CAPÍTULO 11

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No dia seguinte Margarete acordou com dor de cabeça. Levantou e foi tomar uma ducha para relaxar e ver se a dor de cabeça passava. A noite anterior foi péssima. Ela brigara com seu melhor amigo e magoara seu namorado. Se é que ela podia chamá-lo assim. Sem muita vontade se arrumou e saiu para o trabalho.

– Nossa! O que aconteceu? – Perguntou Carla. – Você está com uma cara péssima.

– Só estou com dor de cabeça. Mas logo passa. – Respondeu Meg sem vontade de conversar. – Eu vou pra minha sala, caso alguém ligue, marque o recado, por favor. Não estou com cabeça pra atender ninguém.

– Ok. Você quer alguma coisa? – Se ofereceu Carla solícita.

– Não, obrigada. Vou tomar um analgésico e rever os slides da reunião da próxima semana. – Respondeu ela já se encaminhando para sua sala.

– Se precisar de qualquer coisa me avisa.

Margarete ficou na sua sala olhando sem ver a apresentação em seu notebook. Ela não conseguia entender por que a aprovação do Rodrigo era tão essencial. Ela tinha a vida dela e ele a vida dele. Ela também não conseguia entender por que pensar nele se casando a chateava tanto. Era certo que um dia isso aconteceria. Quando o Rodrigo foi contra seu namoro com o William ela pensou nesse casamento. E ela não entendia o porquê desse pensamento. O que tinha a ver uma coisa com a outra?

Depois do almoço Margarete perguntou à Carla se alguém havia ligado. Ela não queria falar com ninguém, contudo, queria ter recebido uma ligação. Era confuso, mas era isso. Saber que alguém queria falar com ela faria toda a diferença.

O dia se passou e ninguém ligou, nem no seu celular nem no trabalho. Nenhuma mensagem sequer. Ela começou a ficar preocupada. E se o que o Rodrigo disse fizesse sentido? E se o William não gostasse dela e estivesse se divertindo apenas? Por que ele não ligou? Não mandou uma mensagem? Ele fora tão frio na ligação. Ou era ela que estava fria? A reação do Rodrigo abalou a Margarete de tal forma que ela não conseguia perceber que era ela quem precisava ligar para o William. Era ela quem precisava tirar aquela má impressão. Era ela quem deixara ele inseguro, acreditando que ela não o queria. E assim ambos terminaram o dia supondo que o outro estava distante e sem interesse.

Se passou uma semana e ninguém ligou para ninguém. Cada um esperando que o outro ligasse. Tirando conclusões sem sentido. Até que em um fim de tarde, quando a Margarete estava voltando para casa, e distraída esbarrou em uma pessoa. Ela foi se desculpar e viu que era o William.

– Oi, Will. Tudo bem? – Cumprimentou ela meio sem jeito.

– Oi, Meg. – Respondeu ele. Seu coração disparou e ele ficou sem ação. Queria abraçá-la. Queria beijá-la, entretanto, ela não o queria.

Margarete estava na mesma situação. Porém, não deixaria a chance de entender tudo aquilo passar.

– Fiquei esperando você me ligar. – Assumiu ela.

Will ficou aturdido. Por que ela teria ficado esperando sua ligação se não queria falar com ele?

– Eu achei que você não quisesse receber minha ligação. Quando te liguei aquele dia você não queria falar comigo e por isso resolvi te deixar em paz. – Disse ele sem entender.

– Imagina. É claro que queria falar com você. – Disse ela tão confusa quanto ele.

– Não foi o que pareceu. Você parecia estar esperando outra pessoa te ligar. Olha, me desculpe pelo o que aconteceu na viagem. Eu entendo se você não quer nada além de amizade. Eu não sabia que você já estava com alguém. Eu...

– Não. – Interrompeu Margarete. – Eu não estou com ninguém além de você. Eu adorei tudo o que aconteceu na viagem.

– Eu não entendo. Por que você estava tão fria então? – Perguntou ele em um misto de confusão e alegria.

Margarete não queria contar que brigou com o Rodrigo, no entanto, não tinha outra opção. O William precisava entender que seu estado de espírito naquele dia não era por causa dele. Na verdade, tinha a ver com ele, mas não era culpa dele.

– Me desculpe. Naquele dia eu briguei com o Rodrigo. – Explicou ela.

– Por que vocês brigaram? – Perguntou ele perplexo. Os dois nunca haviam brigado e desde o primeiro dia em que se conheceram eram inseparáveis.

– Se não se importa, eu prefiro não falar disso. – Desconversou Margarete.

– Tudo bem. Se você não quer falar no assunto eu respeito. – William estava curioso, contudo, não ia forçá-la a falar. Ele estava sem ação agora que percebera que tudo não passou de um mal-entendido e que ela não o rejeitara como havia pensado.

– Você tem compromisso agora? – Perguntou ele.

– Não. Eu estava indo pra casa. – Respondeu Meg. – Você quer tomar um café?

– Quero. – Respondeu ele arrumando uma mexa do cabelo dela que estava solto. Como ela não se afastou ele fez carinho no seu rosto e ela o abraçou.

– Senti tanto a sua falta essa semana. – Disse ela olhando nos olhos verdes dele.

– Também senti sua falta. – Disse ele lhe dando um beijo.

Os dois foram juntos para o apartamento dela após o café. Agora, com tudo esclarecido eles ficaram bem. Estavam felizes no ninho de amor.

No final da semana combinaram de jantar no restaurante japonês que ela tanto adorava. Em meio às risadas e à conversa, Margarete de repente ficou séria. Quando o William virou para ver o que ela estava olhando viu o Rodrigo e a Verônica. E sem saber de nada os convidou para se sentarem junto a eles.

Rodrigo achou a ideia ótima. Assim ele poderia avaliar o que o William sentia pela Meg. Em compensação a Margarete não gostou nada da ideia. Porém, não pôde dizer nada. Ficaria muito chato ela se esquivar. Afinal ela e o Rodrigo eram melhores amigos e, para todos eles, continuavam a ser amigos. Não que eles deixaram de ser amigos, entretanto, a relação dos dois ficou abalada depois da discussão. Ele queria o melhor para sua amiga e a Margarete não via dessa forma. Ainda estava ressentida com ele.

– Que ótimo encontrá-los aqui. – Disse Rodrigo amigavelmente sem se abalar com o olhar que o fuzilava.

– Legal mesmo. – Disse William sem ter noção do que estava acontecendo. – Sentem-se. Ainda não pedimos. Acabamos de chegar também.

– Se importa, Vida? – Perguntou Rodrigo à Verônica.

– Claro que não. Vai ser ótimo ficarmos entre amigos. Temos que aproveitar enquanto ainda estamos aqui. – Disse Verônica se sentando.

– Enquanto ainda estão aqui? – Perguntou Margarete olhando para o Rodrigo. O que ela queria dizer com aquilo? Eles iam viajar? Ele não falara nada para ela. Todavia, eles não estavam se falando, então ela não podia exigir nada.

– Eu ia te contar, mas como não nos encontramos mais não tive oportunidade. – Respondeu Rodrigo ao ver a expressão desentendida da amiga.

– Contar o que? – Perguntou Margarete inquisitiva.

– Quando a Verônica e eu nos casarmos vamos nos mudar. – Respondeu Rodrigo segurando a mão da Verônica.

– Se mudar? Se mudar pra onde? – Margarete estava quase em pânico.

– Sim, vamos pra Brasília. – Quem respondeu foi a Verônica, sem entender o porquê do alarde.

– Pra Brasília? Desde quando vocês estão cientes disso? Quando decidiram? – Margarete não conseguia disfarçar a contrariedade.

Verônica não gostou da forma como a Margarete estava agindo. Ela nunca aceitara muito a relação de amizade entre o Rodrigo e ela. E aquela reação era muito suspeita.

– Sim. Pra Brasília. – Respondeu Verônica com certa irritabilidade. – Qual o problema?

Percebendo o clima que estava ficando, Rodrigo tentou apaziguar as coisas.

– Meg, a Verônica e eu sempre falávamos de irmos pra lá e, como eu consegui uma transferência para o escritório que fica lá, decidimos que, após o casamento, nos mudaremos. – Explicou.

Margarete estava atônita. Como ele nunca falara nada para ela? Ela estava se sentindo excluída. Ela contava tudo para ele. Por que ele escondia as coisas dela? Se sentiu esquecida. 

Seria Acaso ou Destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora