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Quatro meses adiante.

Hayley Marshall

(Barulho de aparelho).

Onde eu estou?

Meus olhos tinham muita dificuldade em abrir, parecia até que eles não queriam abrir.

Uma claridade absurda fez a minha visão embaçar, que diabo de lugar é esse??

— Oh meu Deus!! — Ouvi uma voz estridente. — Enfermeira, enfermeira!!!

Uma enorme movimentação começou ao meu redor, várias pessoas que eu nunca vi na minha vida.

— Senhorita, você poderia me dizer seu nome e idade? — Um rapaz colocou uma luz nos meus olhos.

— ....H-Hayley M-Marshall! — Minha garganta ardeu. — V-Vinte e no-nove anos!

Uma das enfermeiras me trouxe um copo de água, que tomei com certo cuidado.

— Senhorita Marshall, qual é a última coisa da qual se recorda? — perguntou o médico.

— E-Eu Esta-Estava voltando para o hotel, a chuva começou de repente.

Eles se entreolharam.

— Senhorita, isso aconteceu a quase cinco meses, você estava em coma durante os últimos meses!! — Meu coração bateu mais forte, a máquina ao meu lado apitou.

— HAYLEY!! — Gritaram meu nome. — Graças a Deus!!!

Minha família estava ali, minha mãe estava correndo para me abraçar.

— Cuidado Senhora Marshall, precisamos fazer uma ressonância para ter certeza que ela está totalmente curada!  — Alertou o medido, quando ela me envolveu em um abraço.

As lágrimas dela molhavam a roupa que eu estava usando.

— Oh meu Deus, minha filhinha!! — Chorava ela. — Deus nos abençoou, trouxe você de volta!!

O desespero estava estampado na cara deles, e ainda assim, todos pareciam aliviados por me ver.

Será que eu morri e voltei a vida? Por isso todo esse desespero.  Mas também, o médico disse que eu fiquei em coma por CINCO meses, como uma coisa dessas é possível? Eu acabei de sair do restaurante, estava voltando para o hotel.

— Minha menina, nunca mais faça uma coisa dessas!! — disse meu pai. — Eu nunca me senti não invulnerável, você não sabe como foi difícil para todos nós, principalmente para uma pessoa, ele não saiu do seu lado por um único segundo!!

— Ele? De quem vocês estão falando?? — minha voz ainda falhava.

Meus pais e Malia estavam ali, fora eles, não havia mais ninguém. Os enfermeiros e médicos saíram de fininho, para deixar-nos a sós.

— Elijah....ele ficou aqui durante todos esses meses, lutando contra o medo, e ficando do seu lado! — Disse Malia, com um sorrisinho.

Me encostei na cama, um lado das minhas costas doeu, quando coloquei a mão, eles ficaram alarmados.

— Não se preocupem, é apenas uma dor!

— Dor essa, que foi causada pela fratura de quatro costelas, e a quase perfuração do baço!! — falou seriamente, o meu pai. É

Tentei não me assustar com aquela notícia. Minha mãe fez questão de me contar sobre o "acidente" no qual eu acabei me envolvendo, segundo eles, o carro que eu dirigia capotou cinco vezes, e quando eu fui tirada, ele explodiu, por sorte eu não fui junto.
Precisei de cinco cirurgia, e ser posta em coma induzido, mas depois me tiraram dos medicamentos, mas eu não acordei.

Eles deram mais ênfase em como Elijah foi um "querido", e ficou do meu lado esses meses inteiros, rezando pela minha recuperação, e saúde.

Meu coração foi traiçoeiro, acelerando enquanto eles falavam, fazendo a frequência da máquina ficar mais rápida.

— E onde está a minha irmã? — Malia estava penteando o meu cabelo, que havia crescido muito, e passava da metade das costas.

— Ela está de repouso, a nossa segunda netinha nasceu faz cinco dias!!

Meus olhos ficaram marejados.

— Eu perdi........— As lágrimas escorreram dos meus olhos.

Cinco meses? Eu passei cinco meses em coma? Eu não acredito, perdi cinco meses da minha vida por conta da minha mal-criação. Eu sou uma idiota, poderia ter poupado tudo isso, todo esse sofrimento que causei a eles, é tudo minha culpa.

— Não se culpe!! — Minha mãe segurou a minha mão, e parecia ler os meus pensamentos.— Você não tem culpa do que aconteceu, foi um acaso infeliz do destino!!

— Eu fui burra, devia ter dado ouvidos aos seus concelhos!! — ela me abraçou, chorei mais ainda.

Hayley Marshall, a garota mais idiota e burra da história, impulsiva e egocêntrica, que não escuta os concelhos alheios, e se importa apenas com o bem próprio, e isso fez com que eu acabasse onde acabei.

Meus pais e Malia ficaram comigo a tarde inteira, e só foram embora quando eu insisti que eles fossem descansar, os médicos vieram me buscar para fazer alguns exames, e testas os meus reflexos.

O relógio na parede anunciava que já passava das dez, as enfermeiras me trouxeram um jantar, e logo saíram.

Os medicamentos que me deram, fazia a dor não aparecer, mas havia momentos que eu senti a minha respiração falhar, e o peito arder.

Sequelas, malditas sequelas.

A porta do quarto foi aberta, pensei que eram os meus pais, mas não, era ele.

— Graças a Deus!! — Largou a mochila que trazia, e correu até mim para me abraçar. — Meu deus, como eu tive medo de não ver esses olhos verdes mais uma vez!!

Essa frase me impactou em cheio, ele conseguiu me tirar dali por um segundo.

— Como está se sentindo?? — passou a mão no meu rosto, fechei os olhos,aproveitando o toque.

— Não sei, talvez a palavra "bem" não seja o certo a se falar!

Me atrevi a passar a mão no rosto dele, estava diferente, parecia mais maduro que antes, ou talvez seja apenas a barba por fazer.

Mas continua lindo, oque eu odeio, já que não consigo parar de olhá-lo.

— Você deu um susto enorme em todos nós, ficamos com muito medo de perder-te!! — Continuou a fazer carinho no meu rosto, fechei os olhos.

— Me desculpa, eu não queria ter feito isso com todos vocês, me sinto muito culpada!! — a minha voz falhou.

— Você não precisa se desculpar, não tinha como prever que isso ia acontecer, o importante agora é você se recuperar!!

Ele me abraçou, sentir o cheiro dele mais uma vez foi inexplicável, Elijah me traz conforto, e tudo que aconteceu, e como terminou no passado não faz mais nenhum sentido.

No meu coração ele está perdoado, de verdade.

— Sente alguma dor? — Perguntou, cuidadosamente.

— Não, apenas remorso e culpa, mas uma hora vai passar!!

Fiquei a olhá-lo, como alguém pode ser inexplicavelmente lindo desse jeito? Os anos parecem não ter passado e ao mesmo tempo parecem.

Eu confesso, fui uma garota tola, perdi o grande amor da minha vida como água nas minhas mãos, se tivesse uma maneira de voltar no tempo e mudar tudo, eu não pensaria duas vezes.

Eu o amo, sempre vou amar. Esse sentimento nunca se apagou , era apenas uma maneira de tentar esquecê-lo, mas eu sempre falhei, Elijah estava constantemente nos meus pensamentos, no meu coração.

Quando se está nos braços de quem ama, o sentimento parece explodir, e você não tem ânimo algum para controlá-lo, é muito menos forças pra isso.

Parece que uma Marshall sempre precisar ter uma vida conflitante.



(...)

O próximo será o último :)

A Vida Conflitante De Uma MarshallOnde histórias criam vida. Descubra agora