Capítulo 28 - Enrico

25 8 0
                                    


Eu estava num nível mega máster de ódio.

E ainda por cima tinha que ficar de babá de marmanjo.

Na verdade, o que eu sentia era uma mistura de raiva, vergonha e uma pequena pontada de admiração, devo confessar.

Aquela filha da puta, teve a coragem de me peitar e atirar em mim.

E eu, fui um bosta.

Com a arma na cintura, nem se quer cogitei em retribuir o favor.

Como se o tiro não fosse o suficiente, ela me apagou, me amarrou e me jogou na cabine. E ainda tinha a cara de pau de me olhar com a maior cara lavada, como se eu não fosse merda nenhuma.

Garotinha mimada e irritante essa Luna.

_ E aí cara? Melhor? – Luigi falou se sentando nos pés da cama em que Lorenzo estava

_ Vai se fuder Luigi. Por que não fez nada?

_ Fazer o que cara. Eu nem estava perto quando ela atirou em você.

_ Podia ter rendido ela.

_ E levar um tiro também? A garota tem sangue nos olhos, você tem que admitir. Mesmo não tendo nascido na máfia... e depois, ela tinha razão. Isso, você também tem que admitir.

_ Acha que cheguei aonde estou, tomando decisões erradas?

_ Claro que não. Mas as vezes, assim como Francesco, você não sabe escutar. E nem sempre você tem razão.

_ Perdeu o medo também? – disse mais do que irritado.

_ Qual é Rico. Fala sério. Está putinho porque, a mulher que você quer pegar, tem culhões, ou melhor dizendo coragem. Muita coragem. Eu entendo você, mas cá entre nós, ela é muito sexy quando fica assim. Na verdade, não sei se prefiro aquele ar de menininha com os cabelos de lacinhos ou a pose de mulher fodona carregando uma arma.

_ Vai se fuder. Se eu ver você falando dela assim de novo, vou te transformar na porra de uma peneira.

_ Ownnnn ... já estamos assim é? Achei que fosse um lance mais light. Tipo você usa, empresta e depois a gente reveza.

Voei para cima de Luigi, mesmo com a coxa enfaixada, mas ele se levantou depressa da cama e se afastou para o lado, sem parar de rir.

_ Calma cara. Você sabe que eu respeito muito os amigos. Além do que, sou casado e essa garota tem meu respeito. Nunca dei nada para ela. Sempre me pareceu meio avoada, sonhadora, sempre tão doidinha. Mas sério mesmo, ela tem se mostrado muito foda. – Fez uma pausa e voltou a se sentar na cama. _ Agora, você precisa resolver esse seu lance com ela, cara. Precisa resolver essa coisa entre vocês. Você fica lento e lerdo perto dela. Perde a racionalidade, a agilidade, o discernimento. Parece o Francesco perto da Mia. Precisa decidir se ama ou se odeia. Se quer ela, chega junto e resolve. Se não quer, evita porque ela é protegida e você vai acabar se encrencando.

_ E o que você entende disso?

_ Eu sou casado há três anos sabe disso né? E namoro a mesma mulher, há uns dez, onze anos, isso conta?

_ E isso te faz um expert?

_ Não. Isso me faz entender que eu não posso e nem preciso, vencer todas as batalhas, quando se trata da minha mulher. Me faz perceber que quando eu escuto o que ela fala, mesmo quando não concordo, consigo fazer ela me ouvir também e chegamos num acordo. Me fez entender que, ter uma parceira é muito melhor do que ter alguém só para transar. Que mesmo com essa vida louca que temos, é ótimo chegar em casa e ter alguém. Ou mesmo ter, pra quem voltar.

Acho que ele tem razão, embora eu não tenha a mesma experiência de relacionamento que ele.

Fico quieto porque nem morto vou dizer isso em voz alta. 

Mulheres Poderosas III - PietraOnde histórias criam vida. Descubra agora