Quando vi Ana entrar pela porta da cafeteria todas as lembranças ruins vieram voando para a minha mente e eu não sabia como reagir.
No momento em que ela parou na frente do balcão sorrindo para mim, senti meu coração acelerar de nervosismo. Assim que ela começou a puxar assunto comigo, eu quase fui correndo para os braços de Lisa. Não conseguia me sentir confortável perto da garota a minha frente e a única coisa em que eu conseguia pensar era quando Elisa estaria de volta ao meu lado para me acalmar.
Pode parecer como algum tipo dependência, mas na situação em que eu estava, a minha última saída era a companhia da Lisa.
Assim que vi a expressão de choque e raiva no rosto da garota que eu estava apaixonado ao ver Ana, senti meu coração afundar. O meu lado protetor entrou em alerta assim que vi os olhos de Lisa brilharem com lágrimas. Queria envolvê-la em meus braços e segurá-la perto de mim até que qualquer preocupação sua fosse embora.
Quando Lisa foi para a sala de descanso buscar água, fui até a mesa em que Ana estava sentada lhe entregar seu pedido. Minha intenção era apenas entregar a comida e me afastar dela, talvez conversar com minha irmã e as amigas dela e da Lisa, ou apenas voltar para trás do balcão. Mas quando ela me viu chegando perto, ela se levantou da cadeira que estava sentada e completou os passos que faltavam entre nós.
Estávamos muito perto um do outro. Meu cérebro gritava para que eu me afastasse, mas meu corpo não obedecia ao comando. Faziam três anos que não ficávamos tão perto um do outro e eu estava feliz com Elisa, embora ainda não estávamos juntos, então não planejava ficar tão perto de alguém além dela.
Conseguia sentir Vitória, Dayana e Millie nos encarando e eu estava mentalmente implorando a elas que fizessem algo. Não sei! Afastar ela de mim, entrar no pequeno espaço entre nós, me puxar para longe. Qualquer coisa!
Façam alguma coisa! Por favor!
Ana se aproximou mais de mim, agarrando meu rosto, me impedindo de fugir dela, e grudando nossos lábios.
Eu fechei os olhos com força para me controlar e não a empurrar para longe de mim de um jeito agressivo que, provavelmente, acabaria com ela se machucando. Não queria ela perto de mim, não queria seus lábios nos meus, mas eu também não queria a machucar.
Em nenhum momento meus lábios responderam ao beijo apaixonado de Ana e, como instinto, minhas mãos foram para os braços da garota na minha frente na intenção de afastá-la, mas ela estava insistente em tentar empurrar sua língua para dentro da minha boca, tentando aprofundar o beijo.
Todos os meus sentidos automaticamente desligaram na intenção de fazer passar logo toda essa situação forçada em que eu me encontrava, mas no meio de toda essa dormência escutei a porta da sala de descanso dos funcionários se batendo com força. Eu sabia que era Elisa e aquilo fez com que meu coração se despedaçasse. Eu sabia que ela ia ver aquela cena e ia se sentir machucada. De novo. E me destruiu por dentro saber que eu seria o motivo de sua dor.
Não éramos um casal, mas de algum modo estávamos juntos, então, com certeza, toda aquela situação a machucaria.
Acho que Ana entendeu que eu não ia corresponder a sua paixão no beijo, porque logo depois da porta bater ela se afastou de mim, olhando para mim com lágrimas nos olhos, como se fosse ela quem foi forçada a beijar outra pessoa, e foi embora sem dizer uma palavra.
Fiquei por um instante congelado no lugar. Fechei meus olhos e respirei fundo. Minha vontade era chorar naquele exato momento. Senti meus olhos ardendo com as lágrimas chegando, mas me recusava a chorar enquanto Lisa estava no fundo da Le Café, provavelmente, mais chateada do que eu e implorando por alguma explicação.
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O amor (não) existe
RomanceDuas pessoas podem verdadeiramente se amar? Elisa acredita que não, e acha impossível algo ou alguém mudar seu pensamento. Até que ela conhece Lucas que a mostrará o amor verdadeiro.