso. O que eu quero dizer é que algumas as coisas podem levar a um estado de depressão, seja ela moderada, ou profunda.
— Ah, então agora você vem tentar apaziguar e reverter suas próprias palavras, Naruto?
— Não estou tentando reverter nada. E você já percebeu que está fora de si? — Naruto olhou para mim e eu estava com os meus punhos fechados. De repente uma raiva tomou conta do meu ser. — Viu, é disso que eu estou falando, mas não a culpo. Sei o quanto isso deve estar sendo difícil pra você!
Olhei para as minhas mãos, sem acreditar. Senti raiva do meu amado, por alguns instantes. Por que será que eu fiz aquilo? Naruto estava certo o tempo todo, eu estou mesmo precisando de ajuda. Ele não só está tentando me proteger da dor, mas também de mim mesma. Eu devo ser grata a ele, pois agora estou completamente sozinha nesse mundo e não tenho mais ninguém com quem contar, além dele.
— Por favor, me perdoe! — eu o abracei com força, encostando meu ouvido em seu peito. De repente ouço as batidas do seu coração. — Eu não queria fazer isso, eu juro. — e comecei a chorar.
— Não foi nada, minha princesa, meu presente. Como eu disse, sei o quanto deve estar sendo difícil pra você e não vou te deixar sozinha, nunca!
Naruto beijou o topo da minha cabeça e seguiu dando o conforto de seu abraço. Naquele momento, seus fortes braços eram para mim o local mais seguro que existia na terra.

(....)

Antes de ir para o trabalho, Naruto e eu fomos novamente visitar a Dr. Shizune. A pesar de termos marcado consulta, ele achou prudente contar a ela o que eu havia visto na noite passada. Segundo o Naruto, a doutora saberia dizer se tudo não passava de um sonho, ou não.
Cheguei à clínica e tive de esperar, pois como não havia agendado horário, deveria aguardar até que os atendimentos terminassem e foi o que aconteceu. Shizune pediu que eu a aguardasse, pois ela iria me atender. Entrei no consultório e logo comecei a chorar.
— Me desculpe, Dra. — falei, olhando para ela, envergonhada.
— Não precisa se desculpar, Hinata. É para isso que eu estou aqui. — ela respondeu, oferecendo-me um lenço de papel. — Agora me conte o que aconteceu.
Detalhadamente eu contei a ela o que ocorrera na noite anterior logo que eu peguei no sono. Shizune ouvia atentamente cada palavra saída da minha boca. Mas o que eu não sabia era que ela acreditava nas mensagens dos sonhos, o que acabou pegando-me de surpresa.
— Olha, Hinata, pode até parecer estranho para você o que vou lhe dizer, mas esse sonho que você teve, se trata exatamente de tudo o que está lhe acontecendo.
— Como assim, doutora?
— Acontece que você viu o que está acontecendo a você. Exemplo: você está passando pelo estágio inicial de uma depressão, o que pode significar o sol vermelho. Sua dor a está impedindo de enxergar a luz à sua frente. Depois o seu pai, ele representa o seu subconsciente lhe dizendo para lutar, mas não com suas próprias forças. — explicou ela.
— E como eu devo lutar, doutora Shizune? Como, se a dor chega a rasgar o meu peito?
— Você tem a receita principal para isso, Hinata. Amor. — disse ela, segurando minhas duas mãos por entre as suas, dando um singelo sorriso. — Aquele rapaz a ama e você deve se apegar a esse amor com todas as suas forças. Você ainda vai enfrentar muitas coisas, mas ele pode ser o remédio principal para curar você!
— Não acho que eu possa me curar da falta que sinto do meu pai. — respondi, em lágrimas.
— A falta que seu pai lhe faz, é algo da qual nunca irá se livrar, Hinata, mas ela pode ser suprimida pelas lembranças lindas que você carrega. Dos bons momentos, das risadas e até mesmo das broncas que certamente ele dava em você. Substitua essa dor por essas doces lembranças, minha querida e vais ver que tudo será bem melhor do que está agora.
Não sei porquê, mas depois de ter ouvido essas palavras da boca da Dra. Shizune, tive a leve impressão de que ela também carregava uma grande dor. Será? Poucos sabemos o que de fato quem está do nosso lado, já passou, só sei que, assim como diz aquele velho ditado: a grama do quintal do vizinho sempre é mais verde do que a do nosso.
Agradeci à doutora e fui para fora, para a sala de espera me encontrar com o Naruto. Lá chegando eu o observei sentado numa cadeira e folheando as páginas de uma revista, pela expressão dele, lendo era que não estava.
Pus-me diante dele e o chamei pelo nome. Naruto ergueu as vistas e recebeu-me com um lindo sorriso.
— Já terminou? — ele perguntou, com um riso de canto de boca.
— E você queria que durasse mais? — respondo-o, retoricamente. — Fiquei naquela sala por mais de quarenta minutos. — sorrio.
— E o que ela disse?
— Que eu devo lutar, mas não com minhas próprias forças. — respondi.
— Isso é bem esclarecedor. — Naruto comentou, sem muita empolgação. — Mas, o importante é que você parece ter saído de lá bem mais leve do que entrou. O que, de verdade, você duas conversaram?
Contei a ele os conselhos recebidos pela psicóloga, isso durante o nosso trajeto até o carro. Já passavam das onze da manhã e o Naruto nem havia passado pelo escritório do pai dele ainda. Fico preocupada por estar sendo um estorvo para um homem que mal conheço, mesmo amando-o com todas as forças do meu coração.
Depois de ter contado tudo o que foi conversado com a psicóloga, Naruto disse concordar com cada palavra dita por ela e que faria o possível para que eu ficasse completamente livre de toda a dor que carregava dentro de mim. Aquilo me soava como um alívio e ao mesmo tempo como um peso. Na verdade, eu me sentia um peso e sentia também a necessidade de me libertar do mesmo. Como eu sou ridícula. Será que é isso que o meu pai tanto quer me dizer? Para eu deixar de ser egoísta e pensar mais em mim? Eu sei que de onde quer que ele esteja, meu velho não está nada satisfeito com tamanha fraqueza de sua filha, mas eu não posso fazer nada para mudar isso, pelo menos por enquanto.
Depois de alguns minutos, o Naruto me levou para almoçar no restaurante do shopping, ele amava aquele lugar e disse que sua mãe sempre o levou ali quando criança. Um alívio para mim, saber que se trata de uma lembrança de criança entre ele e a mãe. Eu sei que o Naruto já foi muito apaixonado por uma tal de Sakura, a puta que o traiu e por conta disso ele se tornou um verdadeiro Adão. Mas vendo-o cuidar tão bem de mim sem nem ao menos me conhecer direito, já me dava uma segurança, embora eu ainda não tenha visto o rosto da vagabunda. Mas por que eu estou pensando nela? Não tenho porque pensar nessa garota sem sal, agora ele tem a mim, e eu vou fazer ele esquecer completamente dessa garota.
Nós temos um ao outro, e vamos lutar juntos, e ficarmos juntos no fim.

Meu presente - NaruhinaOnde histórias criam vida. Descubra agora