Capítulo 23 - Dom Fernan Basile

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Entrei sorrateiramente no galpão onde Ieda estava e fiquei olhando sua interação com Mad.

Para mim ele era como Francesco, um filho e me doía na alma vê-lo passar por essa situação.

Para a máfia, ele era um soldado excepcional, sua fidelidade para com a família era incomparável. Mas... como todos nós, tinha no filho, o seu ponto fraco.

Ele já vinha desconfiando de Ieda tinha algum tempo, achava que ela o traia. Claro que ele percebeu que ela usava o filho, toda vez que queria algo ou precisava sair do complexo. Ultimamente, ela nem tentava esconder que estava aprontando algo, estava muito segura de si. Confrontando todos, inclusive com Helena, que era quem tratava as mulheres consideradas da família.

Então Mad começou a ligar as coisas, remexer em seus pertences e graças a isso descobrimos rapidamente, o tamanho da merda em que estávamos.

Ele descobriu nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo. O jogo estava quase no fim, mas não havia terminado.

Interrogar e se preciso eliminar a mãe de seu filho, porém, seria o castigo dele.

Eu tinha preparado tudo para que ele fosse com a mulher e o filho, para uma das ilhas nas quais mandei os outros, mas diante daquela situação, precisei mudar os planos e ele concordou, mesmo sentindo pelo filho.

Eu confiava nele com minha vida, mas ele deveria vigiar melhor sua casa e cortar a cabeça da cobra fora. E infelizmente, ele não fez isso a tempo.

Deixou pequenos sinais passarem despercebidos.

Depois que ele saiu, fui até a porta do galpão e chamei os irmãos Scott.

Meu par de gêmeos mais temidos e sanguinários. Eu adorava a parte do castigo, mas estava sem tempo e sem paciência.

Se ela não quis falar com Mad, que falasse com quem quisesse, desde que falasse.

_ Ieda, quero apresentar os irmãos Scott. Talvez você se lembre deles por seus apelidos Pain e Death. – Me virei para os gêmeos que mantinham o semblante impassível e disse. _ Eu preciso saber quem mais aqui no complexo está com ela. Não importa como vão tirar essa informação, o único adendo é que ela não morra até nos dar isso. Sejam rápidos. Sabem que não temos muito tempo.

_ Eu posso fazer um acordo com você Fernan. Digo o que quer saber e você me poupa a vida, me manda para longe desse inferno, nunca mais irá saber de mim.

Me aproximei lentamente de Ieda e a olhei nos olhos.

_ Mantenha o respeito. Ninguém, nem mesmo aos meus filhos, eu permito me chamar de Fernan. – Ela abaixou a cabeça, parecendo ruborizar, mas continuei. _ Olhe para mim Ieda, nos meus olhos. – Assim ela fez. _ A hora de negociar acabou. Não me importo com você, nem mesmo me importo se dirá ou não. Eu sei quem é seu amante, ele ainda está solto porque eu preciso que ele abra o portão, conforme o combinado. Mas não pense que ele irá escapar. Eu e você sabemos que aquele menino Kassius, não é filho do Mad, mas do seu amante que não quis assumir. – Seus olhos ficaram escuros de raiva e medo e eu continuei sorrindo. _ Dentro da minha casa, eu finjo não ver ou não saber, mas os que são leais a mim, serão até o fim. Então, a pergunta que faço é, tem certeza de que seus aliados aqui dentro, estão realmente do seu lado, ou assim como você, só representam um papel?

_ Se já sabe de tudo, por que não me mata de uma vez?

_ Primeiro, porque estou testando a lealdade e a veracidade do que eu ouvi, depois porque torturá-la será um prazer a parte.

_ Se eu disser o que quer saber, me dará uma morte rápida?

_ Isso depende do quanto eles acreditaram em você.

_ Cada um de nós, tem um chip embaixo do braço. Eles monitoram nossas atividades e nossos ritmos por ele. Sabem se estamos nervosos, ansiosos ou mortos. Também sabem exatamente nossa localização.

_ Quem tem esses chips?

_ Umas dez pessoas espalhadas em pontos estratégicos do complexo, em sua maioria mulheres.

_ Diego... – chamei e ele entrou no galpão. _ Providencie para mim um porco, rápido.

Dois minutos depois Diego voltou com um pequeno porco que tínhamos ali para criação.

_ Pain... o chip dela.

Pain a olhou e ela levantou a axila mostrando onde o chip se localizava. Enquanto Pain retirava o chip eu fazia uma pequena abertura no porco, o suficiente para colocar o chip. Assim que o chip foi colocado no porco fiz um pequeno curativo para mantê-lo no lugar e pedi a Diego que deixasse o mesmo na casa de Mad e o trancasse no quarto.

_ Agora Ieda, estou esperando os nomes.

Ela começou a falar os nomes e a função de cada um.

Das pessoas que ela havia dito, muitos nós já tínhamos conhecimento, mas não certeza, então circulavam livres, apenas com uma vigilância extra disfarçada.

_ Conforme combinado, para não dizerem que não tenho palavra... sejam misericordiosos e acabem logo com isso.

_ Dom Fernan, se me permite... – Death falou finalmente olhando para Ieda.

_ O que foi Death?

_ Ela está escondendo algo, veja as feições, os olhos, a postura... existe algo que ainda não foi dito.

_ Ieda?

_ Na..não... disse tu..tu...tudo.

_ Pain? Concorda com seu irmão?

_ Com certeza. Existe mais nessa confissão, ela está muito simplificada e foi muito rápida.

_ Okay. Ieda, você teve sua chance.

_ Rapazes, ela é toda de vocês.

Me levantei e saí do galpão. Eu sabia quem eram os traidores, mas não tinha ideia de que havia chips... Primeiro a marca de gado e agora isso. Eu estava ficando velho para tanta loucura e inovação, ainda bem que Francesco era o Dom, ele lidava melhor com a tal da tecnologia, mas ele não estava aqui agora, então... era melhor eu resolver tudo depressa.

Saí apressado com Diego em meu encalço, tinha que dar um jeito naquele monte de chips espalhados pelo meu complexo.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora