Capítulo 21 - Sem Controle

72 7 118
                                    

Dias após o exílio de Magnus

- Hojurn, você acha que tenho me saído bem? - indaga Níog, ao lado de Hojurn durante o treino dos mais novos pela manhã no assentamento. Estava de braços cruzados ao lado de Hojurn, observando os jovens.

- Hã? Sim... tem se saído bem, sim. Por que a pergunta? - indaga Hojurn um tanto surpreso. Sabia que Níog sempre fora complicado e sentimental, mas não esperava este tipo de conversa. Estava com as mãos na cintura, tendo a mão esquerda apoiada no cabo da espada, que descansava na bainha.

- Depois... depois que Magnus foi exilado... eu... não sei como dizer. Por que... aqueles dois são tão estimados? - diz Níog encarando Hojurn.

- Bom, Níog... era notório quando nas vezes que você e Dalibor brigavam na infância, a sua frustração por sempre perder e terminar com um olho roxo - diz Hojurn, olhando para o rapaz que o encara logo em seguida. Finalmente esse rapaz percebeu. Está amadurecendo. Lento, muito lento. Mas está.

- Eu perdia por que era fraco! Tenho certeza que se eu enfrentasse ele hoje eu...

- Não, Níog... Dalibor é ainda mais habilidoso hoje. Você sabe. você ouviu sobre ele de Elmeric... do proceder dele nas batalhas contra Águia Negra - Hojurn falava em um tom sereno, tentando ser compreensivo com o rapaz, que notoriamente se mostrava incomodado.

- Ele pode até ter mais força, mas eu manejo melhor a lâmina! E eu sou filho do Jarl Fenhur e...

- Níog... pare. Você não precisa ser assim. Não vê que é perda de tempo, garoto? Veja, Magnus cresceu vendo todos os outros jovens com pais e mães. Enquanto estava aqui, deu tudo de si. Vimos a evolução dele, mesmo estando sozinho. Você não é aquilo que seu pai quer que você seja. Você não precisa. Seja você, rapaz - Hojurn diz pousando a mão no ombro de Níog, que apenas o encara seriamente. Apesar do conselho de Hojurn, seu ego e orgulho permaneceram fincados como uma doença crônica.

Níog tinha o cabalo aparado, não tão curto. Seu porte era mediano, com uma altura de 1,74. Tinha as pernas ligeiramente arqueadas. Não tinha barba, tendo o rosto liso. Seu olhos eram gentis, porém sempre se voltando a um olhar maléfico quando franzia o cenho. Seu cabelo era dourado como o de seu pai. Seu olho era castanho e sua pele clara. Usava um manto azul único, que ia até o joelho. Ia com um cinto na cintura, botas longas de pele e mais um manto de pele por cima. Em seu cinto estavam sua bainha com sua espada e uma adaga. Tinha a mesma idade que Dalibor.

O assentamento no lago era movimentado, com todos os moradores sendo em grande parte fazendeiros. Alguns saíam para o mar em busca de peixes grandes, enquanto outros apenas cuidavam das hortas e animais. Nas horas de expedições, eram guerreiros.

Níog cresceu totalmente voltado aos livros que haviam no salão. Estava totalmente por fora da vida de Jarl, guerreiro e matador. Até o momento em que Fenhur assumira o posto de Jarl.

A pressão para com o garoto aumentou, o fazendo se sentir obrigado a lutar e estar disposto.

🔸

- Níog! Já ordenei que largasse a porra desse livro! - disse Fenhur ao pegar o filho de fronte para a lareira no meio da noite, lendo as poesias de edda.

- Por que... - Fenhur toma o livro do garoto grosseiramente e aponta o indicador para o alto, frente a face do rapaz. Seus olhos se arregalaram em medo.

- Ouça bem... você é filho de um Jarl! É meu primeiro filho. Não irá ser poeta, fazendeiro, pescador... você irá ser Jarl um dia. Mas pra isso, todos no assentamento precisam aceitar você. Você irá treinar, caçar e aprender a matar. Quero ver sangue nas suas mãos... ouviu bem, garoto? - indaga Fenhur, com uma voz áspera e séria, falando com os dentes cerrados.

𝐅𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐎𝐋𝐀𝐂Ã𝐎 - 𝐕𝐎𝐋. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora