59° Capítulo

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STÉFANI

Com os dias passando assim tão calmo, da até para esquecer um pouco dos problemas que tem nos perseguidos, sem deixar espaço para algum descanso. E eu não estava colocando muita fé nessa nossa temporada aqui com um momento de tranquilidade, estou sendo completamente surpreendida. Nesses dias que se decorreram, podemos dizer que o G.A e Eu estamos conseguindo no suportar, nada mais do que isso. Acho que ele ainda pensa que sou uma infiltrada e eu do jeito que sou, não me importo nem um pouco, então deixo que ele pense o que achar melhor para aquele cérebro sem utilidade. Mas pelo menos não está mais falando em me matar, como se fosse conseguir algo com isso. Palhaço.

Já passavam das dez, quando decidi finalmente sair da cama e ir tomar meu banho e como já virando rotina, a Mi Não estava mais na cama e muito menos no quarto. Ela gosta daqui, se sente bem com todos e por isso não morre na cama, como faz nos EUA, as vezes chego até pensar que ela morreu de verdade, mas quando vou checar, é só sono profundo mesmo.

De banho tomado e higiene feita, sai do banheiro só de lingerie enquanto tirava o excesso de agua dos cabelos. Fui até o guarda roupa e peguei uma calça jeans escura sem detalhes, colada ao corpo, uma regata branca da Mi e calcei um tênis baixo, também branco. Me vestir e em seguida fiz uma make mais do que leve e desci já dando de cara com aquela coisa no sofá da sala.

Stéfani: Amor?! Você abriu a porta ou esse encosto entrou sem permissão?! - Falei alto para que ela pidesse me ouvir, já que deu sinal de que estava na cozinha.

Mirella: Acho que tú ganhou mais uma - Disse me dando um selinho ao se fazer presente na sala e eu apenas fiquei boiando no raso sem entender nada e ela sorriu - Tô falando do apelido carinhoso... Tú foi mais rápida do que eu - Fingir pensar, ato que me fez sorrir. Ela consegue ser muito idiota quando quer - O que nos deixa em um empate de dois a dois.

Stéfani: As vezes eu me esqueço do quão babaca você é - Falei me sentando em seu colo, assim que ela se sentou no sofá de frente para o G.A - Mas não tenho do que reclamar. Ainda não respondeu minha pergunta.

Mirella: Claro, tava focada em rever o nosso placar e esqueci - Disse sorrindo e vi o otário revirar os olhos - Ele sabe o que acontece se invadirem meu lar como fazem com geral por aí e garanto que não é coisa boa.

Biel: Claro que não... Tú meteu bala no pobre do vapor no teu primeiro mês aqui, se eu tiver me lembrando bem - Disse e eu apenas sorrir ao imaginar a cena - Não tô vendo onde tá a graça.

Stéfani: Isso porquê é cego - Falei cruzando os braços - A culpa com certeza não minha.

Biel: Juro que a qualquer hora, vou meter bala para cima de ti - Disse sem exibir ao menos um sorriso, o que significa que Ele está mesmo puto.

Stéfani: Olha bem para minha cara de quem liga para o que você tá falando - Falei exibindo o meu mais sincero sorriso para ele - Se toca babaca... Você só vai conseguir me acertar se for na trairagem, porque se bater de frente... Vai descobrir o motivo de eu carregar o título de melhor agente da CIA, do meu estado - Falei me lembrando de que esse título é dividido com a Gabi, sempre fizemos e ainda fazemos de vez em quando, tudo juntas, deixando aquele escritos no chinelo - Quer mesmo tentar a sorte?

Mirella: Como já sei onde isso tudo vai dar e não tô afim de perder o dono desse morro, até porquê teria que correr para colocar outro no seu lugar - Disse e G.A a olhou com fogo nos olhos, as vezes me esqueço de como a verdade pode doer - Vamos parar essa merda toda por aqui mesmo... E tentem fazer o máximo de esforço para não mataram um ao outro, pode ser?

Stéfani: Não prometo muita coisa... Ele está sempre me provocando - Falei caindo de Costa contra o sofá, deixando minhas pernas sobre o colo dela - E você sabe como eu reajo a provocações.

Biel: E eu não posso fazer muita coisa se essa filha da mãe se acha mais do que os outros - Disse todo seco e eu me virei para ele sorrindo de orelha a orelha.

Stéfani: Eu com certeza não me acho mais do que já sou, palhaço - Falei piscando para ele - Você que não tem o que é necessário para apagar o brilho da estrela aqui - Me levantei indo até as chaves da moto da Mi - Se precisar de mim, dá um toque - Mostrei o celular e ela assentiu - Preciso respirar um ar mais saudável - completei e sair ainda ouvindo a voz irritante do G.A "Tem certeza de que não posso fazer nada com ela?" Só pude sorrir ao ouvir isso. Nem que ele tivesse carta branca, iria conseguir fazer algo. O tempo de me fingir uma moradora qualquer desse morro, já foi para puta que pariu, hoje eu sou o que sou , uma agente e nada mais, então não tenho porque aceitar desaforo sem reagir.

Montei na moto já seguindo caminho para o centro, iria me instalar temporariamente na praia, onde a vi pela primeira vez, depois do baile. Aquele lugar de certa forma me acalma, me faz bem de maneiras que nem sei dizer. Deixei a moto perto de um quiosque ao lado da calçada e caminhei até uma pedra de frente, mas distante, da água. Me sentei sobre ela e deixei que as várias lembranças desse país me invadissem, sejam elas boas ou ruins, só queria poder me lembrar de tudo nos mínimos detalhes, ver como minha vida mudou drasticamente desde a minha chegada aqui pela primeira vez, como consegui me prender de todas as formas possíveis a uma pessoa, tanto que hoje não me vejo sem ela ao meu lado. Se alguém chegasse me dizendo que eu iria conhecer alguém, me apaixonar, namorar e talvez até algo mais, acho que a única coisa que eu iria fazer é meter logo a mão na cara dessa pessoa, dizer com firmeza que isso nunca seria para mim, que prioridade na minha vida é e sempre seria o meu trabalho. Nem nos meus piores pesadelos, me veria nessa situação que estou hoje, mas confesso que estou gostando, saber que tenho alguém com quem posso contar para tudo, que se preocupa em me ver bem, é melhor do que eu jamais poderia imaginar.

Ter alguém sob sua proteção policial é algo bom, saber que estão confiando a vida deles a você e se houver uma única falha tudo se desfaz, é incrível. Mas ter alguém que você ama, sob sua proteção e te protegendo incondicionalmente de tudo e de todos no mundo, nem se compara. E sem nenhuma dúvida, nós estamos nesse parâmetro, onde uma faz e faria de tudo pela outra, sem se importar com os riscos. Ainda revivendo lembranças, fui parar justo no dia em que meu pai me jogou a bomba de que ela era a Sub-dona desse morro.

Jorge: "Vai fazer o quê? Dormir com ele também?"

Quando ele me disse aquilo, doeu. Porque pensar que aquelas palavras saíram da boca do homem que eu mais amo no mundo, não é fácil, mas eu não tinha entendido muita coisa, para mim, ele estava apenas jogando um fato por eu ser mulher.

Jorge: "Como fez com o Sub-dono do morro no Brasil?"

Mas então ele jogou seu complemento e eu entendi tudo. Ao ouvir o que me foi dito e chegar a conclusão óbvia, a primeira coisa que veio a minha mente, foi bater de frente, confronta-la logo de cara e depois encerrar qualquer coisa que já tínhamos vivido até o momento e talvez essa fosse a real intenção dele quando me contou. Mas eu não consegui, me afastei por um tempo, mas não consegui terminar porra nenhuma. Aquela altura o sentimento já falava mais alto, mesmo eu não percebendo muita coisa e ver o estado em que ela chegou na minha casa dias depois só me fez ver que a gente se merece, mesmo do nosso jeito torto e bagunçado. Quem em sã consciência, iria escalar uma janela com o braço quebrado, só para ver uma pessoa que está te ignorando a dias? Pois é, a gente já era trouxa uma pela outra e nem fazia idéia ou não queríamos admitir, acho que essa opção se encaixa melhor.

Fui tirada dos pensamentos pelo meu celular vibrando no meu bolso, assim que o peguei, vi que era uma chamada de Diego, estranhando tratei logo de atender.

Ligação on

Eu: Oi, aconteceu alguma coisa? - Perguntei logo de cara, ele não iria me ligar assim do nada.

Diego: Stéfani, onde está a minha filha? - Perguntou aflito, o que me deixou em completo alerta.

Eu: Em casa, por que? O que está acontecendo?

Diego: Ela pode não estar bem, tentei ligar, mas ela não me atendeu - Disse meio ofegante, devia estar andando com muita pressa - Onde você está?

Eu: Indo atrás dela agora - Falei já indo até a moto, o mais rápido possível - Te ligo depois para dizer qual a real situação.

Diego: Tudo bem, só... Só cuida bem dela.

Ligação off

A Agente do FBI e a Sub-Dona Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora