Prólogo

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Eldegjuborg, Lago Ladoga

Esquivando-se para a esquerda, Dalibor friamente escapa da lâmina de Níog e com um contra-ataque vindo de baixo, decepa-lhe o braço direito. O sangue espirra na face de Dalibor e na neve no chão. Níog vai ao solo com gritos de raiva, dor e desespero, segurando seu braço recém decepado. Sangue rubro vaza de seu braço formando rapidamente uma poça na neve, gerando fumaça ao contato do calor e do frio. Dalibor o encara friamente.

— Não se meta no meu caminho. Isso não era com você — diz Dalibor apontando sua lâmina para o rosto de Níog, onde gotas de sangue caem na face do rapaz que tremia em apavoro.

Algo não está certo — pensava, que seguiu e entrou no Salão dos Jarl. Feita de madeira maciça e grossa ótimas para o inverno. Ao abrir a porta, junto dele, o vento frio do inverno adentra. O som rouco das dobradiças de ferro da porta principal ecoa pelo salão, e todos se estremecem.

— Onde está Níog!? — disse Jarl Fenhur, pai de Níog. O mesmo observa de seu trono o sangue na lâmina e na face de Dalibor — Eu ordenei para aquele insolente não sair! — completa. Dalibor observa ao redor e vê 17 Guardas no salão principal.

— Onde está ela!? — gritou Dalibor em posição ofensiva.

— Sua mãe veio até mim por escolha própria, rapaz. Eu não a forcei em nada. Na verdade, estava fazendo bem a ela — expressou Fenhur. Suas palavras eram mentirosas e seu olhar, soberbo.

Por que ele está com sangue? Será que ele matou Níog? Matar um filho de um Jarl não é uma boa idéia. Não, ele não está louco. Essa família sempre foi louca, não vê a mãe dele? — murmuravam os guerreiros do Jarl prontos para defender o mesmo.

Os mesmos guerreiros eram compostos por filhos de nobres extremamente hábeis e alguns jovens karls habilidosos. O mais experiente era Hojurn, Chefe da Guarda. Já tivera participado de diversas batalhas e estava acostumado com a tensão em situações delicadas.

— Dalibor! Rapaz, confie em nosso Jarl! Sua mãe está bem! — disse Hojurn com um tom de preocupação, deixando um vacilar na fala.

— Isso não é com você, Hojurn. Onde ela está, Fenhur!? — expressou Dalibor apontando sua espada ensanguentada e com ira nos olhos. Sabia que mentiam para ele. Os Guardas se prontificam, segurando suas lâminas.

Fenhur alisava seu lábio superior com o dedo indicador. Estava em seu trono de madeira, adornado e com peles de carneiro para o frio intenso.

Níog entra no salão tremendo, pálido e com os lábios roxos. Segurava seu braço decepado e com um torniquete improvisado feito do tecido de sua camisa de linho. Todos no salão olham para ele. Dalibor de costas, apenas o ignorou. O mesmo continua a encarar Fenhur. Todos se espantam ao notar que o filho do Jarl estava sem o braço.

— Matem ele! — grita Níog se referindo a Dalibor. A Guarda nada faz. — O q-que estão olhando!? Não estão vendo o que esse bastardo fez com meu braço!?

— Calado! Estou farto de você! — afirma Fenhur com autoridade. Hojurn sobe até o trono do Jarl, pelas escadas de sete degraus, adornadas.

— Fenhur, é melhor não levar isso à frente. Não somos capazes de ganhar deste garoto — disse Hojurn em baixo tom próximo de Fenhur.

— Este verme arrancou o braço do meu filho. Você sabe o que preciso fazer — diz o Jarl.

— Ele retornou mesmo depois das notícias das batalhas de Águia. Você sabe que até Elmeric citou o garoto. Achávamos que ele estava morto — explicou Hojurn. Fenhur se mantém em silêncio e após uma longa pausa, solta um suspiro de lástima.

𝐅𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐎𝐋𝐀𝐂Ã𝐎 - 𝐕𝐎𝐋. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora