Era sexta-feira e a Margarete já estava com as coisas prontas para ir passar o final de semana na casa do William. Ela estava ansiosa e nervosa. Estava com medo de que essa proximidade fosse acabar desgastando o relacionamento deles, destruindo esse clima romântico, tornando-o cansativo. Na opinião dela estava ótimo como estava. Sempre ouvia falar de casais que estavam uma vida inteira juntos, cada um na sua casa, e, quando resolviam se juntarem, tudo acabava, como se tivessem jogado um balde de água na fogueira. A fogueira seria o amor e a água seria a monotonia.
Como seria quando ela estivesse mal-humorada? Quando quisesse ficar sozinha meditando sobre a vida, apenas ouvindo o silêncio? Onde penduraria as calcinhas para secar? Ele só conhecia as mais bonitinhas que usava quando estava com ele. Essa era uma intimidade que ela não havia pensado antes. Eram tantas coisas que seriam diferentes, coisas das quais ela amava fazer. Ficar jogada no sofá um domingo inteiro maratonando séries, por exemplo. Ele também gostaria daquilo?
Quanto mais Margarete pensava mais ansiosa ficava. Estava a ponto de desistir e falar para o William que ainda não estava pronta. Entretanto, ela usara aquela desculpa dezena de vezes. Queria falar que não iria e pronto. Não precisava ter um motivo específico para ela resolver isso. No entanto, sabia que ele ficaria magoado se ela nem ao menos tentasse. Não tinha jeito.
Assim, fez uma cara de alegre quando ele chegou. William estava tão empolgado que acabou contagiando-a. Fazia bastante tempo que esperava por esse dia. E, agora que realmente seu sonho iria se concretizar, não cabia em si de tanta felicidade.
Para William, morarem juntos como qualquer casal, era o mais natural a se fazer. Ficava incomodado toda vez que precisa se distanciar dela para voltar para sua casa ou quando ela ia embora para a casa dela. Sentia um vazio. Faltava alguma coisa e ele sabia exatamente o que faltava. Ela estando lá ele estaria completo.
– Meg, estou muito feliz por você ter aceitado fazer essa tentativa. Você não faz ideia do quanto eu esperava por isso. – Disse ele carinhosamente quando deixou as coisas dela em seu quarto.
– Eu também estou feliz. – Disse ela sem muita convicção. Meg ainda não tinha certeza se estava tomando a decisão correta, mas a segurança na certeza que ele tinha nessa união fez com que ela pensasse que, talvez, estivesse sendo pessimista ao extremo. Como poderia saber se daria certo ou errado sem tentar. Assim sendo, se desarmou e decidiu viver aquela experiência se entregando de corpo e alma, sem pensar muito no que iria acontecer mais para frente. O que importava era o presente.
William havia separado uma parte no guarda-roupa para Margarete colocar suas coisas. E tentou fazer com que ela ficasse o mais à vontade possível. Ele queria que ela se sentisse em casa. Casa essa que ele considerava dos dois agora. Sua ideia era que ela começasse a deixar as coisas dela ali, sem precisar levar e trazer toda vez que ela trocasse de casa.
– Amor, separei essa parte para você colocar suas coisas e, se precisar de mais alguma coisa, posso comprar para que fique o mais confortável possível. – Informou ele lhe mostrando o aposento.
– Não se preocupe. Está ótimo assim. – Garantiu ela observando o quarto onde passaria a dormir a partir daquele dia.
O apartamento do William, ao contrário do apartamento da Margarete, era muito organizado. Cada coisa estava no seu devido lugar. Ele pagava para uma mulher limpar duas vezes por semana e suas roupas ela lavava e passava uma vez na semana. Ele não ficava muito tempo em casa, então não era muito difícil manter tudo arrumado. Meg não dispunha desse valor para poder pagar uma empregada que fizesse o mesmo por ela, com isso, ela mesma tentava fazer o possível dentro do seu horário disponível e da sua disposição.
À princípio esse fator intimidou um pouco a Margarete. Será que ele era uma daquelas pessoas perfeccionistas que querem manter tudo sempre no lugar? Será que ela conseguiria se adaptar a essa forma de cuidar da casa? Ele ficaria nervoso se ela esquecesse alguma coisa em lugar errado?
Essas incertezas e inseguranças faziam Margarete ficar apreensiva. Entretanto, Will era só atenção e carinho. Não media esforços para fazê-la se sentir em casa.
Tudo aquilo era um pouco estranho para a Margarete porque, desde que perdera seus pais, vivia sozinha. Compartilhar o espaço não fazia parte da sua rotina. No entanto, William estava sendo tão atencioso que não tinha como ela se sentir deslocada. De certa forma estava sendo muito bom aquele mimo, aquele cuidado e preocupação por parte dele.
O apartamento ficava em um prédio com mais andares, em uma rua bem tranquila. Era um pouco maior que o apartamento da Meg. A entrada do prédio dava para uma recepção onde tinha um balcão à direita com uma pessoa que devia ser o porteiro. Os dois elevadores enormes ficavam um pouco à frente seguindo pela esquerda. Ele morava no oitavo andar. Os corredores não eram muito amplos. Havia quatro apartamentos por andar com portas padronizadas em madeira envernizada. A porta do apartamento dele ficava quase em frente à saída do elevador. Entrando se via uma sala ampla, com um sofá em L na cor bege do lado esquerdo, perto da janela que tinha vista para uma pequena praça. A estante de madeira na cor tabaco de fronte ao sofá era grande, mas não tinha muitos objetos. Havia somente a televisão sessenta polegadas, uns quatro porta-retratos, aparentemente com fotos dele com amigos e dois troféus que Will ganhou em uma disputa de futebol em seu tempo de escola. Duas poltronas com o estofado em tema de jornal davam um clima mais descontraído ao ambiente.
A cozinha que ficava ao lado esquerdo era grande o suficiente para uma mesa de madeira com vidro no meio de quatro lugares, um balcão que a separava da sala com dois bancos altos no lado de fora, ficando na sala. A geladeira em inox ficava no canto esquerdo precedida pelo fogão e pela pia, respectivamente. Os armários mesclados em marfim e marrom combinavam com o balcão. No fundo ficava a lavanderia com uma máquina de lavar, um tanque e um armário preto e branco. Seguindo um corredor entre a cozinha e a sala chegava-se à quatro portas brancas, sendo uma do banheiro social, outra do escritório com uma mesa grande preta acompanhada do computar e um arquivo também preto, e as duas seguintes eram quartos, sendo um para eventuais visitas, com um armário pequeno no canto direito e duas camas de solteiro que ficavam uma de frente à outra e na última porta uma suíte com uma cama tamanho king size no centro, ladeada por duas mesas de cabeceira na mesma cor cinza da cama e dois armários com espelho.
Margarete se espantou quando viu o tamanho do armário que ele separara para ela. Na verdade, ele deixara um guarda-roupa somente para ela. O pouco de coisas que ela levara mau enxiam uma gaveta e uma prateleira. Se bem que, como era somente o final de semana à princípio, ela não precisava de tanta coisa, mas, quando fosse levar tudo, o espaço até que seria adequado.
Meg ficou encantada com os espelhos dos armários. Ela jamais se vira de tantos ângulos. No banheiro, que tinha duas pias, tudo estava preparado para recebê-la. Will fez essas mudanças especialmente para ela.
O primeiro final de semana foi ótimo. Bem melhor do que ela esperava. Ele estava sendo tão natural que mais parecia que ela já morava ali há anos. Meg se sentia segura perto dele e essa sensação de pertencimento era o que estava faltando na vida dela. Sensação que ela sequer sabia precisar.
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Seria Acaso ou Destino?
RomansaMargarete esbarra em um estranho saindo de um café e nesse momento começam uma linda amizade. Rodrigo e Margarete se conectaram assim que se viram. Era como se eles já se conhecessem de outra vida, tamanha a química que havia entre eles. Será que de...