Se apaixonar era a merda das merdas, eu sempre soube disso. E eu definitivamente nunca fui a garotinha que se via apaixonada, com seu príncipe ao lado.
Definitivamente eu não era essa garota, ainda mais porque sabia que na máfia havia mais sapos que príncipes.
E eu vinha caminhando muito bem, sem mais essa merda na minha vida.
Mas eis que um belo dia, um loiro de olhos verdes, de 1.84m, lindo, mulherengo, sem nada a perder e extremamente preocupado em cuidar dos irmãos e dos amigos, aparece e eu caio feito um patinho.
Resisti e fugi de suas investidas enquanto pude.
Mesmo ele jurando que agora só tinha olhos para mim, eu não conseguia confiar, afinal nasci para ser desconfiada.
Mas quando estive perto de perdê-lo, me deixei levar pela porra do coração. Ele quase morreu algumas vezes, na minha frente e eu jurei que lutaria por ele, se ele ainda me quisesse.
E enquanto ele lutava pra viver, eu lutava para salvá-lo dos perigos que nos rodeavam.
Mas agora ele estava vivo e bem, ou quase.
Amnésia. Sério? Que porra era aquela.
Só podia ser castigo.
Eu estava esperando-o acordar fazia tanto tempo, queria tanto ver o carinho que sempre via em seus olhos, mas agora tudo que eu via era a pergunta, quem será essa louca me olhando?
Aportamos em uma ilha, que eu não saberia dizer exatamente onde ficava e obviamente Enrico não daria nenhuma informação. Ordens paternas.
Já era quase meio-dia, viajamos bastante e eu dormi muito por causa dos meus machucados na costa.
Machucados esses que pareciam doer bem menos, se comparados com a dor do meu coração. Eu estava sendo patética e sabia disso, mas porra estava doendo essa merda e eu odiava sentir dor.
Papai havia preparado a ilha para nos receber, havia um quarto hospitalar totalmente equipado, igualzinho ao do complexo, afinal ninguém sabia quando Lorenzo acordaria e do que ele precisaria quando acordasse.
Na ilha havia um casal de caseiros que, pelo que entendi iriam aparecer duas vezes ao dia. Abasteceriam e dariam uma geral na casa, trariam refeições e o resto nós mesmos faríamos. O caseiro só poderia falar com Enrico e nenhum de nós estávamos autorizados a lhes dirigir a palavra.
Eu conhecia bem meu pai e sabia como ele tinha ameaçado aquele casal, então para o bem deles achei melhor evitá-los, como era o desejo de Dom Fernan.
Três semanas haviam se passado desde que chegamos na ilha.
O rádio do iate continuava quebrado, segundo Enrico que não nos permitia chegar perto.
Enrico havia perdido seu comunicador durante a briga no iate e na ilha não havia nenhum meio de comunicação, palavras dele que eu realmente não tinha certeza se eram ou não verdadeiras.
Possivelmente meu pai, já nos considerava mortos e na verdade, era como eu me sentia.
Os testes em Lorenzo eram animadores, mas toda vez que eu estava perto dele, ele parecia incomodado.
Ele me evitava e quando acontecia de nos encontrarmos, ele parecia não saber para onde olhar ou o que fazer.
Era a porra de uma tortura diária.
E eu queria quebrar coisas e também a cara dele.
Parecia que o universo estava se divertindo e dizendo: "Você fez isso com ele consciente, agora aguente!".
Infelizmente ou felizmente, eu era do contra e o universo não ia me sacanear sem uma boa briga.
Eu tinha aprendido a gostar, aprenderia a desgostar.
A matemática era simples pra mim, mesmo que as pessoas dissessem o contrário.
Afinal isso acontece todos os dias, com todo mundo.
O fato é que ficar ali naquela ilha à toa não estava me ajudando em nada, eu tinha que fazer alguma coisa, então tomei a decisão de partir.
E aparentemente, Enrico não aprovou a ideia.
_ Você não pode! Nem sabe onde está Pietra. Tenha a santa paciência. Porque diabos Dom Fernan foi me deixar com um par de mulheres teimosas desse jeito.
_ Veja bem Enrico. Eu não estou pedindo a sua permissão. Estou fazendo uma gentileza e te comunicando um fato. Eu vou partir. Vou voltar ao complexo. Pode ser do jeito fácil, com você me dando as coordenadas, porque eu sei que não há nenhum mapa. Ou pode ser do jeito difícil, eu me perdendo e possivelmente morrendo no mar sem direção.
_ Não caio mais nas suas chantagens e dramas Pietra. Quantos anos acha que tenho?
_ Qual é Enrico? Você está preocupado com o complexo, eu estou preocupada com o complexo. Sem contar que não temos notícias dos outros. Estou a ponto de enlouquecer.
_ Está assim, porque o playboyzinho não lembra de você.
_ Isso também, mas sou mulher o suficiente para assumir o que sinto por ele. Diferente de você, que apesar de estar de quatro, prefere se afundar na raiva ...
_ Vai se ferrar.
_ Viu.
_ Acho melhor eu ir e você ficar. Eu sei o caminho e não terei problemas com o iate.
_ Querido. Você ainda está ferido. Ainda manca e mal consegue ficar em pé durante muito tempo. Imagine uma viagem de barco nessas condições, sozinho.
_ Você também não se recuperou totalmente das costas.
_ É verdade, mas ela não me impede de nada. Os pontos estão limpos e bem cicatrizados e tudo que eu sinto é dor local, que passa sempre que tomo medicamento. Além do mais, você sabe e eu sei que, os caseiros jamais falariam comigo ou com qualquer outro aqui.
_ Pietra. Seu pai me mataria.
_ Não mataria não. Ele te ama como um filho. No máximo ficaria decepcionado com você.
_ Isso para mim é pior que a morte e você sabe.
_ Aiiii Enrico, olha quem está fazendo drama agora. Vou colocar as coisas de uma maneira que fique claro, melhor... transparente. EU. VOU. E. PRONTO. Não preciso e não estou pedindo sua benção. Quer me impedir, me mata.
Dei meu recado e saí. Enrico era um irmão pra mim, mas assim como Francesco a superproteção dele era irritante as vezes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mulheres Poderosas III - Pietra
RomanceNão é fácil ser mulher, agora quando além disso você nasce na máfia, as dificuldades aumentam consideravelmente. Mulheres nascidas na máfia são sinônimos de bons casamentos e boas alianças. Elas devem ser respeitadas por todos, mas sempre será apen...