2° TEM. 42° Capítulo

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MIRELLA

Talvez não fosse o melhor momento para isso acontecer, mas ver o sofrimento nos olhos da Gabrielle, me fez lembrar do dia em que o João foi parar no inferno. Stéfani possuía esse mesmo ar de tristeza nos olhos, quando jogou no ar um dos vários códigos que possuímos. Assim como aquele dia, o meu atual estado era deplorável, talvez até pior. As dores que me atingiam eram agudas, porém cabia a mim fazer o possível para demonstrar o contrário, pois não era necessário deixar o porre ainda mais preocupada comigo. Já era o suficiente a culpa que caiu sobre seus ombros devido essa última surra. Mas eu não menti, havia feito uma promessa, é óbvio que sim, mas independente disso, jamais deixaria algo acontecer com ela. Da mesma forma como faço de tudo para manter o bem estar da Stéf, também faço por ela, até porque a mesma significa muito para mim. Apesar dos vários motivos que está sempre jogando para levar um tiro, ela é da família e com a minha família, ninguém tem o direito de se meter.

Depois de mais alguns curativos, a gente acabou por se manter em silêncio enquanto tentava buscar o mínimo de descanso que fosse, mas eu não consegui, passei todo o tempo velando o seu sono, que veio depois de um longo período de tempo, cuidando dos meus ferimentos ou fazendo de tudo para recuperar seu auto-controle. Em todo o tempo em que já tive ao seu lado, nunca havia visto esse seu lado. Nunca pensei que a destemida Gabrielle Prado pudesse ser tão sensível a esse ponto, mas assim como todos no mundo, ela também possuía traumas dentro de si, cicatrizes que jamais se apagariam. Fosse o que fosse, o acontecimento que ativa esse seu lado, possuía a certeza de que as Bays saberiam como ajudá-la, principalmente por saber que talvez não fosse de seu interesse deixar tal assunto chegar até a mim.

Diferente do que se esperava quando se está preso em cárcere de privado, o tempo aqui dentro parecia dar jato supersônico. Pois quando achei que conseguiria fechar os olhos por alguns minutos que fossem, o filho da puta invadiu o quarto, junto de dois de seus homens. Se não fossem as circunstância, Com certeza ele teria um pequeno problema para deixar esse espaço, mesmo com os idiotas ao seu lado, tão bem armados. Eles deveriam me temer mais do que eu poderia imaginar, uma vez que estou a sua mira e ainda sim, uma pistola não era o suficiente, precisavam exibir uma AK-47.

Sulivam: Parece que já está recuperada - Ironizou me analisando de cima a baixo e diante o meu silêncio, apenas fez sinal para que os idiotas ao seu lado fizessem o de sempre e assim eles fizeram. Não tendo o mínimo de sensibilidade, acordou Gabrielle já algemando suas mãos para trás, assim como foi feito comigo - Peço desculpas por aparecer duas vezes no mesmo dia, mas eu preciso que vocês estejam em um lugar mais apropriado para o momento - Disse esbanjando alegria, mas nada o que vinha dele poderia me agradar, nada me importava e não querendo demonstrar fraqueza na frente do mesmo, engoli toda a dor que sentir, quando o filho da puta praticamente me arrastou até a sala de sempre. Percebir que a Gabrielle estava para dizer algo, mas fui rápida em jogar um sinal em pedido de silêncio. O qual ela entendeu e mesmo a contra gosto acabou por ficar quieta - Vocês ainda acham que alguém virá para um resgate? Possuem certeza de que a CIA e a Máfia iram se unir para vir buscá-las?

Era meio óbvio que para ele tudo o que tinha acontecido até aqui não passava da merda de um jogo, um modo para se sentir-se bem com tudo o que o atingiu depois de sua demissão do cargo de tenente, sem remuneração alguma. Estava claro para mim o porquê de ainda estar viva e não poderia ser mais óbvio.

Para ele ter o prazer em me fazer sentir uma dor próxima a sua, era mais satisfatório do que me matar. Por esse motivo se limitava em descontar todo o seu ódio nos golpes direcionados a mim, tendo a satisfação de ver como a Gabrielle se colocava diante de tal situação. Até um cego conseguia perceber que tudo isso era por causa dela, a pessoa mais merda de todo o mundo perceberia que eu daria a minha vida para mantê-la em segurança e quando enfim se deu conta disso, ele não perdeu tempo em jogar suas provocações sobre ela, pois sabia que conseguiria alguma reação e assim o motivo perfeito para direcionar seus golpes sobre mais alguém, mas sendo tudo o que ele queria, sabia que no que dependesse de mim, isso jamais aconteceria.

A Agente do FBI e a Sub-Dona Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora