Epílogo

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Narcisa foi enterrada dia 10 de novembro. A comunidade mágica em peso a prestigiou nessa última despedida. A própria ministra da magia estava lá. Era a terceira vez que Hermione frequentava a mansão Malfoy e queria muito que fosse a última, mas uma olhada para sua filha consolando o jovem Malfoy lhe indicou que possivelmente ela teria que voltar muitas vezes, ela deu um pequeno suspiro e levantou os ombros. Aquela era uma batalha que ela não precisava lutar.

As matronas representantes das Sagradas Vinte e Oito estavam lá, todas elas. Draco ficou lívido quando viu madame Goyle secando o rosto, em uma tristeza fingida. Seu ex- amigo tinha recebido uma sentença de vida em Azkaban e ele duvidava que sua mãe estaria aqui se não fosse pelas aparências, afinal, o depoimento deles foi crucial para que seu filho nunca mais visse a luz do dia. E ele merecia mais, pensou Draco, lembrando-se de que ainda aquela semana sua mulher havia acordado chorando com os traumas que aquele idiota lhe impôs.

Potter estava ali, junto com a família e Draco se viu feliz por isso, seus filhos eram bastante amigos e ele viu como estavam dando conforto a Scorpio. O menino mais velho, James, era bastante alto e tinha os cabelos bagunçados como os do pai, mas as feições em seu rosto eram de sua mãe, já o outro menino parecia-se tanto com o pai quanto seu filho parecia-se consigo mesmo, e era simplesmente estranho ver os dois garotos tão amigos e não pela primeira vez, ele se perguntou se poderia ter sido amigo de Potter na escola, e em como sua vida seria diferente.

Mas seus próprios amigos também estavam presentes, Zabini estava com Finch-Fletchley, de mãos dadas, com o foda-se ligado aos cochichos e as más línguas, provenientes quase todos da rodinha de velhinhas. Theo estava com Daphne e suas filhas, Delilah e Desdêmona, que estavam bem tristes. Elas não tinham avó e Narcisa fez esse papel, de muito bom grado, para as meninas. Até Pansy apareceu. Draco viu somente seu perfil aristocrático no enterro, e quando viu seu rosto inteiro no chá que seguiu o funeral, já na mansão, teve um sobressalto. Ela estava usando um tapa olho.

- Parkinson, não a vejo há...

- Desde seu julgamento. Como vai Draco?

Seu cabelo negro e lustroso estava amarrado em um coque elegante na nuca e, tirando o olho que faltava, ela tinha uma boa aparência.

- Zabini me falou que você havia procurado sua avó, foi ela quem... – Draco comentou, entrando no assunto de uma vez, fazendo um gesto vago com a mão em direção ao seu rosto.

- Uau, sem nenhuma preliminar. Achei que seu jogo tivesse aprimorado com todos esse anos de casamento- ela brincou, desconfortável - mas sim, foi o preço que ela me pediu, e quer saber? Hoje sabendo o que sei, teria feito o mesmo negócio e dado, talvez não o outro olho, mas quem sabe alguns dedos.

- E o que você pediu, Pansy, que valia tanto?

Ela apontou para um menino bonito, de uns três anos, pouco mais que um bebê, que fazia birra no colo de um homem alto e barbudo.

- Deu certo. E já tem outro aqui – ela colocou a mão ternamente na barriga – eu não conseguia conceber antes disso... eu engravidava, mas não evoluía...

- Parabéns, ele é lindo. E parabéns por esse aí também – Draco fez um gesto vago em direção a sua barriga - Então, é verdade mesmo. Fiquei com medo de... – ele deixou escapar um pequeno suspiro esperançoso.

- Você está com medo de ter sido tudo para nada – ela disse, tomando um gole da xícara que estava segurando e dando um sorriso de satisfação – Blinky ainda está por aqui? Ela fazia os melhores chás, não sei o que ela faz de diferente, mas são sempre tão...

- Sim, ela está por aqui, era o elfo de mamãe, está devastada pela perda de sua senhora– Draco coçou a cabeça, irritado pela súbita mudança de assunto – tentei liberá-la, mas mesmo assegurando que iria contratá-la depois, ela não aceita de modo algum...

Expiação - DrastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora