Capítulo 9 - Pietra

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Quanto mais olhava Lorenzo, mais agonia sentia.

O médico havia dito que ele precisava de exames como, ressonância e raio x para verificar se havia algum dano na cabeça e nos pulmões. O braço quebrado, agora estava no lugar. Haviam tirado a bala e costurado o buraco. O médico achou que colocá-lo no lugar ali, em condições precárias, seria desumano, porém necessário.

Eu não poderia ficar ali no meio do nada, esperando sabe-se lá o que.

Não tinha ido salvá-lo, para vê-lo morrer em meus braços.

E havia Luna, até aquele momento ela estava forte, mas eu via em seus olhos que ela estava pronta para desmoronar.

_ Onde estão os equipamentos? – Enrico entrou perguntando.

_ No furgão, na entrada do primeiro portão.

_ Bom. Deu ordens para sairmos?

_ Sim. Ele precisa de atendimento específico e urgente. Aqui só estamos perdendo tempo. Pedi para arrumarem a van, colocaremos ele lá e seguiremos. Talvez duas equipes tenham que ficar para a próxima viagem.

_ Faremos melhor, solicitei ao piloto verificar as condições de pouso nessa área. Assim ele poderá seguir mais rápido. Consegue esperar ele nos responder?

_ Quanto tempo?

_ Só o necessário para fazer o levantamento, talvez de dez a vinte minutos, ele está a uma hora de carro daqui essa distância diminuirá bem, se ele conseguir aproximar um pouco mais o avião.

_ Sem problemas.

_ Ótimo. Vou separar a Equipe 3 e 4. Você segue com o primeiro de cada uma delas. Eu fico com os outros, estou preocupado com essa história dos russos e quero saber sobre a documentação de Perez.

_ Não. Você não pode ficar sem ninguém de confiança.

_ E você não pode ir, sem ninguém de confiança.

_ Vou com o líder da 3 e o resto fica com você. E não preciso te lembrar que eu estou no comando.

_ Merda. Você não entende...

Luna se levantou de onde estava com seu irmão e tocou o braço de Enrico.

_ Ei... ela tem razão. Você não pode ficar aqui sozinho. Depois que eles estiverem tratados, ficarão mais fortes e perigosos.

_ Também não posso deixar vocês à mercê de uma viagem desse porte, sozinhas.

_ Sabemos nos cuidar. – falou Luna suavemente.

_ Ele também sabia, olha como está agora.

Os olhos de Luna que lutaram bravamente até agora, despejaram a primeira remessa de lágrimas, mas ela corajosamente conteve os soluços e replicou.

_ Mais um motivo para não querermos ninguém mais ferido. Você pede pra checar o transporte quando chegar, o piloto ao que parece já é de confiança ou não estaria aqui por nós. Depois da sua revisão, partiremos. Não teremos grandes problemas depois que estivermos no ar.

_ Sinto muito querida. Não foi minha intenção machucá-la mais. – Enrico puxou Luna para seus braços e falou com uma doçura que eu nunca tinha visto antes, em seguida beijou sua face, suas mãos e se afastou.

_ Vou providenciar a checagem e falar com nosso superior.

Enrico saiu e nos deixou velando o sono turbulento de Lorenzo, que parecia mais morto do que vivo, devido a difícil respiração mesmo com o aparelho. Segundo o médico, algum ponto do pulmão dele deveria ter sido atingido.

Exatos quinze minutos depois, estávamos na van a caminho do campo de pouso na fazenda vizinha, a dez minutos dali. Estava Gus e Mad com a gente. Paul e Eddy ficaram para trás com Enrico e os russos.

Gus voltaria para levar a van. E segundo ordens de Francesco estaríamos voando diretamente para a casa.

Após Mad checar todo o avião juntamente com o piloto, entramos e acomodamos Lorenzo. Eu e Luna tínhamos as instruções médicas e sabíamos o que fazer em caso de dor e desconforto e segundo o médico em caso de uma parada.

Foram as cinco horas e meia mais torturantes da minha vida, mas finalmente chegamos.

Assim que pousamos, Francesco veio em nossa direção com uma equipe e eles assumiram Lorenzo, checando seus batimentos, colocando outra máscara de respiração e providenciando os procedimentos.

_ Que bom que vocês estão bem, minha irmã. – Francesco me abraçou e eu me deixei ficar em seus braços e chorei.

Nós não erámos os irmãos mais carinhosos do mundo, mas quando precisávamos do outro, sempre tínhamos com quem contar.

Ele me deixou ficar lá até que eu me acalmasse. Ficou alisando minhas costas e me confortando.

_ Eu prometo que farei tudo para que ele fique bem. - disse segurando meu rosto e secando minhas lágrimas. _ Mas se ele fizer você sofrer, mato ele com minhas próprias mãos. Venha, precisa tomar um banho, comer e descansar. Ele está em boas mãos agora.

Luna já havia seguido com os outros.

Nem sei quanto tempo tinha ficado nos braços do meu irmão, só sei que pela primeira vez, em muito tempo tinha me sentido frágil e insegura e Francesco foi minha fortaleza naquele momento e eu era grata.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora