Capítulo 1- Pietra

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Não pense que as mulheres nascidas na máfia são princesinhas.

Nossa vida é boa sim, na grande maioria das vezes. Temos tudo que o dinheiro pode comprar, devemos ser preservadas, honradas e respeitadas..., mas temos regras rígidas a seguir e respeitar também.

A vida de princesinha mafiosa é apenas uma ilusão.

Mulheres nascidas na máfia, tem suas obrigações, suas funções, seus deveres e devem ser seguidos.

Fidelidade a família, é a primeira delas.

A fidelidade não é só exigida das mulheres, mas dos homens também.

O homem não pode ter uma amante, pois em algum momento, uma das duas ficará insatisfeita ou com raiva e cabeças irão rolar.

Então para que a situação não saia do controle, o homem deve escolher entre a mulher e a amante.

E seja qual for sua escolha, a outra já teve sua sentença de morte, decretada.

As mulheres em nosso círculo, devem ser muito respeitadas.

O ideal é que elas não sejam nem olhadas. Isso serve para mães, esposas, irmãs e filhas também.

Por isso, poucos sabem sobre mim.

Eu sempre estive ali, mas sempre fui uma sombra, escondida, infiltrada no submundo.

Algumas de nossas funções podem ser fáceis, outras mais complicadas.

Em outros tempos, as mulheres da máfia precisavam guardar sua castidade ao homem com quem casaria.

Hoje em nossa família, pelo menos, isso não é usado, não mais.

Mas a mulher, ainda precisa honrar e defender seu marido.

Em nossa máfia, as mulheres têm funções ativas e passivas.

Entre as funções passivas, que nós mulheres precisamos exercer, estão a obrigação de transmitir aos filhos o código cultural de honra e respeito da nossa máfia.

Temos que repassar o código da vingança, olho por olho, dente por dente. E quase sempre, sermos moeda de troca, em casamentos arranjados, com objetivos estratégicos de formar e fortalecer alianças.

Obviamente que, desde que percebi e passei a entender essa diferença em nosso universo mafioso, optei por ter uma função ativa.

No começo, escondia armas, levava ou trazia mensagens, fazia pequenas entregas, administrava pequenas empresas e quantias razoáveis de dinheiro.

Eu era como um office boy, que começa de baixo numa grande empresa e vai crescendo até chegar a um cargo de comando.

Assim cresci na máfia.

Sempre honrando meu pai e meu irmão. Sempre acatando suas ordens e aceitando suas palavras.

Isso quando havia pessoas de fora do nosso convívio, por perto.

Dentro de casa, quando estávamos entre nós, eu sempre me rebelei e de certa forma, sempre conseguia fazer o que queria.

Sempre houve apenas duas certezas para mim.

A primeira eu iria morrer. Mais cedo ou mais tarde todos, morremos. Na máfia a expectativa de vida é menor.

A segunda, eu nunca sairia da máfia viva. Você só sai da máfia morto.

Se, de qualquer forma, eu morreria um dia, porque não fazer o que eu gostava e como eu gostava.

Eu amava estar por cima, me destacar e ser reconhecida. Mesmo quando Francesco não tinha ideia de quem era o "homem" secreto de papai.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora