Capítulo 8: Lucas

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Sério, Lucas!? Tinha que ter falado que você era todo dela? Tinha que ter dado um beijo na bochecha dela?

Depois que as amigas da Lisa foram embora eu fiquei remoendo todas as minhas ações, me arrependendo completamente de ter feito o que eu fiz.

E se eu ultrapassei os limites? Será que ela ficou desconfortável com o que eu fiz?

E se ela percebeu que eu gosto dela, mas ela não sente o mesmo?

Eu queria que ela confiasse em mim, e, depois, eu ia mostrar para ela que o amor verdadeiro existe e que nem todos os homens são babacas igual o ex dela. Mas e se, depois de toda a palhaçada que eu fiz, o meu "plano" for por água abaixo?

Tentei agir o mais naturalmente possível, mas não conseguia parar de pensar em como seria o clima constrangedor no carro quando eu desse carona para a Elisa no final do dia.

Quando chegou a hora de ir embora e nós entramos no carro, tentei não demonstrar que estava envergonhado, mas acho que ficou claro pelo silêncio que se instaurou entre nós dois.

Comecei a ficar completamente desconfortável e decidi quebrar o gelo com uma das coisas que eu mais amo.

- Tem algum problema se eu ligar o rádio para ouvir alguma música? – Eu perguntei, torcendo para não ter deixado transparecer o meu nervosismo.

A Lisa estava encostada na porta e parecia que estava dormindo, mas consegui ver seus olhos abertos. Tive medo de ela não estar bem e eu não ter percebido mais cedo.

Estendi o braço e encostei minha mão na sua coxa exposta, apertando de leve para chamar sua atenção.

Ela olhou para mim, meio assustada, então tirei minha mão rapidamente de sua perna e voltei a deixá-la no volante.

- Você 'tá' bem, Lisa?

- Huh? 'Tô', 'tô'! Só um pouco cansada. Você falou alguma coisa antes?

- Ah! Umm... eu perguntei se eu posso ligar uma música, mas se você não quiser não tem problema.

- Ah, não, pode ligar, sem problemas!

Concordei com a cabeça e liguei o rádio do carro.

Começou a tocar "Dandelions" da Ruth B. e eu, imediatamente, senti um peso sair dos meus ombros. Senti o clima ficar menos tenso.

Chegamos no prédio da Elisa e ela estava prestes a sair do carro, mas não queria deixar ela ir embora sem me despedir, então eu disse:

- Boa noite, Lisa! Dorme bem!

Ela olhou para mim e deu um sorriso. O sorriso mais bonito que eu já vi, que poderia iluminar uma cidade inteira.

- Não tem beijo na bochecha agora? – Ela perguntou sarcástica.

Me senti aliviado ao perceber que ela não ficou desconfortável com o beijo.

- Agora não! Meus beijos são reservados para ocasiões especiais! – Eu disse, estufando o peito e dando um sorriso presunçoso.

- Que pena! Acho que não vou conseguir dormir sem o seu beijo! – Ela disse, novamente, sarcástica.

A Lisa fez um biquinho, fingindo estar triste, e eu tive que me segurar para não beijar ela naquele exato momento.

Com certeza eu corei com o pensamento de sentir seus lábios nos meus, mas ainda bem que estava escuro o suficiente para ela não ver.

Nós dois rimos com o comentário dela, mas preciso admitir que fiquei um pouco chateado que ela não estava falando sério.

O amor (não) existeOnde histórias criam vida. Descubra agora