Faziam algumas semanas que o treinamento da Lisa tinha acabado, agora ela era oficialmente uma barista, assim como eu, e estávamos nos dando bem. Ela confiava em mim e eu, nela. Nós nos divertíamos durante o trabalho, mas estávamos lá um para o outro quando precisávamos para assuntos sérios. Sabíamos os limites um do outro e sempre os respeitávamos.
Ela não falou mais sobre o Gustavo, mas de vez em quando ela soltava alguns detalhes para eu encaixar as peças do quebra cabeça por conta própria.
Odiava saber que alguém a machucou. Mas eu não podia fazer nada. Aquilo já tinha acabado. O que eu podia fazer era proteger ela do que viria.
Ela conheceu minha mãe e eu contei sobre o meu pai para ela. Também conheci os pais dela, mas confesso que queria tê-lo feito como seu namorado, não amigo.
Os meses de treinamento dela fizeram com que "fizéssemos as pazes" pelo café que eu derramei nela quando nos conhecemos e durante esse tempo eu comecei a me interessar cada dia mais pela Lisa. Não só porque ela era bonita, mas porque ela era uma mulher incrível, independente, divertida, interessante e, claro, ela era linda.
Continuava indo todos os dias de manhã até sua casa para dar a ela carona para o trabalho e levava ela de volta, no final do dia.
Certo dia, estávamos voltando do trabalho, em uma noite muito chuvosa. Estávamos ouvindo música e conversando. Quando começou a tocar a "Dandelions" da Ruth B., de novo, e a Elisa falou:
- O meu sonho é dançar na chuva.
Eu olhei para ela, meio surpreso por ela ter, do nada, compartilhado algo íntimo como um sonho dela, mas dei um sorriso para ela decidindo provocá-la.
- É? Tipo aquelas cenas de filmes em que eles dançam na chuva e se beijam? Se você quiser a gente pode dançar agora, mas eu também quero o beijo.
Ela riu e empurrou de leve o meu ombro.
- Engraçadinho! Mas sim, tipo as cenas de filme. Só não quero com você e muito menos te dar um beijo.
Eu adorava fazê-la rir. Era um dos meus sons favoritos.
- Eu queria realizar esse sonho com o Gustavo, mas aparentemente ele estava melhor com a Ana. – Ela disse, encostando a cabeça no encosto do banco, fechando os olhos e dando um sorriso, para me sinalizar que estava bem, mesmo falando sobre um assunto que ela não gostava muito.
Eu sabia que ela estava bem em relação a falar sobre o ex-namorado dela, mas mesmo assim o meu lado protetor sempre ficava em alerta quando ela citava o nome dele. Se ela ficasse chateada, eu estaria lá para confortá-la.
- Você nunca me mostrou quem ele é. – Eu disse, curioso.
- Ah! Você quer ver uma foto dele?
- Se não tiver problemas para você. – Eu disse, dando de ombros, para não a forçar a me mostrar uma foto dele.
Ela concordou com a cabeça, pegou o celular e abriu a galeria de fotos. Aparentemente, ela não tinha apagado as fotos de quando eles ainda namoravam.
Quando ela achou uma foto dos dois juntos eu já tinha parado na frente do seu prédio. Ela estendeu o celular e me mostrou a foto.
Era uma foto dos dois rindo, parecendo uma foto espontânea. Nela tinha a Lisa e um rapaz alto, mais alto que ela, com os cabelos castanhos, os olhos da mesma cor, e a pele um pouco mais bronzeada que a minha, o que não era muito difícil já que eu era um pouco pálido até. A Elisa parecia feliz na foto, assim como ele também parecia.
Não fiquei com ciúmes ao vê-la feliz com outro homem, mas fiquei com raiva ao ver que ele a fazia sorrir, o sorriso mais lindo do mundo, brilhante, cheio de vida, mas mesmo assim preferiu machucá-la e tirar esse brilho do seu sorriso. Ele preferiu machucar a minha gatinha.
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O amor (não) existe
RomanceDuas pessoas podem verdadeiramente se amar? Elisa acredita que não, e acha impossível algo ou alguém mudar seu pensamento. Até que ela conhece Lucas que a mostrará o amor verdadeiro.