Capítulo 5: Elisa

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A manhã passou rápido e tranquilamente, tirando as provocações de Lucas.

Coisas como eu ser pequena e precisar da ajuda dele para pegar algo na prateleira mais alta, ou eu não "admitir que precisava dele".

Na hora do almoço, pendurei o avental e fui saindo quando ouvi uma buzina vindo de um carro na frente da Le Café. Olhei para ver o que era, e achei o Lucas no banco do motorista, me encarando pelo vidro do passageiro.

- Entra aí!

Neguei com a cabeça e continuei andando.

Ele me seguiu lentamente com o carro e buzinou de novo.

- Vou te levar até sua casa para trocar sua blusa, e depois, se você quiser, te levo em algum restaurante para almoçar.

- Eu não vou pegar carona com você, Lucas!

- Elisa, entra no carro.

- Não, Lucas! – Eu gritei no meio da rua, parecendo uma criança mimada.

- Elisa, por favor. Entra no carro. Eu prometo que não vou falar para ninguém para não machucar o seu ego.

Eu bufei com o comentário.

- Você promete ser o nosso segredinho? – Eu falei, fazendo um biquinho, mas, claramente, sendo sarcástica e mostrando a minha raiva.

Vi seu olhar desviar rapidamente para minha boca e voltar para os meus olhos. Pensei ter visto ele corar em reação as minhas ações, mas, com certeza, era só coisa da minha cabeça.

- Elisa, entra no carro! – Ele falou, saindo do carro e indo em minha direção na calçada. – Por favor! Entra. No. Carro.

Eu não ia fazer nenhum escândalo no meio da rua e estava cansada de protestar, então entrei no carro e cruzei os braços para ele saber que estava irritada.

Ele entrou no carro sentando do meu lado e dando uma risadinha diante as minhas ações.

Lucas pediu meu endereço para colocar no GPS e começou a dirigir em direção a minha casa.

Ficamos em silêncio por um bom tempo até que ele olhou para mim e falou:

- Por que você não gosta de mim, Elisa?

- Tenho meus motivos. E não se sinta especial. São poucos que eu gosto.

Eu nunca o falaria que fui traída e, depois disso, nunca mais confiei em ninguém e me protegia me afastando das pessoas, ou, até mesmo, nem me aproximando.

- Ok! Você tem motivos. Quais são? Foi por causa do café?

- Olha, eu não vou falar porquê, só acho melhor não criar nenhuma amizade entre a gente.

- 'Tá' bom, então! Seu desejo é uma ordem.

O resto do caminho até minha casa foi silencioso.

Quando chegamos no meu prédio, saí do carro e fui em direção da portaria, deixando o Lucas para trás.

Um pouco antes de eu passar pela porta de vidro, eu ouvi ele gritando:

- Vê se não demora, Elisa!

Não gostei como meu nome inteiro soou, como sempre. Eu não conseguiria aguentar os próximos meses sendo chamada de Elisa, mesmo que se fosse só o Lucas me chamando, então fiz uma nota mental de mudar essa situação quando voltasse.

Fiz um joinha na direção dele, sem olhar para trás, e subi para o meu apartamento. Me troquei e desci o mais depressa que pude para não gastar todo o meu horário de almoço enrolando.

Sentando no banco do passageiro, olhei na direção dele e falei:

- Não me chame mais de Elisa.

Ele olhou para mim com um sorriso surpreso e eu completei:

- Você pode me chamar de Lisa, mas isso não quer dizer que somos amigos. Só não gosto quando me chamam pelo meu nome.

- Ok!

Seguimos o caminho de volta para a cafeteria em silêncio.

Quando chegamos, Lucas virou para mim e perguntou:

- Você quer ir comigo almoçar em algum lugar?

- Pode ser. – Ele fez uma cara de surpresa e eu continuei – Só estou aceitando o seu pedido porque não tenho o que comer e não vou recusar uma carona de graça para algum lugar legal para eu almoçar.

- 'Tá' bom, 'tá' bom! Não precisa implorar pela minha companhia, não, Lisa. Eu sou todo seu! – Ele disse, sarcástico, com uma piscadinha no final, o que fez com que eu revirasse os meus olhos.

Ele me levou em um restaurante perto da Le Café, tivemos nosso almoço em silêncio e, depois, voltamos para o trabalho.

No final do dia, quando eu estava saindo pela posta da cafeteria, Lucas me ofereceu, de novo, carona para casa, alegando "ser perigoso eu andar sozinha a essa hora da noite pela cidade". Estava muito cansada para protestar, então só entrei no carro dele e encostei a cabeça na janela para tentar relaxar um pouco.

Quando Lucas estacionou o carro na frente do meu prédio, me acordou gentilmente dizendo que tínhamos chegado.

Eu agradeci a carona e estava pronta para abrir e porta do carro quando o ouvi dizer:

- Dorme bem, gatinha! Amanhã passo para te buscar, para ver se você não chega atrasada dessa vez.

- 'Tá', 'tá'. Boa noite, Lucas! – Falei meio sonolenta ainda sem entender o que estava acontecendo a minha volta.

- Ah, Lisa! Obrigado pelo encontro de hoje. Me diverti muito. Só senti falta do beijo na porta da sua casa, mas como ainda estamos aqui... – Ele disse fazendo biquinho, indo em minha direção, fingindo que ia me beijar.

Eu coloquei a mão no seu rosto, o afastando.

- Sai fora, Lucas!

Ele riu, uma risada profunda, balançou a cabeça e disse:

- Boa noite, Lisa! Até amanhã!

O amor (não) existeOnde histórias criam vida. Descubra agora