Exigências

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31 de setembro de 1999

Astória ia morrer de tédio. Era o dia oficial de seu noivado com Draco. A casa estava inteiramente decorada com flores roxas e folhagem verde, parece que seriam as cores do casamento, mas ela não saberia dizer, não fora consultada em nada.

Ela e Draco haviam conversado o mês inteiro por coruja, trocando duas, até três cartas por dia. Conversavam de coisas leves, com o propósito de se conhecer. Estava consumida pela ideia de ficar a sós com seu noivo, imaginou que conseguiria em sua noite de noivado, mas ali estava ela, há trinta minutos, ouvindo sua futura sogra tagarelar sobre quais seriam suas obrigações depois do casamento.

A festa estava vazia. Embora tivesse mandado mais de duzentos convites, ninguém confirmou presença. Estavam presentes somente os noivos, seus pais e Daphne que veio junto com o marido, que também era amigo de Draco, mas este não conseguiu que sua família também comparecesse.

Eles tiveram um suntuoso jantar, com vários pratos, mas de que Astória pouco provou. Seu noivo ainda estava muito magro e ela não queria se destoar dele no altar.

Voltaram ao grande salão. Draco colocou uma aliança de ouro branco e uma grande esmeralda engastada em seu dedo. Ele sorria, um sorriso polido e falso, mas não disse uma palavra. E enquanto o elfo ia oferecendo cálices de xerez ou pedaços de bolo, Narcisa continuou seu monólogo.

- "O quarto de vocês está sendo reformado, também uma sala para seu uso particular, Astória, e terá que cortar os cabelos depois do casamento, não é de bom tom uma mulher casada com cabelos tão compridos, também poderá renovar seu guarda-roupa, e todas as joias da família estarão a sua disposição e ..."

Astória meramente sorria e concordava, os olhos baixos, como que boa menina que sempre fingiu ser. Astória nunca conseguia nada com confrontações, esse simplesmente não era seu estilo. Seu pai estava contente, sua irmã analisava o grande salão, dando pitacos em uma futura reforma, mas Draco não deixava de olhar seu rosto, procurando sinais de descontentamento.

- Agora, se me dão licença, preciso discutir uns detalhes de ordem mais íntima com minha noiva. – ele disse, de súbito, como se pudesse ler seus pensamentos.

Draco se levantou em meio a fala de sua mãe, a deixando suspensa, e fez um gesto com a mão, convidando Astória a segui-lo. Todos caíram em um silêncio constrangido e Daphne soltou uma risadinha preocupada.

Ele a levou a uma sala pequena e aquecida, parecia ser um escritório. Uma grande lareira soltava fagulhas no centro do cômodo e Astória se dirigiu a ela, agradecida, passando as mãos nos braços nus. Estava mais frio que ela supusera que estaria ao escolher a roupa.

Ela usava um vestido verde de alças finas e decote quadrado. O colar que ele havia lhe dado brilhava em seu colo e ele a olhou com desejo. Ele podia ver que ela tinha braços finos e seios pequenos, sua pele era perfeita, não tinha marcas ou cicatrizes, sequer sinais de nascença ou mesmo sardas. O vestido marcava sua cintura muito fina e abria solto, muito elegante, até a metade das canelas, escondendo o que teria ali por baixo.

Draco se serviu de uma bebida e sentou-se, sem a convidar para participar do mesmo.

- Não gosto que use esse tipo de roupa, mostrando tanta pele, terá que rever seu guarda...

Ela riu, com deboche.

- Não, Draco. Não ditará o que devo ou não vestir, fazer, ou sentir - ela disse, olhando a lareira - sabemos muito bem os termos de nosso casamento, ele não durará muito, e não pretendo ser subjugada esses anos que passarei com você - ela agora o olhava, com os olhos caídos - é a minha reputação, não a sua, que está em jogo aqui.

Expiação - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora