Escolha!

103 9 0
                                    


Fevereiro de 2006

Astória estremeceu sentindo as pequenas mãos de Pippa lhe massageando as costas. A loção em que a elfo tinha embebido as mãos era meio oleosa e cheirava à meias velhas.

- Pippa, sei que a poção ajuda com a dor, mas me deixa enjoada...

- Se o mestre Draco soubesse ele faria uma poção do seu agrado. - a elfo retorquiu, com sua vozinha fina - Por favor senhora, conte ao mestre Draco, já está na hora.

Astória negou com a cabeça, balançando-a com selvageria. Não contaria ao marido. Não ainda.

- Quando pretender contar a ele, senhora? Acho que ele está ficando desconfiado...

Astória tinha inventado uma dúzia de motivos para brigarem no último mês, para que não partilhassem a cama. Sua barriga de cinco meses já estava bem visível, então ela tinha que se concentrar em um glamour o tempo todo, e isso, aliado à falta de sexo e todos os cansaços normais de uma gestação, estavam lhe estressando em demasiado.

Pippa secou as mãos com sua magia e pediu que ela se virasse.

- Está usando o creme que a medibruxa passou para a senhora? – ela perguntou, sorrindo enquanto afagava a barriga inchada da bruxa.

Astória confirmou silenciosamente. Ontem tivera consulta no St. Mungus. A curandeira a avaliou e constatou que estava tudo bem com ela e com o bebê. A mulher fechou os olhos e se lembrou da orbe amarelada que surgiu quando ela lhe apontou a varinha.

- Escute o coraçãozinho, senhora Malfoy...

Uma batida rápida se estendeu por todo o cômodo.

- 142bpm, perfeito.

Ela mexeu mais a varinha e sorriu.

- Veja, ele está chupando os dedos.

Astória olhou deliciada para a representação mágica de seu útero, vendo o bebê se mexer lá dentro.

- É um menino, não é? – ela perguntou, com a voz chorosa.

- Ah, que olhos rápidos a senhora tem-

- Na verdade, é por causa do contrato de casamento, só se tem meninos na família de meu marido...

A médica pareceu sem graça. Ela era nascida trouxa e essas coisas que os puro-sangue faziam ainda a assustavam um pouco. Ela mexeu a varinha mais pra baixo e apontou para uma parte

– Veja, isso aqui é o pênis dele. – ela riu quando a mãe fez um som de espanto.

Astória passou a mão pela barriga e falou com o voz suave.

- Que menino grande você é, querido...

- Ainda sem nome? – a médica perguntou, divertida – o pai ainda não opinou?

- Ainda não – respondeu a mulher, triste.

O som da lareira a tirou se suas reminiscências e ela se levantou rapidamente, se escondendo nua no banheiro. Pippa aparatou para a cozinha, em pânico.

- Tory? – A voz de Draco soava triste – não precisa se esconder, ouvi você aqui em cima.

Ela continuou em silêncio, se olhava no espelho e acariciava a barriga, se sentindo descontente.

- Eu te trouxe um presente...

- Não quero seus presentes-

- Tory, o que está acontecendo conosco? Sequer sei o motivo da última briga, se ao menos você conversasse comigo...

Expiação - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora