Capítulo 45 - Pietra

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Depois de dias resolvendo as pendencias e buscando os achados de Petrov, finalmente estava em casa.

Ficar em casa nunca me pareceu tão angustiante. Eu sempre apreciei a calmaria depois da tempestade, mas agora estava ficando inquieta, irritada, mal humorada e definitivamente, eu não era uma pessoa legal assim.

Enrico já tinha voltado há três dias, disse que Lorenzo estava bem e estava num trabalho para meu pai. Mas sempre que eu perguntava ninguém sabia dar mais informações precisas dele.

Não havia nada, nem uma notícia, principalmente sobre sua memória. Tudo que papai dizia é que logo ele estaria de volta e que ele estava bem. Quem porra um desmemoriado vai fazer em campo. Eu sei que ele perdeu a memória, não as habilidades, mas não se pode confiar que ele vai ficar cem por cento bom se o soltarmos em campo.

Tentei falar com Ethan e apelar para seu lado hacker, mas aparentemente ele era fiel a Donna e ela fiel a Francesco e a papai e mesmo que eles soubessem de algo, não contariam.

Ethan se aproximou muito de Francesco durante o exilio deles e a admiração do meu irmão por Donna e Mia só cresceu com esse tempo que eles passaram juntos. Mesmo Ethan os mantendo presos sabe se lá onde, Francesco entendeu e admirou a fidelidade dele para com a "famiglia".

Eu também os admirava cada dia mais, mas não hoje. Hoje eu odiava tudo e a todos e o pior, estávamos num momento de calmaria, porque um trabalho tenso agora viria bem a calhar.

Suspirei pensando no último trabalho.

Nossa caçada a Petrov havia sido bem-sucedida.

Depois que o matamos, demos um tempo para esfriar nosso rastro e sairmos dali.

Nos dias que ficamos ali, descobri que Luna ao ser raptada, como teste para o irmão havia colocado localizadores, na pele de dois dos homens principais de Petrov.

O localizador era um tipo de spray que não saía e com a ajuda de Ethan, foi fácil encontrar os homens de Petrov.

Qual não foi nossa alegria, ao saber que um dos homens com o localizador era nada mais, nada menos que o subchefe russo. Donna, Luna e Diego fizeram um ataque e quando eles saíram, eu os peguei por trás de surpresa.

No meio da bagunça que se formou, depois da matança, achamos diários valiosos guardados a sete chaves. Esses diários continham informações de locais e pessoas importantes. Eles continham todo ou quase todo inventário de Petrov. Ou seja, além de informações de outros possíveis inimigos, Petrov tinha itens que valiam pequenas fortunas.

Por coincidência ou sorte um desses locais que armazenavam itens valiosos, estavam bem próximos a nós e Diego providenciou novos homens, tanto para ajudar no carregamento de todos os materiais encontrados, quanto para guardarmos o lugar.

Foram horas surreais.

Petrov tinha um espólio de itens incríveis e de muito material de outras máfias. Havia outros diários destinados a cada máfia, cadernos de pagamentos, caderno de mortes, caderno de estratégias, tantas coisas que ficava impossível avaliar o que seria útil ou não.

Então, Francesco determinou que deixássemos num galpão específico, pois até que tudo fosse analisado, não podíamos correr riscos de nos expor.

Não sabíamos se entre os itens encontrados, havia bombas ou escutas, ou quaisquer outros riscos.

Depois disso, deixamos tudo nas mãos de um dos homens de Diego e voltamos ao complexo.

O fato era que as coisas caminhavam muito bem, mas as horas passavam cada vez mais rápido e nós continuávamos sem notícias de Lorenzo.

_ Vai virar planta? Faz umas três horas que está sentada aqui, olhando para o sabe-se lá o que. Nada ainda? - quis saber Donna.

_ Ainda não. Achei que você estivesse com Ethan e Enrico. Talvez eles tivessem notícias.

_ Não. Eles estão com Francesco decidindo algumas coisas sobre o espolio de Petrov.

_ Fala mulheres. – Chegou Luna com um pente na mão, penteando e balançando o arco íris que era seu cabelo. _ Nossa o que houve? Aconteceu mais alguma coisa? Todo mundo com essa cara de enterro.

_ Não Lu, não aconteceu nada. – Não queria deixá-la preocupada.

_ Okay. Então porque essas caras de velório. Devíamos comemorar. Afinal estes foram bons dias, não foram?

_ A Pietra está preocupada com o Lorenzo, Luna. Enrico e Luigi já estão aqui, mas ele ainda não deu notícias.

_ Ele está bem. Ouvi quando Dom Fernan atendeu o telefone agorinha mesmo dizendo que Lorenzo tinha conseguido passar no teste e que já estava trabalhando num servicinho.

_ Achei que estivesse no banho. Então estava com meu pai?

_ Sim. Falei com ele assim que chegamos, há quase uma hora atrás e depois fui para o banho.

_ Nem eu vi meu pai ainda.

_ Eu também não vi Dom Fernan.

_ Bom, ele me chamou logo que cheguei, vocês já estavam a caminho dos seus quartos.

_ O que ele queria com você.

_ Estou indo fazer um treinamento também, mas aparentemente é diferente do que o Lore está fazendo.

_ Então você aceitou.

_ Claro que sim, Donna.

_ Estou surpresa, que nem se quer pestanejou.

_ É isso ou ficar a vida inteira fazendo serviços meia boca e andando no meio dos outros, esperando e dependendo da proteção de vocês.

_ A outra opção seria não ser da máfia, Lu. Papai e Francesco permitiriam você sair, já falaram sobre isso.

_ Dom Fernan me deu essa opção. Vou dizer a vocês o mesmo que eu disse a ele. Eu faria o que, lá fora sozinha? Ainda que Ethan me desse uma nova identidade, uma nova vida. Ainda que eu tivesse dinheiro, um emprego razoável... Em que momento eu poderia estar com meus irmãos, com vocês? Quando poderíamos nos reunir como família? Porque se isso acontecesse eu seria um alvo, ou faria deles e dessa família um alvo. Isso claro, se eu pudesse estar com vocês, mas pelo que ouvi por ai, provavelmente teria que cortar relações com todos.

_ Talvez aqui, pra você seja bem pior Lu. Aqui é matar ou morrer.

_ Eu sei Donna. E eu resolvi que, vou matar e morrer ao lado dos meus irmãos. Ethan nunca vai te deixar. Francesco nunca vai deixar Mia ou você ir embora. Lorenzo nunca vai deixar Ethan ou Pietra. E você nunca vai deixar Francesco, Mia ou Ethan. Logo, minha única alternativa é nunca deixar vocês. E depois, eu meio que gosto dessa vida de ser fodona.

_ Vem cá sua doida.

Puxei Luna e Donna para os meus braços.

A lógica de Luna tinha razão. Mas ainda assim, mesmo que eu soubesse que ela ao nosso lado seria muito melhor e ela estaria muito mais feliz e segura. Eu ainda a via como uma menina travessa e doce. Nem mesmo Donna com a carinha de adolescente me deixava tão mexida quanto Luna.

_ Okay. Chega de dramas, vamos comer que Helena pediu pra chamar vocês pois ela mandou preparar um rango de responsa.

Puxei elas pelas mãos e fomos de encontro ao casarão.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora