Magnus sonhava novamente com a liberdade de uma águia, voava livremente pelos céus. Um misto de tristeza e felicidade atingiam o garoto, que acordando aos poucos, foi notando estar na pior situação possível.
Estava sendo levado nos ombros do homem. Estava com pernas e mãos amarradas, assim como sua boca amordaçada. Não tinha notado que seu sequestrador estava correndo velozmente por uma floresta, ao entardecer. O pedaço de pano cor de creme em sua boca estava fortemente amarrado, machucando as bochechas e nuca do rapaz.
- Merda, merda, merda... - dizia Kyran que corria velozmente.
Magnus nada entendia. Sua cabeça balançava conforme os passos do homem e sua visão estava turva. Apenas sentiu um desespero e uma angústia ao ouvir o rugido de uma ursa que os perseguia.
Minutos antes, Kyran havia avistado um filhote de urso comendo pequenas frutas de um arbusto frutífero, a cerca de 15 metros à sua frente na floresta densa e fechada. Já andava à dois dias. Por algum momento achou que a dose da erva tranquilizante que colocou nos coelhos tivera sido demasiado para o garoto, pois não acordava.
Kyran, ao notar o filhote, ficou alerta. Soube que onde há filhotes de ursos, há uma ursa furiosa. Tentou se abaixar, mas sem sucesso: o fino e rouco rugido do filhote foi o suficiente para que uma ursa parda se pusesse de pé e avistasse a ameaça para suas crias. Sua altura em pé era de 2,32 metros. O homem apenas arregalou os olhos e correu rapidamente para onde já estava indo. Ursas são extremamente territoriais e Kyran sabia disso.
Magnus estava sendo carregado de costas, tendo a barriga apoiada no ombro de Kyran. Ele ainda não entendia o que tinha acontecido, apenas notava que a ursa estava próxima o suficiente para que o garoto temesse por sua vida.
No que Kyran tropeça em um galho no chão e cai de frente. Magnus, em seguida, cai de frente e rola. O homem se levanta, olha para Magnus e com uma certa relutância, o deixa para trás. O garoto o olhou com espanto e com seus olhos arregalados viu seu sequestrador e também possível salvador se afastar. O homem corre entre as árvores de pinheiro cujo troncos são espessos e antigos. Magnus ao solo, olha e nota a ursa se aproximando cada vez mais.
Se vira e com as mãos amordaçadas para trás, assim como os pés, se põe de pé com pequena dificuldade. Usou as pernas para que ficasse de joelho e então de pé. Olha para o lado e nota uma rocha grande, com cerca de 6 metros de altura. Embaixo da mesma, havia uma pequena e estreita passagem, o garoto não pensou duas vezes. A distância era de 4 metros, precisava apenas saltitar e se jogar no chão para se esgueirar para dentro da fresta.
O garoto rapidamente salta e se joga ao solo e então, começa a rolar para baixo da rocha magnífica. Contudo, era estreito demais e precisaria de mais força para passar. Então o fez.
Se forçou com as pernas até que conseguisse passar quase todo o corpo, tendo apenas as pernas de fora.
Vai, vai. Eu vou morrer aqui? - pensava desesperado.
A ursa corria velozmente, imponente e perigosa. Se aproximando da rocha, viu as pernas amarradas de Magnus se contorcendo. Avançou nelas rápido o suficiente para que conseguisse arranhar a panturrilha do garoto com a pata. Rugia e cheirava pela fresta, na esperança de obter sua presa.
Magnus, por sua vez, gritou mesmo com a mordaça em sua boca, fazendo sua garganta arder e seus olhos arregalaram de dor. Rapidamente sua vista ficou marejada de lágrimas. Só notou que estava caindo quando ficou pendurado em um ramo de cipós que vinham do alto. O garoto caíra cerca de 18 metros em um poço com um lago negro no fundo. O mesmo parecia não ter fundo. Pedras e mais pedras caíam no lago, fazendo um longo eco delas ao encontro da água. O silêncio era total logo após.
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𝐅𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐎𝐋𝐀𝐂Ã𝐎 - 𝐕𝐎𝐋. 1
Fantasy#2 - Concurso Story of My Life - Ação/Aventura "A esperança nada mais é do que uma futura frustração. É apenas uma chama que nos mantém acesos, mas, como todas as outras, um dia se extinguirá." Dalibor é um jovem adulto nórdico na Era de Ulfgrand...
