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Hayley Marshall

Agora estávamos um de frente para o outro, apenas nós olhando.

Aqueles olhos negros olhavam tão intensamente nos meus, que pareciam me absorver por completo.

A música parou e nos separamos, aquilo passou de ardente, para vergonhoso, muito rápido.

-- Eu vou ao banheiro! --- Disse me afastando devagarzinho, ele apenas assentiu, me dando as costas e voltando para o bar.

Porque as coisas parecem ser tão complicadas e difíceis pra mim, eu sinto vontade de ir lá e tascar um beijo nele, mas eu simplesmente não consigo, minhas pernas parecem prender onde estou, pesadas como um bloco de cimento.

Perguntei a uma garota onde ficava o banheiro e ela apontou para o andar de cima, aqui, não havia quase ninguém, parecia um espaço muito privado.

Abri cada porta que avistei, mas obviamente não devia ter feito isso.

--- Desculpa! --- Disse para um casal que se pegava dentro do armário de vassouras.

Fechei rápido e fui para a próxima, desta vez, bati antes, mas ninguém respondeu, então entrei.

Era um quarto enorme, os móveis todos de madeira, os lençóis e cortinas tinham o mesmo padrão de cor, azul escuro.

--- Bisbilhotando o meu quarto Hayley? --- Soltei  um grito assustada.

Levei minhas mãos ao peito, sentindo meu coração bater rápido demais.

----Caramba, não se assusta ninguém assim!

Lorenzo soltou uma risadinha.

--- Desculpa, é que você estava tão concentrada em olhar a decoração do meu quarto, que pensei ser o momento certo para dar um susto em você.

Revirei os olhos.

--- Oque faz aqui? --- Que pergunta idiota.

--- Esse é o meu quarto, mas a pergunta certa é, oque você faz aqui?

Me sentei na ponta da cama dele.

--- Estou fugindo do Elijah, mas não diretamente, e sim dos meus sentimentos.

Ele sentou ao meu lado, me oferecendo a garrafa de Bourbon que ele segurava, aceitei dando um gole.

--- Então quer dizer que você tem "sentimentos" por ele? --- Olhou-me.

Meu rosto corou.

--- Talvez, estou aqui nesse momento por isso, pela minha confusão!

Suspirei, sentindo um peso enorme sobre os meus ombros.

--- Como alguém bem-relacionado, oque você pode me dizer?

-- Eu não acho que seja justo que eu interfira nisso, eu sou melhor amigo dele, e também amigo seu. Qualquer palavra minha, pode ser o fim ou o início disso que está acontecendo, você me entende? --- Assenti.

--- Está bem, vou voltar lá.

Levantei da cama, e tentando não tropeçar entre as pernas, procurei por ele.

Avistei Klaus abraçado a Caroline.

--- Klaus, Você viu o seu irmão?

--- Seja mais específica fofa! -- Disse com um sorrisinho.

Revirei os olhos.

--- Elijah! ---- Ele deu um sorrisinho cínico, Caroline o reprendeu com o olhar.

--- Vi ele com a Celeste ali....--- Apontou para um canto em específico.

Celeste? A mesma Celeste que o traiu? Eu não acredito nisso.

--- Eu tenho que ir, se vocês verem a minha irmã, peça para ela pegar um táxi!

Caroline segurou meu braço.

--- Você está bem? --- Ela me pareceu bem preocupada.

--- Estou, estou sim!

Eu defnitvamente não estava.

--- Tem certeza disso?

--- Tenho sim, mas eu preciso ir!!

Sai dali o mais rápido que pude, as pessoas até me chamaram de muitas coisas.

Como eu pude ser tão idiota em achar que entre ele e eu poderia acontecer alguma coisa? É óbvio que não iria acontecer, ele ainda ama a ex, mesmo com todas as coisas que passamos, acho que criei algo na minha cabeça, que existia apenas nela.

Por isso que não tenho esperanças no amor.

--- Hayley!! --- Me recusei a me virar e continuei a caminhar ao meu carro. --- Hayley espera!!

--- Me deixa em paz!

--- PARA E ME OUVE HAYLEY!

--- EU NÃO VOU PARAR, EU NÃO TE DEVO NADA, NEM SEI PORQUE VOCÊ VEIO ATRÁS DE MIM, PODE VOLTAR PRA FESTA, EU VOU EMBORA! --- Gritei sentindo uma raiva enorme crescer dentro de mim.

Nós não temos nada, ele não me deve explicação nenhuma, somos apenas amigos, apenas amigos.

--- HAYLEY PARE DE SER INFANTIL E VAMOS CONVERSAR! --- Parei bruscamente.

Me virei e fui na direção dele, o mais rápido que eu conseguia caminhar, parei em sua frente e o segurei pela gola da camisa.

--- Você me chamou de infantil? -- Tive vontade de mata-lo.

--- Você está agindo como uma criança, porque diabos você saiu desse jeito? Sorte que eu te vi sair correndo, oque aconteceu?

Como é cínico, como se você não soubesse oque aconteceu.

-- Nada, eu apenas tive vontade de ir embora, festas não são algo pra mim, prefiro o silêncio da minha casa! 

--- Você é uma péssima mentirosa! --- Empurei ele, voltando a caminhar na direção do meu carro. --- Espera, me diz, oque aconteceu com você?

Respirei Fundo, procurando forças e dignidade para aquilo.

-- Eu não quero me iludir Elijah, eu nunca tive relacionamento nenhum, não quero que algo assim aconteça, quando o coração da pessoa pertença a outra, eu não estou aqui para ser segunda opção, muito menos consolo emocional. Eu quero ser amada, sentir as malditas borboletas no estômago, ter certeza de que eu amo alguém, a ponto de me entregar a essa pessoa. Eu quero ser a primeira opção, e não um prêmio de consolação! --- Minha voz pareceu falhar. --- Eu tenho o direito de sentir isso, preciso ter a certeza que gosto de alguém, não quero que meu coração seja quebrado, ao perceber que tudo era apenas invenção da minha cabeça!

Senti minha dignidade sendo jogada no lixo.

--- Eu......--- O interrompi.

--- Preciso ir, podemos conversar na segunda!

Sai, dessa vez, definitivamente.

Peguei o meu carro e fui embora, sem olhar para trás, mas algo dentro de mim dizia que ele ainda estava ali.

Eu não estou pronta pra isso, não agora.

























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A Vida Conflitante De Uma MarshallOnde histórias criam vida. Descubra agora