Vinte e sete

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Hinata

Como é? Eu ouvi direito mesmo? Como assim, o Sasuke bateu no Naruto por ciúmes da Sakura?

— Me conta essa história direito, Naruto? Que história é essa de que ele está com ciúme de você e daquela sirigaita? — perguntei, chateada. Exigia uma explicação.
— É o seguinte, eu estive lá na academia da Mei e ela estava. Eu disse que estávamos noivos e dei um fora nela bem na frente do lugar. Ela deve ter se enchido de despeito e inventou essa mentira para o namorado corno dela. — ele explicou, colocando o gelo sobre os ferimentos no rosto.
— Tudo bem, meu amor, eu acredito em você. — falei, dando um beijinho nos lábios dele, mas acabei machucado.
— Ai, doeu.
— Desculpa, amorzinho. — falei, limpando a boca dele devagar, com um lenço humedecido. Por culpa daquele filho da puta, hoje eu não iria ganhar aquela chupada deliciosa que o meu Naruto sabe me dar. Mas deixa estar, eu ainda acabo com aqueles dois.
Mas eu não iria me estressar com aquela puta e o corno do namorado dela, tinha algo bem mais interessante para contar ao meu amado. Só que ele já foi logo questionando.
— O que mesmo você foi fazer na Shizune?
Abri um sorriso bem largo. Ele também sorriu, percebeu que era coisa boa, então eu contei a ele sobre a tal Ino, a ricaça que havia me contratado para lhe dar aulas particulares de dança. Contei também que ela tinha um sobrinha de dez anos chamada Hana e que gostaria que a mesma aprendesse balé e como eu também dava aulas de balé, eu daria aulas para a tia e para a sobrinha.
— Poxa vida, Hina. Isso é muito legal. — Naruto falou, com empolgação. — Mas e a Mei? Não há riscos de aquela megera tentar falar mal de você para essa mulher? Pois se ela fizer isso, eu juro que...
— Que, não preocupe com isso, amor. — falei, ele me olhou surpreso. — Eu mesma, com a ajuda da Shizune, contei à Ino o que me aconteceu e o porquê de eu ter sido confundida com uma garota de luxo. Tanto que hoje o meu suposto cliente e eu, estamos perto de nos casarmos.
— Você é muito esperta. E por falar nisso, disse a mesma coisa para os meus pais.
— Como é?
Agora fui eu quem ficou surpresa. Quer dizer que os pais do Naruto também estavam desconfiando de mim? Ah, mas se eu pego quem fez isso...
— O que contaram para os seus mais a meu respeito? — perguntei, sem dar espaço para ele.
— A esposa do senhor Uchiaki...
— Tinha que ser aquela velha arrogante. — respondi, cruzando os braços. — Por isso que hoje no escritório, quando eu fui pegar a minha rescisão e o meu salário, o último, ela me olhou como se estivesse com nojo. Mas o que os seus pais disseram? Você contou a verdade a eles?
— Em partes, em outras eu omiti. — ele explicou.
Mas disse que a mãe dele ficou compadecida de todo o sofrimento que eu passei. O Naruto contou também, que ainda apelou ao dizer que ninguém quis me emprestar o dinheiro que poderia salvar a vida do meu pai e que eu aceitei a proposta dos amigos dele unicamente para bancar os tratamentos médicos, o que não aconteceu porque já era tarde demais. Ainda sinto uma dor, pequena, quando me lembro do meu pai, mas estou aos poucos aprendendo a substituir a dor da perda pelas boas lembranças que passamos juntos. Eu não tenho palavras para agradecer ao Naruto e a doutora Shizune, pois foi quem me estendeu a mão nos momentos mais difíceis. O Naruto, bancando todo o meu tratamento e ainda me proporcionando um lugar para morar, depois de ter sido praticamente expulsa da casa onde morava e a Shizune por não desistir de mim. Nenhum dos dois desistiu e essa é uma dívida que eu não poderei pagar, a única forma é dedicando todo o meu amor a eles e principalmente ao meu amado.

***

Dois meses se passaram e tudo parecia estar indo mais do que bom na minha vida. O Naruto seguia gozando de tirar as melhores notas na faculdade e no escritório do pai dele, já não havia como distinguir ele de um advogado formado e renomado. Eu segui pagando o aluguel do apartamento e depois de combinar com o senhorio, o estava utilizando para ministrar as aulas para lno e a Hana. Eu estava aprendendo a amar aquela garotinha, ela se parecia muito comigo e também gostava muito de mim. Depois de dois meses tendo aulas comigo, diversas outras clientes começaram a aparecer e todas indicadas pela Ino, o que era ótimo.
Logo a notícia do meu sucesso com as madames já circulava pela cidade e aí sim, eu tive de me mudar de vez para o apartamento do Naruto, pois o meu só servia mesmo para dar as aulas, mas eu sabia que logo teria de me regularizar, já que os abutres não perdiam tempo.
— Pois não, policial? — perguntei a um agente da polícia que veio inspecionar, melhor, bisbilhotar o meu negócio.
— A gente ficou sabendo que a senhora está com uma escola de dança e que a mesma não possui credenciais para funcionar. — disse ele. — Senhorita sabe que está passiva de ser multada por sonegação e pôr a vida de pessoas em risco, uma vez que o local não foi inspecionado pela defesa civil e pelo corpo de bombeiros.
Suspirei e esperei ele terminar de falar.
— Poxa, tudo isso? — perguntei.
A minha sorte foi que a Ino estava ali no exato momento em que o agente chegou. Ela foi quem me defendeu e o fez sem descer do salto.
— Escuta, senhor, eu respeito muito a sua posição, mas o que acontece aqui não são aulas de dança.
— Como assim? — inquiriu ele.
— Hinata é minha amiga e como eu sou uma mulher que adora agradar o marido e, ela é uma excelente dançarina, eu pedi para que ela me ensinasse alguns passos.
— Sim, mas eu fiquei sabendo que são várias outras alunas. Todas são suas amigas, senhorita senhorita Hyuga?
— Afirmativo, policial. — eu, confirmando a mentira de Ino. — Elas frequentam a mesma terapeuta que eu e por isso acabei por compartilhar o que sei.
— E a senhorita possui certificação para ensinar? Sim, poque mesmo sendo sem fins lucrativos, atividades físicas necessitam de certificação.
Suspirei mais uma vez e fui até o quarto, onde peguei o meu certificado da escola da Mei, onde eu fiz o meu curso de dança. Apesar de ser uma megera, a escola da Mei é uma das mais conceituadas de toda a região, ela forma alunos de outras cidades, inclusive muitos fazem parte de balés famosos.
— Tudo certo. — ele falou, logo depois de ter examinado o meu diploma. — Você tem tudo para montar sua própria academia, senhorita, mas se for fazê-lo, aconselho que siga tudo conforme manda o figurino, para não ter problemas, tá?
— Obrigada, policial. Vou seguir os seus conselhos.
Assim que o homem saiu, eu sentia como se o meu coração fosse sair pela boca, do quão nervosa eu estava. Então me virei para a Ino.
— Essa foi por pouco, mas já faço ideia de quem possa ter me denunciado. — falei, enchendo um copo com água e bebendo em seguida.
— Para ser sincera, ele está certo. Por que você não monta uma academia, Hina? — Ino deu a ideia. — Olha, você tem o diploma, tem alunas que te adoram, tem a mim. — ela sorriu.
Olha, até que não seria uma má ideia e sempre foi o meu grande sonho ter a minha própria academia. Mas de onde eu iria tirar o dinheiro para isso? Eu não podia pedir ao Naruto. Já fez tanto por mim.
— Você não sabe o quanto esse sempre foi o meu sonho, Ino, mas é muito caro, sabe. Bem que eu queria muito, mas quem sabe?
— É, amiga. Posso te chamar de amiga?  — ela perguntou dando um singelo sorriso.
— Mas é claro, Ino. Para mim será uma honra.
— Então, amiga, vamos continuar te ajudando. Eu vou conversar com o restante das meninas e dizer que você precisa muito da gente. Assim você vai poder juntar a grana que precisa para montar a sua própria academia e dar uma lição naquela nojenta da Mei, mulher insuportável!
— Eu só tenho a te agradecer, Ino. E fico feliz por você ter entrado na minha vida, viu. Não sabe o quanto eu adoro fazer amizades, ainda mais com pessoas boas como vocês.
Seguimos com as aulas, Ino estava aprendendo a dança do ventre e Hana, o balé. Elas eram minhas melhores alunas, mas não desmerecendo as demais. Eu adorava todas elas.
Logo depois de ter terminado, eu ainda estava vestida na roupa com a qual eu costumava dar as minhas aulas. Era um macacão de lycra cor de rosa e um maior preto por cima, além dos tradicionais sapatinhos. Na escola da Mei eu usava a saia por cima, mas como era no meu apartamento, eu não a usava. A última a sair acabou deixando a porta aberta e alguém entrou. Eu estava recolhendo alguns matérias lúdicos que eu costumava usar durante as aulas, quando ouvi passos pesados. Pensei que fosse alguma das meninas que tinha esquecido alguma coisa, mas não era. Virei de costas e vi aquele homem de cabelos negros na altura dos ombros, me olhando de maneira um tanto maliciosa, era o Sasuke. Meu corpo ficou petrificado e eu não consegui gritar, ademais, não havia muita gente no prédio naquele horário. Foi então que criei coragem e abri a minha boca.
— Eu posso ajuda-lo em alguma coisa? É melhor dizer o quer, ou vá embora daqui...
— Ei, calma, eu só quero conversar. — ele respondeu, me olhando da cabeça aos pés. — Nossa, você é ainda, mas bonita quando está de dançarina. Agora eu entendo a loucura do Naruto por você!
— Olha — fiquei brava — é melhor você se retirar, ou eu...
— Ou você, o que? — ele gritou, em tom de ameaça. — Não muito por quem você chamar, moça. Mas pode ficar tranquila, eu só vim aqui para poder te ver mesmo. Contemplar a sua beleza.
— Você é doido!
— Sou, assim como também sei deixar uma mulher doidinha.
— Ponha-se daqui para fora! — gritei. Mas no momento em que eu fui empurrá-lo para fora, o desgraçado me agarrou e começou a me beijar.
Eu lutei, arranhei, mas de nada adiantou, ele era mais forte e conseguiu sobrepujar a minha força. Comecei a chorar, não era possível que aquilo estava acontecendo comigo. Por que aquilo estava acontecendo comigo? Por que aquele homem estava fazendo aquilo comigo? Essas eram perguntas que fervilhavam na minha mente e eu tentava de tudo para fazê-lo me soltar, então eu não tive outra solução e mordi a língua dele, quando o mesmo a enterrou na minha boca.
— Aaaahhh, porra! — ele gritou e me empurrou. — Sua vagabunda, agora você me paga.
Eu tentei correr, mas ele me segurou pelos pés. Eu acertei, mesmo assim ele prosseguiu.
— Vai se arrepender por ter me mordido, sua vadia. Pensa que eu não sei que você foi até aquele chalé para dar para o Naruto em troca de dinheiro? Todo mundo sabe disso, sua puta! — ele gritava, enquanto me agarrava.
Quando eu já estava me cansando em meio a luta contra o meu algoz, ouço a porta se abrir de forma brusca.
— MAS QUE PORRA É ESSA QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
— Olhei por cima dos ombros do Sasuke e era o Naruto que havia chegado.
— NARUTO, SOCORRO! — eu gritei. Logo o Sasuke se levantou de cima de mim, com os olhos arregalados.
— Naruto?! — ela exclamou assustado. —Viu o que foi que eu te disse? — falou apontando para mim. — Ela me chamou ate aqui, dizendo que gostaria de me experimentar.
— MEU DEUS! — novamente eu gritei. — VOCÊ É LOUCO. VEJA AS MINHAS ROUPAS, NARUTO? ELE ESTAVA TENTANDO...
Não consegui dizer mais nada, minha voz já não saiu mais. O Naruto ainda ficou por alguns segundos, parado e encarando a nós dois, foi quando ele partiu para cima do Sasuke, dando-lhe um soco sem que o mesmo estivesse preparado. O agressor caiu de bunda no cão, bem do meu lado, então o Naruto o ergueu, dando-lhe outro soco, no terceiro o Sasuke bloqueou e devolveu o golpe. Os dois se agarraram bem no meio da minha sala, até que o Naruto deu uma chave de braço, fazendo o Sasuke enfraquecer, depois o jogou em direção à porta. O Sasuke colocou a mão no pescoço e ficou procurando recuperar o ar.
— Seu sujo covarde! — ele gritou. SAIA DAQUI AGORA MESMO. E eu vou te denunciar por tentativa de abuso, seu maníaco!
— Eu, abusar dessa cadela? Foi ela quem mandou recado para mim? — ele tentou revidar. — Foi como eu disse, meu amigo. Todas são putas, todas só sabem fazer uma coisa... PUTARIA!
— SOME DAQUI!
Eu permaneci sentada no chão, não consegui me mexer. Meu macacão estava parcialmente rasgado e meu cabelo todo bagunçado, do quanto eu havia lutado contra o agressor. Naruto ficou de pé, seus olhos franzidos, dava para ver o ódio através deles, então ele suspirou e foi até mim. Não consegui professar uma só palavra, apenas chorava.
— Tudo bem, está tudo bem. — ele me abraçou, sentado no chão, bem do meu lado. — Eu vou matar aquele maldito.
— Não vale a pena, amor. A gente tem que denunciar ele pra polícia. — falei, ainda muito nervosa. Mas mais nervoso ainda ficou o Naruto depois de olhar para os meus pulsos.
— Mas porra, ele te machucou, veja só isso? — falou, segurando os meus pulsos, com delicadeza. — Desgraçado. E sua boca. Está sangrando.
— Não é meu. É dele. — expliquei.
— Dele?
— Eu mordi a boca dele quando tentou me beijar!
— Ah, amor, eu nunca mais vou te deixar sozinha, mas aquele puto me paga, ele vai pagar pelo que fez a você!

Eu me sentia como se estivesse em um pesadelo, ou, acabado de sair de um. Mas uma coisa eu tive certeza, eu aprendi a odiar Sasuke Uchiha.

Meu presente - NaruhinaOnde histórias criam vida. Descubra agora