Capítulo 47 - Pietra

24 7 0
                                    

Finalmente Lorenzo voltou...

Eu já estava há muito tempo surtando, pra lá de angustiada.

Eu soube o que ele tinha ido fazer, depois de muita chantagem feita com Enrico, mas não adiantou de nada afinal eu não teria mudado seu destino.

Assim que Francesco soube que o avião estava pousando no complexo, tratou logo de acordar e avisar a todos nós.

Corremos todos para lá, ansiosos. Mesmo que ele não se lembrasse de todos nós, mesmo que ele não se lembrasse de mim, mesmo que eu tivesse que contar a ele cada coisinha ou situação que passamos nesses últimos tempos, eu faria.

Eu não queria mais ter medo, nem ficar chateada, muitos menos nessa aflição que eu estava. Ele acordou, abriu os olhos, saiu da cama onde quase morreu, eu só queria estar ao seu lado, aproveitar os momentos e agradecer.

Ele poderia não me querer mais da forma que ele queria quando tinha memória, mas se ele tinha se interessado uma vez, se interessaria novamente.

Luna me disse algo tão certo e tão verdadeiro que era difícil esquecer. "O outro não é obrigado a adivinhar suas dores e seus desejos, quer que o outro saiba... então, comece a falar."

É um tapa na minha cara... sim é. Mas a maluquinha tinha razão.

Criamos tantas expectativas em cima da outra pessoa que, acabamos por nos decepcionar.

Se apenas aceitássemos o que temos e trabalhássemos com aquilo que podemos, tudo ficaria mais fácil.

Era isso que eu estava disposta a fazer, desde o momento que fiz birra e deixei ele pra trás naquela ilha.

Eu queria coisas que ele nem sabia e eu também não tinha dito. Ou seja, eu queria simplesmente que ele adivinhasse meus pensamentos, desejos e vontades. Isso simplesmente é irreal, não existe. Mas tinha me prometido que se ele quisesse teríamos tudo e eu falaria cada coisa, cada vontade e cada desejo.

Por isso agora, quando ele está com os braços em volta do meu corpo, sussurrando no meu ouvido que se lembrou de mim, meu corpo todo entra em um delicioso frenesi de alegria.

Infelizmente apesar de estar aqui, ele não parece muito bem. Ele parece ter emagrecido um pouco e está muito queimado pelo sol.

Enrico vem até nós pega Lorenzo e joga ele nos ombros. Ele suspira, mas não reclama.

Bailey nos encontrará no caminho, mas Enrico e os outros decidem levar ele até o quarto. Enquanto tiramos sua roupa, mesmo dizendo que ele podia se virar, permitiu que fizéssemos dele um boneco, se permitindo ser jogado pra lá e pra cá. O tempo todo ele mantém um meio sorriso no rosto e seus olhos estão constantemente grudados no meu.

Quando as roupas de Lorenzo saem, seu corpo parece que passou por diversas experiências.

O corpo inteiro está coberto de uma vermelhidão sem fim. Braços, pernas e torços parecem ter sido contaminados por uma espécie de brotoejas, pois estão totalmente empipocados.

Há diversos ferimentos, superficiais na pele. Há um rasgo maior e aparentemente mais profundo na panturrilha e a calça naquela parte precisou ser cortada para não ferir mais.

Mas os seus pés..., seus pés estão em carne viva. Bolhas crescidas e bolhas que foram estourando. A faixa enrolada nos pés, estava grudada e era somente sangue e pus.

Ele estava desidratado e parecia dolorido, mas seu semblante era feliz.

_ Vou tratar seus ferimentos e te dar algo para dor que, fará você dormir Lorenzo. Amanhã faremos um checkup geral, mas de resto, você ficará bem. Acho melhor descansar agora.

Lorenzo estava com um acesso de soro no braço e mesmo Bailey colocando a medicação ali, ele parecia brigar com o sono.

Bailey saiu e então eu disse.

_ Ei..., descanse. Amanhã volto para te ver.

_ Não ruiva. Não vai. Fica aqui. Fica comigo.

_ Você precisa descansar.

_ Eu não tenho condições de te atacar. Confia em mim. Só preciso sentir seu calor e o seu cheiro, faz dez dias que só penso nisso. Desde que minha memória voltou. Desde que acordei naquela cama e só tinha seu cheiro por companhia.

Como eu disse antes, eu não perderia nada. Fui até closet e peguei uma camiseta que eu sabia que ele gostava muito.

Lentamente tirei minha roupa e coloquei a camiseta. Subi na cama e me aconcheguei ao lado dele.

_ Você tem sorte que eu sou um cavalheiro... – ele sussurrou deixando ser levado pelo sono.

E eu me deixei ficar ali, aproveitando ao seu lado.

Enquanto Lorenzo se recuperava, passávamos os dias conversando e as noites aconchegados e nos apaixonando mais um pelo outro.

Foram dias deliciosos de muita conversa e cumplicidade.

Francesco nos deu alguns dias de folga para que todos nós, pudéssemos estarmos juntos enquanto a poeira abaixava e nossos inimigos percebessem o real valor dos Basile na máfia italiana e o que significaria nos ter como inimigos.

Extávamos todos em uma ilha paradisíaca que nem eu nem Francesco sabíamos que existia, somente papai.

Nos permitimos ficar à toa, sem preocupações (ou quase), afinal Dom Fernan e Luigi estavam no comando.

Ethan tinha suas técnicas de segurança e vigilância que, nunca nos desligava totalmente, mas nos permitia relaxar mais.

Comemoramos o casamento relâmpago de Donna e Ethan, que decidiram passar a lua de mel no iate e alto mar, uma vez que não seria seguro nos separar agora.

Francesco e Lorenzo surpreenderam eu e Mia com alianças de noivado e essa seria a nossa última semana com nossa menina maluquinha, antes dela embarcar em seu treinamento.

Foram duas semanas loucas e deliciosamente intensas, que valeram a pena tudo que passamos nos últimos tempos, nos fortaleceram e nos uniram ainda mais.

E agora nossa família estava fortalecida, completa.

O amor, o sangue, a dor e a máfia nos unia.

E eu não poderia estar mais feliz.

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora