Capítulo 25 - Luna

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O tempo era uma merda.

Às vezes você queria que ele voasse, outras vezes queria poder pará-lo.

Nesse momento, eu estava sinceramente na dúvida. Total e completamente confusa, com o que seria certo ou errado a se fazer.

A única certeza que eu tinha, o tempo não esperaria eu me decidir.

Sendo assim, eu não falharia com Pietra.

Se ela não tivesse conseguido se salvar, com certeza tinha conseguido boas baixas, era visível o fogaréu no cargueiro.

Fiz conforme o combinado.

O que considerei o melhor para todos, não somente para ela.

Não pensei muito, não tinha tempo para isso.

Ao virar doze minutos, apertei o detonador.

Essa era a porra da vida da máfia. Ou você matava ou morria e alguns sempre se sacrificavam no caminho.

_ Merda Luna...

Um Enrico todos esbaforido correu para mim, tentando impedir o que não tinha mais jeito.

Sentimos o impacto da explosão agitando as águas em nossa volta e consequentemente desestabilizando o iate em que estávamos. Se aqui o impacto era assim, ao lado dele deveria ser muito pior. Esperava que ela tivesse conseguido.

_ Ela está viva. Eu sei. – falei. _ Agora aproveita a bagunça e tira a gente daqui. Afinal eles devem nadar bem e não vão demorar a chegar até nós, um iate inteiro e funcional. Então vai.

_ Você não está na merda do comando Luna. Nunca esteve. Você é a porra de uma menina mimada, se fingindo de mafiosa. Então para com essa pose de fodona e vai tentar decifrar a senha daquela porta ou seu irmão vai morrer trancado de fome naquela porra. – Enrico falou enfurecido para mim.

_ Merda. – Respirei fundo. _ Sabe Enrico, odeio que gritem comigo, eu não lido bem com isso. Depois dos gritos sempre vem um tapa e daí progride a agressão. –falei calmamente com ele. _ Geralmente sou muito educada e tenho uma resistência duradoura. Mas estou num momento atípico, infelizmente com a tolerância baixa e você ultrapassou os meus limites hoje, então... – mirei e atirei em sua coxa direita. _ Agora, eu estou no comando.

_ Sua.... – Ameaçou a avançar para cima de mim e tomar a arma, mas creio que a dor na perna foi mais forte e ele tropeçou, dobrando os joelhos no chão.

_ Se não parar de gritar e me xingar vou ter que te silenciar.

_ Vai se fuder garota. – Berrou ainda mais alto tentando se erguer.

Fui até ele e dei duas coronhadas bem dadas, como Donna havia me ensinado. Ele caiu no piso apagado.

Aproveitei que estava desacordado e o amarrei todo com uma fita que tinha separado, já imaginando que algo do tipo pudesse mesmo acontecer.

_ Caralho mulher, que merda você fez? Ele é a porra do consigliere da máfia, você sabe né? – disse Luigi chegando correndo, vindo das cabines.

_ E eu sou a porra da pessoa, que usou a arma primeiro. Vai ajudar ou vai levar um tiro também.

_ Vou ajudar. Não por medo de levar um tiro, já vi que é louca mesmo. Mas porque sei que nesse momento, você tem razão, logo eles nos alcançarão. Depois você se entende com ele.

Descemos Enrico para uma das cabines e subimos pra sair com o iate.

Luigi correu e içou a ancora, ligou os motores e ganhamos velocidade.

_ Anda mais devagar Luigi e fica de olho, as vezes ela conseguiu um bote. Se nos afastarmos demais, ela pode não nos alcançar.

_ Tudo bem.

_ Vou ver o que faço com a senha. Fica de olho na água. – Saí, entregando os binóculos que usava para ele.

Desci para suíte de Enrico, onde ele estava todo amarrado e sangrando.

_ Acordou? – ele resmungou algo que eu não compreendi pois tinha colocado fita na boca dele também. _ Vou ver se Irina pode vir te fazer um curativo, fica tranquilo. Não vai perder os movimentos nem nada. Sei atirar para ferir, mas sem atingir nenhum orgão sério.

Sai de lá sem me preocupar com a cara feia de raiva dele. Fui ver meu irmão e Irina, digitei a senha e vi uma Irina tranquila lendo ao lado de Lorenzo que dormia pacificamente.

_ Tudo bem por aqui. – perguntei.

_ Sim. Estamos lendo Orgulho e Preconceito.

_ Hum Jane Austen. Adoro. Mas acho que Lorenzo prefere algo mais dark, mais no estilo mafioso. – Rimos.

_ Ele prefere o que eu quiser ler para ele, ele já vive um romance dark, precisa de algo estiloso, de época.

_ Talvez esteja certa. Mas terei que te atrapalhar, Enrico está ferido.

_ Muito sério? – perguntou preocupada, já se levantando e juntando seus materiais.

_ Não. Mas vou pedir que não solte ele por enquanto. Ele está um pouco agitado.

_ Vou querer saber?

_ Acho melhor não.

_ Okay.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora