Desejo Interrompido

139 13 1
                                    


Agosto de 2002

-Draco, acho que você recebeu uma coruja.

-Ah?

O homem pálido saiu de sua mesa e foi receber a coruja na janela, curioso quanto ao seu conteúdo.

Dawlish viu o rosto de seu colega ficar cada vez mais branco e abriu o pequeno armários as suas costas, procurando uma poção para animar que queria ter a mão caso o homem desmaiasse.

Draco não chegou a desmaiar, mas sentou-se na cadeira e olhou fixo para a parede a frente. A coruja não parecia estar esperando uma resposta, voou assim que o homem desamarrou o pergaminho de sua pata.

- Draco, são más notícias? É Astória?

Dawlish não era exatamente amigo de Draco, mas dividiam um escritório há anos, e ele sabia que a mulher de seu colega tinha a saúde frágil, embora não soubesse direito o que a afligia.

- Não, Astória está ótima. Deve estar em seu escritório.

-É meu pai, vão soltar meu pai- ele continuou, baixinho.

Dawlish estremeceu e sentiu o estômago revirar-se. Aquele homem tinha causado uma série de problemas para seu irmão mais velho.

-Achei que ele ia ficar preso por mais tempo - ele falou, com a voz dura. Todo o coleguismo sumiu, de repente, aquele homem pálido era apenas um Malfoy, uma ameaça.

-É, eu também achei. Ao que parece, houve uma revisão da sentença - Draco estava alheio a mudança de sentimentos de seu colega, por enquanto. Ele voltou a sua bancada e tentou concentrar-se em seu trabalho.

- Talvez seja melhor você ir para casa, Malfoy. Não queremos nada explodindo por aqui, não é?

Draco ergueu o rosto exangue para o colega, sem realmente vê -lo. Depois baixou os olhos para as mãos, fitando os frascos que tinha nos dedos e os pousou na bancada.

- Você tem razão. Obrigada Dawlish – ele continuou, com uma voz agradável e impessoal, que não parecia a sua.

O homem não respondeu e Draco pegou sua maleta, mas não foi para casa diretamente, foi ao escritório de sua esposa, alguns andares acima.

Seu escritório estava cheio e ele viu que sua esposa trocava palavras com uma moça de cabelos negros e lisos. Draco a achou vagamente familiar, mas não pode atinar com seu nome, e seguiu para a mesa de sua mulher.

- Astória - ele a chamou, e sua voz saiu estrangulada.

Ela se levantou rapidamente, ouvindo a apreensão do marido.

Draco não pode deixar de lhe contemplar a figura. Astória tinha os cabelos ondulados cortados na altura do ombro, num corte elegante. Estava mais roliça e suas bochechas cheias estavam coradas. Seus lindos olhos violetas estavam brilhantes de preocupação no momento, que ela procurou esconder de sua visitante.

- Chang, você conhece meu marido? Draco Malfoy.

Ela fez as apresentações e o homem lembrou-se dela na época da escola.

- Chang - ele acenou com a cabeça, incapaz de vestir sua habitual máscara de desdém.

A bela mulher a sua frente deu um sorriso polido, fingido.

-Claro, éramos do mesmo ano em Hogwarts. Malfoy, como está?

Ele torceu a boca e quis falar que estava bem, mas teve medo de que a voz não saísse, ao invés, lhe deu as costas, sentindo que talvez fosse chorar ali mesmo.

Expiação - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora