Dalibor crescera com seus pais em meados do equinócio de verão. Com 12 anos já era maior que as crianças de seu assentamento. Nem sempre o assentamento era estabelecido no Lago Ladoga. Jarl Sigmund por três vezes mudara sua localização por falta de recursos e de uma boa terra pra plantio.
O jovem não era tão vaidoso com seu cabelo como a maioria dos nórdicos costumam ser. Pedia sempre que sua mãe fizesse tranças em seu cabelo escuro castanho, mas apenas no lado esquerdo, o que achava bonito. Hertha se perguntava se o filho era mal humorado até perceber que sua boca caída era uma característica forte sua. Tendo o rosto encarnado e com fortes expressões, era gentil para aqueles que compartilhava algum sentimento, sendo esse alguém sua mãe, Hertha. A mesma sempre dizia que sua cicatriz avermelhada que cruzava o supercílio esquerdo e descia até uma parte da maçã do seu rosto era ocasionada de um corte que o garoto fez em si mesmo durante uma brincadeira com uma faca, quando pequeno.
A mesma, desde que Dalibor pudesse andar, treinou o filho nas artes do duelo nórdico que se baseavam em corte rápidos e estocadas. As cotas de malha de aço tornavam os cortes um tanto ineficazes, mas graças à um manual escrito por um dos Herr de Halieetus, (morto certamente) que Hertha pilhou em uma das expedições, demonstrou ser mais útil do que meros desenhos em folhas. Boldrug traduziu para a mulher os escritos que para ela eram confusos. O manual revelou-se mais útil do que esperara e descobriu a importância das estocadas em um combate e por anos praticou tais artes.
E para Dalibor a mulher ensinou. Reverberando todas as suas técnicas e filosofias por trás da esgrima. Cotidianamente usava tranças para que seu cabelo dourado e um tanto rebelde não atrapalhasse em seus treinos com seu jovem filho. Apesar de sentir muito frio e notar que o rapaz não, usava linho e lã de ovelhas. Para períodos mais frios ainda, capa que cobria todo o corpo até o tornozelo. Não poderia deixar de ensinar ao garoto a semeadura e a colheita, tal como mostrava na prática as estações certeiras para que os grãos crescessem. Esse nunca tivera sido o forte do garoto, que até aquela idade não se importava com o serviço de fazenda. Apesar disso, tinham alguns grãos como aveia, trigo e cevada de sobra.
— Não recue diante de seu oponente, Dalibor. Não demonstre cansaço, fraqueza ou remorso. Se seu oponente estiver derrotado demonstre piedade se a ele isso interessar. Caso não, finalize rapidamente — ensinava Hertha enquanto observava de braços cruzados Dalibor fincar repetidamente sua espada no grande pinheiro que havia nos fundos de sua casa. Com golpes laterais alternados. Direita e esquerda. E então uma estocada precisa. Seus golpes são fortes, pensou Hertha, lembrando de seu marido. Então, notou o caminhar no caminho paralelo à casa.
— Hertha? — chamou Hojurn se aproximando pela lateral da casa. — Aí está você. Dalibor. Como estão? Vejo que treinam. O jovem Dalibor apenas continuou seus golpes, ignorando Hojurn depois de uma boa encarada nos dois.
— Hojurn. O que faz aqui? — perguntou Hertha se aproximando.
— Sigmund fará uma reunião hoje. Fenhur será Jarl e eu, chefe dos Guardas — explicou Hojurn apoiando em sua espada. Enchia-se de orgulho e demonstrava soberba na fala. Seus olhos negros costumavam denunciar seus sentimentos.
— Fenhur!? — Hertha expressou uma surpresa desagradável. — Como esperado. Ele sendo chefe dos Guardas, com o Jarl... quase um ancião. Bom, quem mais seria? Enfim sua bajulação teve retorno.
— É. Talvez não seja tão mal assim. Sinto medo de morrer como um velho caído na desgraça de uma praga — disse Hojurn olhando para sua lâmina. Recordava de seus dias de batalhas. — Fenhur promete que seremos grandes novamentes, não só por sermos donos de terras férteis e sim pelas conquistas de novas. — Hertha deu de ombros. Pouco fez diferença. Os dois fitavam o garoto praticar por um momento.

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𝐅𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐎𝐋𝐀𝐂Ã𝐎 - 𝐕𝐎𝐋. 1
Fantasia#2 - Concurso Story of My Life - Ação/Aventura "A esperança nada mais é do que uma futura frustração. É apenas uma chama que nos mantém acesos, mas, como todas as outras, um dia se extinguirá." Dalibor é um jovem adulto nórdico na Era de Ulfgrand...