33° Capítulo

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STÉFANI

Sabia que essa conversa iria acontecer, só não sabia que iria ser tão difícil assim. Tantas maneiras de batermos de frente com a verdade e tinha que ser justo essa? E ainda dizem que o destino não prega Peças.

Stéfani: Por que não atirou? -  Perguntei à olhando fixamente nos olhos - Naquele momento, eu era apenas alguém que te enganou e arrumou para a prisão do seu pai. Tudo o que passamos poderia ser uma mentira, o que não foi... Ao menos não para mim -  Suspirei e ela desviou o olhar - Então por que simplesmente Não seguiu as ordens do seu pai e atirou?

Ainda sem me olhar, se levantou e foi até a sacada, mantendo a porta aberta e de costa para mim, fiz o mesmo que ela e também fui até a sacada me escorando no batente da porta.

Mirella: Por que eu não podia, não posso, não com você - Disse olhando um ponto fixo a sua frente - Não nego que pensei em mil motivos para você estar ali naquela situação, para ter se aproximado de mim - Se virou e me mirou com os olhos - Não podia fazer nada sem antes saber o que de verdade estava acontecendo... Precisava ouvir da sua boca o porque dessa merda toda.

Stéfani: Esse é o mesmo motivo, pelo qual eu não quis te enfrentar Quando soube que você era a Sub-dona do Morro, eu até pen...

Mirella: Eu ia te contar - Disse me surpreendendo - Tinha conversado com o G.A sobre o assunto, dias antes do ultimato do meu pai - Suspirou deixando o seu olhar cair ao chão - Iria abrir o jogo e te fazer minha fiel, mas tive os planos interrompidos pelo grande San Diego - Abriu um sorriso debochado - Quando eu vim embora, eu pensei que nunca mais iria te ver, então Não Tinha o porquê de revelar esse fato sobre mim e quando te encontrei aqui, esse pequeno fato não passou pela minha cabeça um momento que fosse... Quando deixei o Brasil, deixei todas as minhas responsabilidades com aquele lugar, por lá mesmo, não trouxe nada comigo.

Stéfani: Quando meu pai me falou quem você era naquele morro, eu não pude deixar de pensar em uma coisa - Me sentei em uma cadeira ao lado da porta, não queria mais ficar de pé - Foi você quem avisou ao G.A sobre a presença do FBI, não foi?

Mirella: Claro! - Disse firme - Foi a primeira coisa que fiz, quando meu pai me contou, mas não fazia idéia de que você estaria entre eles, muito menos que era uma X-9.

Stéfani: Era meu trabalho Mirella, eu não era X-9.

Mirella: Então como se chama alguém que entrega seus parças por nada?

Stéfani: Eu não entreguei ninguém, aquilo era uma operação, que por sua causa não deu certo.

Mirella: Imagino que não, eles são bons em auto defesa - Sorriu orgulhosa - Vocês não tinham chances.

Me ajeitei sobre a cadeira de modo que não fosse me sentir incomodada com as poucas dores que ainda estava sentindo, nada que ela precise saber. Temos que dar um fim nesse jogo de tabuleiro, deixar todas as jogadas em aberto e chegar a um fim Digno. Ficamos ali por alguns minutos em silêncio total, acho que tentando reorganizar as idéias sem nenhuma trocar de olhares, apenas refletindo, tentando ver o ponto de cada uma, tentar entender e por fim, decidir qual o melhor rumo para ser tomado, seja ele nos entendendo e nos a chance de recomeçar tudo, dessa vez sobre panos limpos ou cada uma seguir com seu próprio caminho. Realmente não faço idéia.

Stéfani: Eu não iria te deixar - Falei do nada chamando a atenção dela para mim.

Mirella: O que você disse? - Perguntou sem entender muita coisa pelo o que pude ver.

Stéfani: Se eu soubesse de quem você é filha, eu não teria aceitado ou me oferecido para essa missão - Fixei meus olhar na imensidão castanha que era seus olhos - Mas também não teria te deixado, a gente passou por muita, coisa Demoramos para nos entender e tentar alguma coisa em definitivo, eu não iria simplesmente me afastar de você, depois de descobrir quem era o cara responsável por você está no mundo... Não dá para fazer isso Mirella, não dá para te deixar assim por tão pouco, não quando você consegue me ganhar por completo - Confessei tudo, finalmente tirando um peso de dentro de mim e foda-se O que meu pai vai pensar, quando descobrir, não me importo com a opinião dele a esse ponto - Mas e você, teria me deixado ou feito qualquer outra coisa, se tivesse descoberto toda essa merda antes de me encontrar naquele galpão?

Mirella: Não... Pediria um tempo talvez, para pensar e fazer as peças se encaixarem, mas não iria te deixar. Seria algo quase impossível de acontecer, depois de tudo o que fiz para conseguir ficar contigo - Sorriu e eu me permitir fazer o mesmo -  Caralho! Até te pedir em namoro, eu pedi!

Stéfani: Então isso quer dizer que a gente ainda está juntas? - Perguntei ansiosa pela resposta.

Mirella: Se é o que você quer... Sim, ainda estamos juntas - Me levantei e abracei bem apertado, algo que aprendi a gostar com o tempo e muito - Não vou deixar nada te acontecer, eu prometo - Disse no meu ouvido e eu me senti mais do que protegida dentro daquele abraço.

Eu posso ser uma ótima policial, a melhor da minha equipe, saber me proteger como ninguém. Mas quando estou junto dela, é quando me sinto realmente em segurança, mesmo com todos os defeitos e agora sabendo de tudo, isso só fez se intensificar ainda mais os meus sentimentos.

MIRELLA


Ficamos tanto tempo presa naquele abraço, que Stéfani acabou adormecendo. Me levantei com ela nos braços, tomando o máximo de cuidado possível, para não acordá-la e a levei até a cama, onde a deitei e puxei o cobertor até altura de sua cintura. Deixei um beijo na testa dela e fiquei por perto, durante um tempo, velando seu sono. Sei que a minha reação não foi o que muitos esperavam, principalmente meu pai. Mas eu não podia fazer aquela merda, mesmo tendo em mente que de alguma forma ela acabou me traindo, não confiando em mim, eu não podia simplesmente matar a pessoa que mudou a minha vida para algo melhor do que era antes.

Papai não vai deixar o que eu fiz ali barato, sei que não vai. Mas tô pouco me fudendo para ele no momento. A única coisa que eu quero dele, é a verdade, saber de onde ele e o pai da Stéfani se conhecem e o que está acontecendo comigo. No máximo eu quero ele bem distante, ao menos enquanto ele pensar em matar a pessoa que eu aprendi a amar. Preciso dizer isso a ela, mas não sei como e nem quando, ela precisa saber que esse é basicamente o único e verdadeiro motivo pelo qual não conseguir puxar aquele gatilho. Lancei um último olhar sobre ela e sai do quarto, descendo as escadas. Nem me sentei, simplesmente me joguei sobre o sofá da sala suspirando alto e em questão de segundos, Sierra se sentou no sofá a minha frente. Estava desenhado na cara dele que o mesmo queria me perguntar alguma coisa.

Mirella: Desenbucha logo cara - Soltei me deitando e mantendo meu olhar no teto - Detesto enrolação e já sabe disso.

Sierra: O que você veio fazer aqui, que seu pai não pode ficar sabendo da localização caso me ligue? - Até estranhei tantas perguntas quando cheguei e essa em especial não estava entre elas.

Mirella: Problemas no paraíso, preciso de um tempo só para mim - Respondi simples, sem ao menos olhar para ele.

Sierra: Então por que trouxe aquela garota, que eu nem faço idéia de quem seja? - Essa curiosidade tá muito estranha.

Mirella: Não é da sua conta - Fui direta e simples, ele não tem porque ficar sabendo de nada.

Sierra: Qual é pirralha, eu te conheço desde que você tinha quinze anos - Não é mentira, mas isso não dá o direito de querer ficar sabendo a biografia da minha vida - Sei que tem coisa estranha aí, sua mãe não teria me ligado sem motivos - Agora ele ganhou minha atenção.

Mirella: O que você disse a ela? - Me sentei olhando para ele - O que ela perguntou?

Sierra: Ela me fez um breve resumo de quais poderiam ser os Motivos que te trouxeram aqui e confesso que não gostei de nenhum deles, mais o último é o que fez mais sentido - Me encarou como se pudesse chegar dentro da minha alma - O que a garota fez Mirella? Sua mãe parecia preocupada e seu pai furioso e ele não tem o costume de ficar assim, pelo menos não com você, o que significa que tudo gira em volta dela - Estava para responder às questões dele, porém alguém bateu na porta., me deixando em alerta e no mesmo momento indo pegar a minha arma.

Mirella: O que você fez cara?

A Agente do FBI e a Sub-Dona Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora