Capítulo 33 - Boldrug

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Estas são as observações e anotações de Boldrug. Mestre artesão das armas, especialista em lâminas e docente do ferro. Aqui serão escritas os fatos e eventos que me ocorreram até o presente momento, tal como o costume e meios dos illiøs de anotarem e registrarem todo evento marcante em seu povo.

Não posso deixar de citar que este povo nordês não compreende a magnitude de registros escritos como devem ser. O poema faz parte, assim como as lendas e boatos. Mas a datação e marcação dos fatos com precisão é intrínseca ao que os illiøs chamam de "pesquisa".

Me envolvi em mais guerras e batalhas de formas indiretas do que desejaria. Muitas das armas que forjei para exércitos e senhores derramaram mais sangue do que eu posso recordar. Isso me dói na alma, no meu interior. Hoje no fim da vida, pergunto-me o motivo de apenas seguir o curso das coisas e ser tão passivo de tudo o que me aconteceu. Aceitei, mesmo que com um pouco de indignação, os fatos sangrentos que me foram paralelos. Sinto que não fui feliz. Não por que não gostaria, mas sim por que isso me foi tomado.

E o que eu fiz? Bom... talvez nada que causasse impacto o suficiente.

Olhando por outro lado, qual outro ferreiro teria as habilidades nas forjas como eu? Posso ter ajudado na mudança do percurso de muitas guerras e batalhas. Guerras estas desencadeadas pelo mesmo motivo: poder.

No ano de 328 do Quarto Secnado (como é conhecido no ocidente inteiro) que corresponde ao ano de 632 da Quinta Era de Freya para os nórdicos, uma invasão nordesa aconteceu em uma vila nórdica. O Jarl Vencignr era obcecado por conquistas. Eu já me encontrava trabalhando nas forjas do norte, onde tivera sido meu último contato com os nordeses antes de voltar para as terras ocidentais de Halieetus, para viver com forjas simples como machado para lenhadores, pregos e outros artifícios que me dariam mais prazer do que armaduras e espadas.

Bom, lembro-me que meu ajudante declaradamente illiø já estava com medo naquela época. Me recordo de vê-lo olhar para um lado e para o outro quando um nórdico passava por ali. Aquela vila não tinha um Jarl. Apesar do frio intenso e das cores brancas e azuis do gelo, era um lugar pacífico.

As altas influências das conquistas do pai de Elmeric transbordaram para muitos Jarls, os causando sentimentos similares de conquistas e poder. Como um mero observador — e me julgo excelente nisso — notei os karls conversando e comentando sobre esta invasão. Em como aquilo poderia nos atingir e quão fácil seria nossa conquista.

Eu já contava com meus 32 anos e já havia vivenciado duas guerras e inúmeras batalhas. Apesar de estar ausente da grande parte destas, em todas precisei sair do local em que residia e buscar paz em outro lugar. Não por que nossa vila fora tomada, se assim podemos dizer, mas sim pois minha mente corroía ao ver tantos jovens alegres em lutar, jovens os quais suas mães lamuriavam em suas piras de fogo e seus pais juravam por Odin a vingança de seus filhos. Sangue por Sangue, como chamam os nordeses. Este enfim, tivera sido o último respirar do meu ajudante illiø. O garoto dizia: "Morte aos nórdicos e sua prole." Jovem e não inteligente, como deve ser pra um rapaz. Não sei dizer se matou alguém ou não, mas eu fui o único em sua pira que eu e alguns clientes fizemos para o homem.

As conquistas e tomadas do rei nordês agitaram aquelas vilas que não faziam parte do "reino", embora eles não usassem esta palavra. Os cidadãos e líderes temeram pela sua liberdade e pela obrigação de repassar partes das colheitas e gados, uma vez que naquele ano o hacksilver ainda não era usado nas vilas mais ao norte, perto do mar que cruzava para os desertos de Jurtiro.

Bom, preciso destacar aqui os contos do rapaz que me ajudava no ofício. Seu nome era Iglen, e tinha olhos tão vermelhos como sangue. Naquela altura todos sabiam que alguns illiøs tinham olhos vermelhos e não era tão difundido entre os nordeses e alguns outros próximos o real motivo.

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⏰ Última atualização: Nov 25 ⏰

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