Capítulo 32- Nate

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Um ataque de pânico.

Um ataque de pânico foi responsável por todo o choro e sofrimento da minha bebê.

-... Sr. Nataniel, o senhor está me ouvindo?

Balanço a cabeça, voltando ao presente.

-Sim doutor, estou ouvindo.- Engulo em seco tentando me concentrar no psicólogo.

-O ataque pode ter sido causado por algum gatilho esterno ou interno, como um sentimento forte de abandono ou medo. Entendo que todos tem estado em uma situação de estremo desgaste e ansiedade mas no momento a saúde mental da sua filha tem de ser prioridade máxima. Vocês já conversaram com ela sobre a adoção?

Não, nem sobre a adoção, nem sobre a polícia e muito menos sobre tudo que aquela pseudo família planejava fazer com ela. Será que tenho mesmo de fazer ela passar por isso?

-Pelo silêncio do senhor irei presumir que ainda não tocaram no assunto.

Suspiro.

-Sinto muito doutor, é que tem sido tudo tão difícil. Estamos tentando dar um passo de cada vez.

Dessa vez quem suspira é o psicólogo.

-Entendo que tocar no assunto pode ser desconfortável, mas como profissional devo te dizer que quanto mais demoramos pra contar algo difícil pior fica.

-Eu entendo...

Conversamos mais um pouco antes de desligar, ele passa recomendações de cuidados que podemos tomar para evitar futuras crises e pede para que tentamos ver qual gatilho desencadeou essa. Desligo o telefone, mordendo a ponta do dedo, preocupado. Sei bem o que desencadeou esse ataque, acordei com o barulho da TV e vi como a Nana procurava de canal em canal por cada notícia, não foi preciso pensar muito pra saber o que ela procurava. Não queria ver ela passando pelo sofrimento de descobrir o quê planejavam fazer com ela mas não aguento mais vê-la pensando que a sequestramos.
Eu só quero dar amor pra ela!

-Nate? Amor o que o psicólogo falou?

Respiro fundo, me virando para meu parceiro. Eu sei o que preciso fazer.

-Henri, precisamos conversar com a Nana. Contar tudo pra ela!

Ele assente e se aproxima de mim calmamente, segurando meu rosto com as mãos. Olho dentro de seus olhos azuis, sentindo toda sua calma, me dando forças. Ele se inclina, beijando minha testa suavemente.

-Vamos contar tudo a ela.- Sussurra.- Mas não hoje.

-M-mas amor...

Ele se inclina novamente, beijando as maçãs do meu rosto. Suspiro, sem forças pra discutir.

-Ela está cansada, querido. Eu à coloquei na cama e está dormindo. Você também está cansado, todos estamos.

Assinto sem conseguir colocar em palavras. O quê eu poderia fazer? Ele está aqui beijando cada pedacinho do meu rosto e me olhando com esses olhos lindos. Estou indefeso.

-Isso não é justo.- Resmungo fazendo bico.

Ele ri, sorrindo torto e me rouba um beijo me fazendo corar.

-Todos nossos problemas ainda estarão aqui amanhã, o que acha de aproveitarmos hoje?

Traço a linha forte da mandíbula dele com as pontas dos dedos, subindo até seus lábios finos e rosados. Ele tem razão, nossa pequena está dormindo e amanhã será um longo dia, talvez realmente devêssemos aproveitar o hoje.
Mordo meus lábios sorrindo, percebendo que o loiro está prendendo a respiração, como se estivesse com medo de eu recusar. Dou risada o puxando pra um beijo.

Não preciso dizer mais nada, amo esse homem mais do que tudo e ele sabe bem. Vamos para nosso quarto sem mais nenhuma palavra e deixamos tudo isso de lado. Todo o estresse e as questões que temos de enfrentar amanhã. Por hoje são apenas toques e gestos.

E muito amor.



Daddy's PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora