Não sei o que estava passando pela minha cabeça quando decidi segurar a mão da Elisa, muito menos quando eu pedi para continuarmos de mãos dadas, mas, sendo bem sincero, não me arrependo de ter agido de acordo com a minha confiança momentânea.
A sensação de segurar a mão da Lisa era algo novo para mim. Claro, já tinha segurado a mão de outras garotas, mas segurar a mão dela era diferente. Ao fazer isso senti que eu tinha o mundo na minha mão. Nada podia me abalar naquele momento.
Quando passamos pela porta de vidro e entramos na livraria de dois andares, vi os olhos de Elisa iluminarem, e senti meu estômago dar cambalhotas com a visão de uma Lisa feliz.
Millie foi para a estante de fantasia e Elisa me puxou para a estante de romance, que era uma de frente para a outra.
Lisa começou a olhar os livros nas prateleiras como uma criança em uma loja de brinquedos, mas ela não separava nenhum para comprar.
- Você não vai comprar nenhum? – Eu perguntei.
- Não. Eu não tenho dinheiro comigo para gastar com outras coisas além do almoço.
- Pega os que você quer. Eu pago para você!
- O que!? Não! Você não precisa pagar para mim. – Ela falou, chacoalhando a cabeça como se tentasse me convencer a não pagar.
- Eu sei que eu não preciso, mas eu quero!
Ela negou com a cabeça novamente.
- Vai, 'vamo' lá! Eu quero pagar para você. Por favor! – Tentei fazer a mesma técnica da Millie. Olhos de cachorrinho e biquinho.
Ela riu e olhou para mim, como se quisesse ter certeza de que eu realmente estava certo da minha "proposta". Não demonstrei dúvida e ela pareceu ficar mais tranquila em escolher os livros.
- Você pode escolher quantos você quiser! – Eu disse, dando um apertão de leve na sua mão para chamar sua atenção quando percebi seu olhar percorrendo as lombadas dos livros com dificuldade em escolher só um.
- Quantos eu quiser? Você tem certeza!? – Ela perguntou, meio surpresa.
- Uhumm!
- 'Tá' bom, então!
Ela soltou a minha mão para conseguir pegar os livros com uma e segurá-los com a outro, e eu senti a minha mão tão vazia que quase implorei para ela segurá-la de novo, mas não o fiz.
Ela foi empilhando os livros em sua mão e percebi que estava começando a ficar pesado então peguei os livros dos seus braços. Ela olhou para mim e deu um sorriso agradecendo.
Eu estava feliz que a Elisa estava separando muitos livros, pois eu conseguia ver um brilho nos seus olhos que era quase viciante de ficar olhando, como todos os detalhes dela.
Lisa separou vários livros e a conta ficou cara, mas, sinceramente, eu não me importei muito. Eu não sou rico para ficar gastando com livros o tempo todo, mas o sorriso no rosto dela valeu toda a pena.
Almoçamos e voltamos para a cafeteira.
O resto do dia foi tranquilo. Elisa estava mais confortável comigo, e ela e Millie pareciam ter virado amigas. Elas conversaram o dia inteiro e riram também. Fiquei feliz em ver que a minha irmã e a garota que eu gostava estavam se dando bem e também fiquei feliz ao perceber que a Lisa estava mais amigável comigo.
No final do dia fomos nós três no meu carro. Eu no volante, Lisa do meu lado e Millie no banco de trás, as duas conversando e eu aproveitando o som das risadas das meninas.
Quando chegamos na frente do prédio da Elisa, ela e Millie trocaram os números de celular e falaram "tchau". Quando ela olhou para mim eu dei um sorriso e disse:
- Boa noite, Lisa! Amanhã, no mesmo horário, eu 'tô' aqui. Dorme bem, gatinha!
Ela deu um sorriso, inclinou na minha direção e deu um beijo na minha bochecha. Eu surtei internamente, mas mantive a postura.
- Boa noite, Lucas! Obrigada pelos livros! – Ela disse e desceu do carro, indo embora.
Minha irmã pulou para o banco da frente, olhou para mim e riu.
- Você 'tá' corando, Lucas! E muito! – Ela disse, passando a ponta do dedo indicador nas minhas bochechas.
- Ha! Ha! Super divertido, Millie! - Eu disse, empurrando a mão dela para longe do meu rosto.
- "Dorme bem, gatinha!" - Ela disse, imitando a minha voz - Agora, vocês têm apelidinhos, Lucas?
- Não!
- Então quem é a sua gatinha, hein? - Ela disse cutucando as minhas costelas, me fazendo cócegas.
- Millie, eu vou te jogar para fora do carro e você vai ter que voltar sozinha para casa.
- 'Tá' bom, 'tá' bom! Parei! - A minha irmã disse, levantando as mãos como se estivesse se redimindo.
Cheguei na casa da minha mãe para deixar Millie e voltei para casa.
Estacionei o carro na garagem, abri a porta da minha casa e fui direto para o meu quarto. Quando estava pronto para dormir, deitei na cama e no instante que a minha cabeça encostou no travesseiro eu adormeci.
Naquela noite sonhei com Lisa.
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O amor (não) existe
Storie d'amoreDuas pessoas podem verdadeiramente se amar? Elisa acredita que não, e acha impossível algo ou alguém mudar seu pensamento. Até que ela conhece Lucas que a mostrará o amor verdadeiro.