Capítulo 10: Lucas

61 3 0
                                    

Não sei o que estava passando pela minha cabeça quando decidi segurar a mão da Elisa, muito menos quando eu pedi para continuarmos de mãos dadas, mas, sendo bem sincero, não me arrependo de ter agido de acordo com a minha confiança momentânea.

A sensação de segurar a mão da Lisa era algo novo para mim. Claro, já tinha segurado a mão de outras garotas, mas segurar a mão dela era diferente. Ao fazer isso senti que eu tinha o mundo na minha mão. Nada podia me abalar naquele momento.

Quando passamos pela porta de vidro e entramos na livraria de dois andares, vi os olhos de Elisa iluminarem, e senti meu estômago dar cambalhotas com a visão de uma Lisa feliz.

Millie foi para a estante de fantasia e Elisa me puxou para a estante de romance, que era uma de frente para a outra.

Lisa começou a olhar os livros nas prateleiras como uma criança em uma loja de brinquedos, mas ela não separava nenhum para comprar.

- Você não vai comprar nenhum? – Eu perguntei.

- Não. Eu não tenho dinheiro comigo para gastar com outras coisas além do almoço.

- Pega os que você quer. Eu pago para você!

- O que!? Não! Você não precisa pagar para mim. – Ela falou, chacoalhando a cabeça como se tentasse me convencer a não pagar.

- Eu sei que eu não preciso, mas eu quero!

Ela negou com a cabeça novamente.

- Vai, 'vamo' lá! Eu quero pagar para você. Por favor! – Tentei fazer a mesma técnica da Millie. Olhos de cachorrinho e biquinho.

Ela riu e olhou para mim, como se quisesse ter certeza de que eu realmente estava certo da minha "proposta". Não demonstrei dúvida e ela pareceu ficar mais tranquila em escolher os livros.

- Você pode escolher quantos você quiser! – Eu disse, dando um apertão de leve na sua mão para chamar sua atenção quando percebi seu olhar percorrendo as lombadas dos livros com dificuldade em escolher só um.

- Quantos eu quiser? Você tem certeza!? – Ela perguntou, meio surpresa.

- Uhumm!

- 'Tá' bom, então!

Ela soltou a minha mão para conseguir pegar os livros com uma e segurá-los com a outro, e eu senti a minha mão tão vazia que quase implorei para ela segurá-la de novo, mas não o fiz.

Ela foi empilhando os livros em sua mão e percebi que estava começando a ficar pesado então peguei os livros dos seus braços. Ela olhou para mim e deu um sorriso agradecendo.

Eu estava feliz que a Elisa estava separando muitos livros, pois eu conseguia ver um brilho nos seus olhos que era quase viciante de ficar olhando, como todos os detalhes dela.

Lisa separou vários livros e a conta ficou cara, mas, sinceramente, eu não me importei muito. Eu não sou rico para ficar gastando com livros o tempo todo, mas o sorriso no rosto dela valeu toda a pena.

Almoçamos e voltamos para a cafeteira.

O resto do dia foi tranquilo. Elisa estava mais confortável comigo, e ela e Millie pareciam ter virado amigas. Elas conversaram o dia inteiro e riram também. Fiquei feliz em ver que a minha irmã e a garota que eu gostava estavam se dando bem e também fiquei feliz ao perceber que a Lisa estava mais amigável comigo.

No final do dia fomos nós três no meu carro. Eu no volante, Lisa do meu lado e Millie no banco de trás, as duas conversando e eu aproveitando o som das risadas das meninas.

Quando chegamos na frente do prédio da Elisa, ela e Millie trocaram os números de celular e falaram "tchau". Quando ela olhou para mim eu dei um sorriso e disse:

- Boa noite, Lisa! Amanhã, no mesmo horário, eu 'tô' aqui. Dorme bem, gatinha!

Ela deu um sorriso, inclinou na minha direção e deu um beijo na minha bochecha. Eu surtei internamente, mas mantive a postura.

- Boa noite, Lucas! Obrigada pelos livros! – Ela disse e desceu do carro, indo embora.

Minha irmã pulou para o banco da frente, olhou para mim e riu.

- Você 'tá' corando, Lucas! E muito! – Ela disse, passando a ponta do dedo indicador nas minhas bochechas.

- Ha! Ha! Super divertido, Millie! - Eu disse, empurrando a mão dela para longe do meu rosto.

- "Dorme bem, gatinha!" - Ela disse, imitando a minha voz - Agora, vocês têm apelidinhos, Lucas?

- Não!

- Então quem é a sua gatinha, hein? - Ela disse cutucando as minhas costelas, me fazendo cócegas.

- Millie, eu vou te jogar para fora do carro e você vai ter que voltar sozinha para casa.

- 'Tá' bom, 'tá' bom! Parei! - A minha irmã disse, levantando as mãos como se estivesse se redimindo.

Cheguei na casa da minha mãe para deixar Millie e voltei para casa.

Estacionei o carro na garagem, abri a porta da minha casa e fui direto para o meu quarto. Quando estava pronto para dormir, deitei na cama e no instante que a minha cabeça encostou no travesseiro eu adormeci.

Naquela noite sonhei com Lisa.

O amor (não) existeOnde histórias criam vida. Descubra agora