Capítulo 23 - Memórias

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Semanas depois de Dalibor ser encontrado; casa dos Bjorn

Era de noite. O vento soprava forte ali, fazendo os pinheiros dançarem e os pássaros se encolherem. Da janela da habitação, era visível a colina em que o Salão do Jarls ficava. O mesmo estava clareado pelas tochas no exterior.

- Ele já está bem grande - dizia Drukt, enquanto segurava Dalibor por debaixo dos braços. Olhava para o bebê com imensa curiosidade. Sua barba passava na face do bebê, que ria, mostrando uma boca sem dentes. Drukt sorri de volta. A casa era aconchegante, quente e bem iluminada por tochas nas paredes. Eram apenas dois cômodos, sendo um o quarto e o outro uma espécie de cozinha, onde ficavam barris com grãos e farinha, e a fogueira em uma chaminé. Na sala, havia uma mesa de madeira retangular, com 4 cadeiras. Alguns baús eram dispostos em alguns cantos.

- Sim, está. Não sei se é normal ou não um bebê crescer tão rápido em semanas - responde Hertha, sentada na cama de sua casa. Um sorriso preenchia seu rosto ao ver Drukt interagindo com aquele bebê. Seu coração se aquecia, e ficava feliz ao saber que era esse era o homem que se casou.

- Onde será que esse pequeno conseguiu essa cicatriz? - indaga Drukt ao vento. Não que se importasse por medo ou receio, afinal já amava o bebê desde que o achou. Contudo, era extremamente curioso. Desde pequeno, sempre quis saber sobre tudo, não aceitando ser deixado para trás.

Para ele, não fazia diferença. Para Hertha, ainda demoraria um tanto para que se acostumasse. Hertha tem seu semblante mudado para uma pequena preocupação.

- Drukt... você nunca se perguntou o que aconteceu naquele lugar? Não havia ninguém, a não ser destruição. E o Dalibor estava sob uma pilha de rochas... ele parecia ser um sacrifício, Drukt.

- Está tudo bem, Hertha. Mesmo que fosse um sacrifício, agora ele está aqui. Está a salvo.

- Eu sei... o que me preocupa, é... se o Tysur estivesse certo. E se ele tivesse nos amaldiçoado? Talvez... - diz Hertha, não tão confortável com a criança. Ainda demorou para que se acostumasse. E se perguntava se isso valeu a pena.

- Acalme seu coração. É um bebê. Cuidaremos dele muito bem.

- Eu sei disso...

Hertha não gerava leite em seus seios, então pedia para que sua vizinha, Ängriboda, amamentasse Dalibor com frequência. Então, na maior parte do tempo passara seus dias na casa da mesma, até que Dalibor desmamasse. O pequeno garoto mordia o seio com força quando o fazia.

Drukt e Hertha indagavam à sua vizinha se era normal o pequeno nunca chorar pela noite, além de nunca ter ficado doente.

- Turgdson parou de amamentar com cerca de um åres. E também passou a falar pequenas palavras no terceiro måneder - diz Ängriboda, enquanto amamentava Dalibor, que já tinha cerca de 2 meses. Drukt e Hertha se entreolhavam, como quem estranhasse algo.

Os meses passavam, e pequeno bebê agora com 6 meses, já havia desmamado, falado pequenas palavras e dando passos em pé. Isso assustou o casal, pois era tudo muito prematuro. Então, entenderam que seu bebê não era normal. E se acostumavam com isso aos poucos. Drukt tinha a rotina de fazendeiro, planejador e treinador dos jovens junto com Fenhur.

Agora com um ano de idade, Hertha passeava com Dalibor na vila, o deixando andar descalso pela colina, próximo ao Salão dos Jarls. Enquanto Drukt estava em reunião com Sigmund, Hertha e Ängriboda conversavam sobre as colheitas daquele inverno que chegava. Dalibor e Turgdson brincavam ali, com nozes e pequenos bonecos de madeira feitos à mão.

- Você acha que esse inverno será longo? - indaga Ängriboda.

- Os céus mostram que não... se Freya for generosa, ainda conseguiremos colher grãos o suficiente - responde Hertha de braços cruzados, olhando para Dalibor. O bebê andava bem, com muito equilíbrio. Não houve um momento em que Hertha não se perguntava sobre como aquilo era possível: uma criança de um ano estar tão avançada quanto uma de três anos.

𝐅𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐎𝐋𝐀𝐂Ã𝐎 - 𝐕𝐎𝐋. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora