Capítulo 21 - Diego

28 9 7
                                    


Ninguém tinha muita ideia do que Don Fernan tinha em mente, quando assumiu o posto novamente, segundo ele, interinamente.

Mas o fato é que o velho sabia das coisas. Enquanto Francesco tinha tino para expandir os negócios e sabia ser cruel com os inimigos. Dom Fernan era cortes e paciente, planejava as coisas sempre nos mínimos detalhes e era capaz de matar o inimigo de raiva e de curiosidade, pois seu semblante nunca sofria alterações.

O complexo seria atacado ao amanhecer, tínhamos interceptado alguns homens contratados por Petrov. Os Basile, tanto o pai quanto o filho, tinham boas relações com todos na região e Francesco tinha sido frequentador assíduo do prostibulo de Loretta, ou seja, a mistura de mulheres e bebidas eram um combo certo para informações valiosas e a família era generosa e protetora a quem lhe era fiel.

Dom Fernan me deu a chance de ir com uma das equipes ou ir embora com minha família, escolhi ficar ao seu lado, devo minha vida a eles, a essa família.

Francesco me adotou ainda na escola, no colégio ele era o fodão intocável e eu era o negro, pobre, nerd, magricelo e esquisito.

Jogar dentro do vaso sanitário e me amarrar pelado nos postes eram "brincadeiras" consideradas leves perto do que eles faziam.

Minha mãe era faxineira na escola, foi me dada a oportunidade de tentar uma bolsa e eu passei, mas nunca pensei que seria tão difícil ficar naquele meio, onde professores e diretores sabiam e simplesmente não faziam nada, afinal para eles eu não era nada.

Um dia, quando eu tinha doze anos, me bateram tanto que eu desmaie no banheiro do colégio. Depois soube que Francesco e Pietra me socorreram e pediram ao motorista deles para me levar ao hospital, uma vez que a direção do colégio fingia que não tinha ocorrido nada.

Depois desse episódio Dom Fernan, foi na escola e teve uma "conversa" com alguns pais e professores, alguns professores sumiram da escola, enquanto outros pais preferiram trocar seus filhos de colégio, mas de modo geral, todos queriam agradar a Dom Fernan.

Para mim e para muitos que sofriam bullyings, foi a melhor época de nossas vidas.

Dez dias depois que sai do hospital, Francesco foi com seu motorista me buscar para ir à escola. Assim, ele me "adotou" e proibiu qualquer um de mexer comigo, ou com os outros, nos tornamos inseparáveis.

De lá para cá dediquei minha vida a agradecer. E obtive muitas recompensas. Dinheiro, mulheres, dignidade e honra.

Depois que entrei de verdade para a máfia, consegui uma situação bem confortável para os meus pais, que achavam que eu estava morto, pois como Fernan Basile sempre dizia, família era um ponto fraco e se quiséssemos eles seguros deveríamos mantê-los ao lado ou o mais distante possível.

Como meu pai jamais aceitou bem a máfia, o jeito era ficar distante.

Para mim tudo bem, eu os via sempre que possível, mesmo a distância, sabia que eles estavam felizes. Eu não podia estar com eles, mas sabia que eles estavam bem, seguros e era tudo que me importava.

Agora eu entendia a importância de tê-los longe, pois nesse momento, meu foco será apenas de defender a senhora Helena Basile, se meus pais corressem perigo isso não seria possível.

Sabendo do ataque que em breve sofreríamos Don Fernan, estava tentando salvar o máximo de pessoas, que ele fingia não se importar, mas que nós sabíamos o quanto aquele pessoal fazia diferença para ele.

Então, assim que soubemos do ataque começamos a nos preparar, deixamos para "sair", somente no último momento.

Estávamos com o complexo pronto para guerra.

Os principais capos foram chamados. Especialmente aqueles em que podíamos confiar e mesmo esses não sabiam de todas as tramas que Don Fernan tinha armado, desconfio que nenhum de nós sabia sobre tudo que o velho planejava.

Não sabíamos quem estava envolvido, mas sabíamos que havia entre nós, algumas maças podres.

Como eles fariam pra entrar não tínhamos ideia, somente algumas suposições e suspeitas. Mas sabíamos que, seria preciso muito poder bélico e muitos de nós morreríamos nessa guerra.

_ Diego? Como está tudo?

_ São sete e quinze Don Fernan. A essa hora, já devem ter saído.

_ Verifique. Se livre dos rastros e de todo o resto.

_ Considere feito.

_ Esteja aqui até as oito, ao que parece o ataque está planejado para as cinco da manhã. Preciso reorganizar algumas coisas. Mad está por aí?

_ Está no galpão três, disse que o senhor precisava de um serviço com urgência e ele foi fazer.

_ Ahh sim... vou falar com ele.

Dom Fernan saiu com seu telefone e eu me apressei em mandar os homens apagar os vestígios da mata e da praia.

Tínhamos apenas 40 minutos para isso.

Saí em busca dos melhores e mais confiáveis para o serviço.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora